As Fakes News seguem como uma verdadeira praga moderna, colocando à prova a capacidade da sociedade de discernir fatos de boatos. É uma miséria incontrolável da sociedade moderna. Recentemente, um exemplo emblemático desse fenômeno foi observado no Brasil, com a disseminação de informações falsas sobre uma norma editada pela Receita Federal. A medida, que previa a coleta de informações sobre transações realizadas via PIX e cartões de crédito, foi deturpada por setores da extrema direita, que afirmaram falsamente que o governo federal passaria a taxar todas as transações financeiras, incluindo aquelas de menor valor.
Segundo o economista e professor da FGV, Eduardo Araújo, “a narrativa criada em torno dessa medida é um exemplo claro de como as Fake News são utilizadas como ferramenta de manipulação política. A medida da Receita Federal visa apenas o monitoramento de possíveis irregularidades fiscais, como lavagem de dinheiro ou sonegação, sem qualquer intenção de tributar transações de baixo valor”. No entanto, a desinformação se espalhou de forma tão ampla que, em pouco tempo, gerou temores na população, especialmente entre os mais vulneráveis, que dependem dessas formas de pagamento para suas atividades diárias. O resultado nefasto é pequenos empreendedores abdicarem dessas ferramentas pelo temor de serem tributadas.
Estudos realizados por instituições como o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) apontam que o impacto das fake News na sociedade vai muito além da política: elas corroem a confiança em instituições e fomentam um ambiente de desconfiança generalizada. No caso em questão, a desinformação criou um clima de incerteza econômica, levando pequenos comércios e trabalhadores autônomos a temerem por possíveis cobranças que nunca foram cogitadas pelo governo. A ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, em recente evento sobre o tema, afirmou que “a proliferação de Fake News representa uma verdadeira miséria democrática, pois confunde o cidadão e fragiliza os alicerces do Estado de Direito”. Essa afirmação lapidar sublinha, com ênfase responsável, o perigo que essa prática representa para a sociedade.
Para combater o problema, especialistas defendem a adoção de medidas conjuntas que envolvam educação midiática, legislação eficaz e maior compromisso das plataformas digitais em monitorar conteúdo. Em declaração recente, o presidente da Agência Lupa, Gilberto Scofield, destacou que “a forma mais eficaz de lidar com as Fake News é educar as pessoas para verificarem informações antes de compartilhá-las”. O desafio, no entanto, é imenso: à medida que a tecnologia avança, também se tornam mais sofisticadas as formas de criar e espalhar desinformação. Cabe à sociedade como um todo se unir para combater esse fenômeno, que não apenas distorce a realidade, mas também prejudica a confiança e o progresso coletivo. A empreitada não é fácil porque não se pode isolar o fenômeno visto que a prática gravita em todo o planeta e tem adeptos importantes e empenhados em torná-la ferramenta de construção de hegemonia.
O Combate às Fake News: Um Desafio Contínuo na Era Digital
