Recentemente, o Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL) voltou a protagonizar uma polêmica nas redes sociais ao disseminar informações falsas sobre uma suposta taxação do uso do Pix, medida que, na realidade, sequer estava em discussão. Aproveitando a entrada em vigor de uma Instrução Normativa da Receita Federal que obrigava os bancos a reportarem movimentações financeiras realizadas via Pix, Ferreira distorceu a informação para criar um cenário alarmista e mentiroso. Alegando que o governo pretendia taxar o uso do Pix, sua afirmação rapidamente se espalhou nas plataformas digitais, gerando uma onda de desinformação que alcançou milhões de brasileiros. Essa prática de manipulação da informação, recorrente na carreira do deputado, é uma clara demonstração de como as fakes news podem ter um impacto direto e negativo sobre a sociedade.
O impacto da disseminação de fake news, especialmente em um contexto de crise de confiança nas instituições, não pode ser subestimado. De acordo com o sociólogo e especialista em ética digital, Zygmunt Bauman, as redes sociais têm se transformado em um “território sem regras” e “uma grande armadilha”, onde a rapidez das informações muitas vezes sobrepõe a veracidade delas. Bauman alertava para o risco de a falta de uma regulamentação adequada criar um ambiente propício à manipulação, o que já está acontecendo com a proliferação de conteúdos distorcidos ou totalmente falsos, como no caso de Nikolas Ferreira. Para o sociólogo e especialista em comunicação, Manuel Castells, as redes sociais, longe de serem um espaço democrático, têm servido como canais para a desinformação e o fortalecimento de narrativas ideológicas extremas. O caso recente é mais um exemplo claro disso.
Diante dessa situação, é inevitável que se abra novamente o debate sobre a necessidade de regulamentação das redes sociais, especialmente quando se trata da disseminação de informações que podem prejudicar a sociedade como um todo. Em um artigo recente, a filósofa e professora Martha Nussbaum argumenta que, em uma democracia, a liberdade de expressão deve ser equilibrada com a responsabilidade social. Para Nussbaum, os danos causados pela desinformação e pelas fake news não podem ser ignorados, pois elas minam a confiança pública nas instituições e criam divisões sociais profundas. No Brasil, a aprovação do projeto de lei que busca responsabilizar mais diretamente as plataformas digitais e seus usuários pela disseminação de fake news é um passo importante, mas ainda há muito a ser feito.
A conduta do deputado Nikolas Ferreira é, portanto, reprovável, não apenas pela sua recorrente utilização de fake news, mas também pelo impacto social e político que tais práticas causam. Sua atitude demonstra uma falta de responsabilidade para com a verdade e com a sociedade. Em um momento em que o país enfrenta desafios políticos e econômicos, o comportamento do deputado agrava ainda mais a polarização e desestabiliza o diálogo democrático. Para que o Brasil avance em direção a uma democracia mais robusta e saudável, é fundamental que comportamentos como os de Ferreira sejam amplamente reprovados pela sociedade, e que medidas efetivas sejam tomadas para regulamentar as redes sociais, garantindo que a liberdade de expressão não seja confundida com a liberdade de disseminar mentiras, verdadeira miséria social.
O caso Nikolas Ferreira e a miséria da desinformação

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