Dormir é uma das funções mais básicas e necessárias do corpo humano. Quando fechamos os olhos o organismo descansa e aproveita esse momento para reparar tecidos, consolidar memórias, fortalecer o sistema imunológico e equilibrar hormônios. Apesar disso, o sono de qualidade tem se tornado um artigo raro.
Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), cerca de 73 milhões de brasileiros têm algum distúrbio do sono. Isso representa mais de um terço da população adulta. No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 40% da população já teve problemas relacionados ao sono em algum momento da vida.
Entre os distúrbios mais comuns encontramos a insônia (dificuldade em iniciar ou manter o sono), afetando até 15% dos adultos de forma crônica. Pode haver também a apneia do sono, marcada por ronco alto e pausas na respiração, presente em 30% dos homens e 20% das mulheres acima dos 40 anos.
Existe ainda a Síndrome das pernas inquietas que afeta cerca de 5% da população, causando desconforto e necessidade de mover as pernas durante a noite e dia. Outro distúrbio é a narcolepsia, menos comum, mas impacta diretamente a vida, com sonolência súbita durante o dia. Um estudo publicado em 2023 mostrou que quem dorme mal vive, em média, 5 anos a menos do que pessoas com sono regular.
Muitos acreditam que dormir mal só significa acordar cansado, mas os efeitos e consequências vão muito além do cansaço. A produtividade fica reduzida e as pessoas com distúrbios do sono produzem até 30% menos e têm 50% mais faltas no trabalho. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a segurança fica comprometida e gera 1 em cada 5 acidentes de trânsito.
Dormir menos de 6 horas por noite aumenta em 48% o risco de problemas cardíacos, 30% o risco de diabetes tipo 2 e a saúde mental pode deteriorar, pois a insônia dobra as chances de desenvolver depressão e ansiedade. Crianças e adolescentes que dormem menos do que deveriam apresentam mais irritabilidade, baixo rendimento escolar e até tendência ao isolamento social.
O que atrapalha o sono? O mundo moderno contribui para a piora do sono e de seus distúrbios. Entre os principais vilões encontramos o excesso de telas à noite (celulares, TV, computadores), reduzindo a produção da melatonina, hormônio do sono. Outros vilões são estresse, ansiedade, maus hábitos alimentares, excesso de cafeína, álcool, comidas pesadas à noite, ambientes inadequados (com luz, barulho ou temperatura desconfortável).
Especialistas recomendam adotar hábitos que favorecem o descanso. Eles seriam: 1- estabelecer horário fixo para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana; 2- Evitar telas luminosas pelo menos 1 hora antes de deitar; 3 – Reduzir café, energéticos e álcool à noite; 4 – Praticar atividade física regular, mas não muito tarde; 5 – Transformar o quarto em um ambiente silencioso, escuro e aconchegante.
Não é exagero dizer que quem dorme bem vive mais e melhor. Nos casos em que os sintomas persistem como insônia frequente, ronco alto, sonolência diurna ou pausas na respiração, é importante procurar avaliação médica. O diagnóstico precoce pode evitar complicações sérias, como hipertensão e infarto.
Distúrbios do Sono

Especialista em Nefrologia e Clínica Médica; Membro titular da Sociedade
Brasileira de Nefrologia Professor da Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP); Mestre em Ciências da Saúde Preceptor de Clínica Médica. CRM
892 RQE 386