Muitas pessoas sofrem com dores nas costas, especialmente na lombar. Se você já sentiu aquele incômodo na parte de baixo da coluna ao se levantar, ao passar horas sentado ou após um dia puxado, saiba que você está longe de estar sozinho. A dor lombar é uma das condições mais comuns da medicina moderna e tem impacto direto na saúde, na economia e na qualidade de vida de milhões de pessoas.
O que é dor lombar? A dor lombar, ou lombalgia, é a dor sentida na parte inferior das costas, região chamada de “lombar”. Essa região sustenta grande parte do peso do corpo e está envolvida em praticamente todos os nossos movimentos desde caminhar, sentar-se, virar e levantar.
Essa dor pode aparecer de forma aguda (por exemplo, depois de pegar algo pesado) ou crônica, quando dura mais de 12 semanas. Em até 90% dos casos, a dor lombar é chamada de inespecífica, ou seja, não está ligada a nenhuma doença estrutural visível, como hérnia de disco ou fratura. Ela geralmente é resultado de má postura, fraqueza muscular, sedentarismo ou tensão emocional.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar está entre as 10 principais causas de incapacidade no mundo. Um estudo mais amplo sobre saúde global classificou a dor lombar como a principal causa de anos vividos com incapacidade desde 1990 passando, inclusive à frente de depressão, diabetes e doenças cardíacas.
Mais de 600 milhões de pessoas sofrem com dor lombar atualmente em todo o planeta. Até 31% das pessoas relatam dor lombar em qualquer mês e cerca de 84% da população mundial sentirá dor lombar em algum momento da vida.
Em 2017, a dor lombar foi responsável por mais de 64 milhões de anos de vida perdidos com qualidade reduzida. Nos países desenvolvidos, ela é a principal causa de afastamento do trabalho.
Os brasileiros também carregam esse fardo e em proporções preocupantes tendo mais de 60% dos brasileiros adultos já relatado episódios de dor lombar. Estima-se que 1 em cada 5 adultos brasileiros (21%) sofra com dor lombar crônica. Entre os idosos, cerca de 37% relatam dor constante, especialmente nas costas e nas articulações.
Um estudo realizado em São Paulo apontou que 62% da população já teve dor lombar em algum momento da vida. Ela é uma das principais causas de afastamento por auxílio-doença no INSS.
Além de impactar a saúde, a lombalgia também afeta o bolso. Estima-se que os custos diretos com exames, medicamentos e tratamentos, somados aos custos indiretos com afastamentos, queda de produtividade e aposentadorias precoces, somem bilhões de reais por ano no Brasil.
Quem está mais em risco? A dor lombar não escolhe classe social ou profissão, mas alguns grupos estão mais vulneráveis como as mulheres. Estudos mostram que mulheres relatam mais dor lombar do que homens. As razões podem envolver diferenças hormonais, gestação, tarefas domésticas e menor massa muscular na região lombar.
Idosos também estão no grupo de risco pois com o envelhecimento, os discos da coluna se desgastam naturalmente, e a musculatura pode enfraquecer. Isso torna os idosos mais propensos à dor crônica.
Indivíduos sedentários e trabalhadores que passam o dia carregando peso ou muitas horas sentado, sem pausas, está exposto ao risco.
O excesso de peso também aumenta a pressão sobre a coluna lombar. A falta de atividade física reduz a força dos músculos que sustentam a coluna.
A tensão emocional e o estresse crônico estão ligados à dor lombar, por causa do aumento da tensão muscular e da sensibilidade à dor. Na maioria dos casos, a dor lombar é leve ou moderada e melhora com repouso, exercícios leves ou fisioterapia.
Existem “sinais de alarme” que indicam que a dor pode ter origem mais séria. São eles: Dor que não melhora após semanas; Dor que acorda o paciente durante a noite; Perda de peso inexplicada; Febre; Fraqueza nas pernas ou perda de sensibilidade; Dificuldade para urinar ou evacuar. Nesses casos, é importante procurar um médico, pois pode haver causas como hérnia de disco grave, infecção na coluna ou tumor.
A boa notícia é que, na maior parte das vezes, é possível prevenir ou reduzir as crises de dor lombar com medidas simples de prevenção como manter-se ativo (caminhar, nadar e pedalar são ótimos exercícios para a lombar), fortalecer a musculatura abdominal e das costas (pilates, musculação e exercícios específicos ajudam a sustentar a coluna). Alongar-se regularmente também é boa prática, especialmente após longos períodos sentados, evitar sobrepeso (menos peso = menos pressão na coluna) e cuidar da postura principalmente ao sentar ou carregar objetos.
O tratamento da lombalgia pode incluir exercícios supervisionados (mais eficaz do que repouso absoluto), fisioterapia para recuperar a mobilidade e aliviar a dor, medicamentos por períodos curtos (sob orientação médica) e terapias alternativas, como acupuntura e massagens, têm mostrado benefício para alguns pacientes. Casos muito graves podem requerer cirurgia, mas isso é raro (menos de 5%).
A dor lombar embora seja extremamente comum, ainda é muito subestimada, tanto por quem sofre quanto pelos sistemas de saúde. Em caso de dor lombar, procure um serviço de saúde para diagnostico e acompanhamento adequado.
Dor lombar

Especialista em Nefrologia e Clínica Médica; Membro titular da Sociedade
Brasileira de Nefrologia Professor da Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP); Mestre em Ciências da Saúde Preceptor de Clínica Médica. CRM
892 RQE 386