“Que a graça e a paz estejam com vocês e aumentem cada vez mais, por meio do conhecimento que vocês têm de Deus e de Jesus, o nosso Senhor! (2 Pedro 1.2)”
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Imaginem comigo: uma orquestra reunida, dezenas de músicos afinando seus instrumentos antes do grande concerto. Há barulho, cada um soa algo diferente. Mas, quando o maestro levanta sua batuta, tudo se transforma. O som se alinha, os instrumentos se harmonizam, e uma só música preenche o ar. Assim também é o povo de Deus. Somos diversos — homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, vindos de diferentes lugares e com diferentes histórias. Cada qual carrega consigo uma canção, isto é, uma história cheia de medos e agonias que se contada sozinha causam espantos e constrangimentos, mas quando essa nossa história de vida se interliga com as milhares de histórias parecidas e com notas diferentes. Podemos ter certeza: estamos fadados ao fracasso. Todavia Deus resolveu enviar o seu maestro aquele que conduz as nossas vidas e, se por um lado, sozinhos somos como sons de instrumentos sem afinação, com o Maestro Jesus, tudo tem uma nova perspectiva. Por isso com a morte e ressurreição há um Maestro: Jesus Cristo.
E Ele ora ao Pai: “para que todos sejam um”. Quer unidade ao seu entorno na diversidade de vidas e experiências de vidas. Por isso, neste domingo entre a Ascensão celebrada na quinta-feira, onde Cristo foi para os céus nos preparar lugar e de lá nos enviar o Espírito Santo que reúne e congrega. Também, após este domingo, nós teremos o Domingo de Pentecostes, dia de celebrar o cair das escamas do nosso coração, dia em que Deus Espírito Santo nos coloca na mesma orquestra de amor e confiança de que Jesus é sim o prometido de Deus que veio nos Salvar e nos Salva.
Neste final de semana ouvimos com a leitura do Evangelho que somos o motivo da preocupação de Jesus antes da sua morte e ressurreição. Na sua oração Jesus não ora apenas pelos discípulos, mas por todas as pessoas. Inclusive por nós. Jesus nos leva a refletir que a comunhão na igreja e a vida de igreja é muito mais que assistir a um culto. É muito mais que trazer nossas ofertas. É muito mais que dizer: eu sou membro daquela congregação. A oração de Jesus é a essência do amor e graça revelada no amor infinito de Jesus por cada um de nós. A oração Sacerdotal de Jesus revela, ele, Jesus, o único elo entre Deus e os homens. Aqui inclusive cabe recordar que não pode haver intermediários para chegar a Deus. Jesus é o Deus encarnado que nos conecta a Deus Pai.
Em questões práticas: a oração Sacerdotal de Jesus é um lembrete sobre a comunhão da igreja, a missão que temos, e a promessa de Sua volta. E assim como na ascensão foi dito aos que assistiram Jesus subir aos céus, que ele também retornará para nos buscar do mesmo modo que as pessoas o viram subir, nós o veremos voltar. Algo que nos levar a recordar do texto de 1 Tessalonicenses 4.13-18: “(13) Irmãos, queremos que vocês saibam a verdade a respeito dos que já morreram, para que não fiquem tristes como ficam aqueles que não têm esperança. (14) Nós cremos que Jesus morreu e ressuscitou; e assim cremos também que, depois que Jesus vier, Deus o levará de volta e, junto com ele, levará os que morreram crendo nele. (15) De acordo com o ensinamento do Senhor, afirmamos a vocês o seguinte: nós, os que estivermos vivos no dia da vinda do Senhor, não iremos antes daqueles que já morreram. (16) Porque haverá o grito de comando, e a voz do arcanjo, e o som da trombeta de Deus, e então o próprio Senhor descerá do céu. Aqueles que morreram crendo em Cristo ressuscitarão primeiro. (17) Então nós, os que estivermos vivos, seremos levados nas nuvens, junto com eles, para nos encontrarmos com o Senhor no ar. E assim ficaremos para sempre com o Senhor. (18) Portanto, animem uns aos outros com essas palavras.”
A oração de Jesus em nosso favor é uma clara demonstração do cuidado pastoral de Jesus com a sua igreja. Cabe lembrar que Jesus tem ciência dos grandes sofrimentos que ele iria passar: A morte de cruz! Jesus está às vésperas da Cruz. A preocupação é com os seus, pois sabe que assim que o pastor for morto, facilmente os inimigos iriam atacar e destruir o rebanho. Ele ora por nós. Ele pede a Deus que os seus discípulos sejam totalmente dedicados a Deus. E por fim, no capítulo 17 de João, ele pede por aqueles que iriam crer ainda. Ali na oração ele fala de cada um de nós. Diz João 17.20: “— Não peço somente por eles, mas também em favor das pessoas que vão crer em mim por meio da mensagem deles.”
A oração de Jesus é ampla, as palavras de Jesus transpassam os tempos. O que se lê em João ou em qualquer outra passagem bíblica não é somente uma mensagem para aquela época, é para todas as épocas e tempos. Jesus ora por todos os que creriam no Evangelho anunciado pelos apóstolos — por mim e por você. E o que Ele pede ao Pai? Ele pede unidade, união. Comunhão. Assim como na introdução citamos músicos descompassados enquanto estão sozinhos, mas sob a batuta de Jesus então enxergamos a igreja, o poder de Deus na terra, por meio da Igreja e sua mensagem evangélica, ou, ainda: a boa notícia de que o mundo não está mais perdido. Que todos os que creem em Jesus terão a Salvação. Como diz o registro de João 17.21a: “E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo.”
Essa unidade de que Jesus fala é mais do que amizade ou coleguismo. É comunhão espiritual, moldada pela própria relação entre o Pai e o Filho. E qual é o propósito dessa unidade? Jesus responde: “que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste.”
Irmãos, a comunhão dos cristãos é um testemunho vivo. Significa dizer que essa unidade desejada e pedida por Jesus a Deus, o Pai, é alcançada pelo crer na Palavra, nos mostra que ser cristão é um caminhar e viver altivo. Ser cristão é também viver com coragem e ousadia, que cada passo, palavra e pensamento estejam realmente voltados para tornar conhecido no mundo o nome de Jesus. Por isso quando vivemos em amor e unidade, estamos mostrando ao mundo a verdade do evangelho.
Em termos práticos: Ser igreja é falar, se deixar guiar e estar sob a Palavra de Deus que é lei, que exige de nós, o que não conseguimos fazer, mas na Palavra encontramos o Evangelho que nos fala que mesmo que lei exige e não arreda o pé, temos Cristo ao nosso lado, que nos defende e intercede por nós. Isso é tão poderoso que Jesus diz: “A natureza divina que tu me deste eu reparti com eles a fim de que possam ser um, assim como tu e eu somos um”. A glória de Jesus se manifesta na vida da igreja em comunhão.
Neste sentido a igreja está em contante missão, cada dia, ação da igreja deve ter um fim último a convicção de que “(5) nós anunciamos Jesus Cristo como o Senhor e a nós como servos de vocês, por causa de Jesus. (6) O Deus que disse: “Que da escuridão brilhe a luz” é o mesmo que fez a luz brilhar no nosso coração. E isso para nos trazer a luz do conhecimento da glória de Deus, que brilha no rosto de Jesus Cristo. (2 Coríntios 4.5-6)”
E como lemos em Atos 1.12-26, em obediência ao evangelho, após a ascensão, os discípulos voltam a Jerusalém. Eles obedecem ao Senhor. E o que fazem enquanto esperam a vinda do Espírito Santo? Eles perseveram unânimes em oração. Reunidos no cenáculo, homens e mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus, estão em comunhão. E eles tomam uma importante decisão: escolher um novo apóstolo, Matias, para ocupar o lugar de Judas.
Isso nos mostra que a igreja, mesmo esperando a ação de Deus, não é passiva. Ela ora, discerne, age. O chamado de Jesus ainda está vivo. Há uma missão a cumprir: anunciar o evangelho até os confins da terra. A Igreja continua. Os confins ainda não foram alcançados. Estes confins da terra pode ser você que me ouve, hoje.
Portanto, hoje, somos chamados a viver assim: em comunhão, em oração, atentos à voz de Deus, preparados para agir conforme Sua vontade.
Esta comunhão e vida de fé, de certo modo estão muito bem representados na constatação do salmista do Salmo 133 que expressa com poesia a bênção da unidade: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Neste caso somos convidados a desfrutar de duas cenas que encantam, talvez para nossa realidade um pouco distante. Mas, o salmista usa duas imagens ricas: O óleo precioso sobre a cabeça do sacerdote Arão, onde o povo assistiu maravilhado que Deus estaria falando com o povo por meio das palavras do Sacerdote. Deus presente no meio do povo. Agora é visível esta visão com a presença de Cristo, o Sacerdote dos sacerdotes. Também o salmista cita o orvalho do Hermom que desce sobre os montes de Sião. O Monte Hermom mesmo longe a uns 180km em linha reta da cidade de Jerusalém, a cena descrita representa bençãos em grande abundância.
Com isso, a comunhão do povo de Deus é comparada ao óleo e ao orvalho que: O óleo simboliza a consagração, presença de Deus, alegria. O orvalho simboliza fertilidade, vida nova.
Assim como as bênçãos em abundância é descrita nos textos de Apocalipse para os que herdarão a vida eterna conforme Apocalipse 22.1-3: “(1) O anjo também me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro (2) e que passa no meio da rua principal da cidade. Em cada lado do rio está a árvore da vida, que dá doze frutas por ano, isto é, uma por mês. E as suas folhas servem para curar as nações. (3) E não haverá na cidade nada que esteja debaixo da maldição de Deus. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o adorarão.”
Por isso, onde há comunhão verdadeira entre os irmãos, ali está o favor de Deus, ali Ele ordena a bênção e a vida para sempre. Pois Deus está no meio do povo e com o povo. O Rio da Vida, a Árvore da Vida, a Cidade Santa. A nova criação. A presença plena de Deus com o Seu povo. E ali ouvimos a promessa do Senhor: “Eis que venho sem demora! (Apocalipse 22.12)” E a igreja responde: “Amém! Vem, Senhor Jesus! (apocalipse 22.20b)”.
E hoje, vivemos nesta esperança. Já experimentamos a comunhão com Deus por meio de Cristo, mas ainda aguardamos a plenitude. Ainda há lágrimas, doenças, divisões. Mas tudo isso passará. E estaremos, enfim, reunidos diante do trono de Deus, como uma só família. Isso tudo não tardará em acontecer.
Conclusão:
Jesus orou por nossa unidade. Os apóstolos viveram essa unidade em oração e missão. O salmista celebrou a beleza da comunhão. E João, no Apocalipse, nos mostra o destino glorioso desta comunhão: a vida eterna com Deus.
Que possamos viver essa unidade aqui e agora. Que a nossa igreja seja sinal visível do Reino. Que sejamos um — um só povo, uma só fé, um só Senhor. E enquanto aguardamos a volta de Cristo, proclamemos com fé e alegria: “Amém! Vem, Senhor Jesus!”
Bênção:
E que a paz de Deus, que excede todo entendimento, guarde os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus. Amém.