Pessoas do sexo oposto. Regra da missão. Mas ela sentiu-se abraçada por ele por meio de seu olhar de alegria.
Mas logo tiveram que se despedir, pois os missionários tinham um compromisso e não tinham tanto tempo para ficar com aquela família tão especial. Maria chorou a ida de seu amigo, que estava perto de acabar a sua missão. Faltavam apenas um mês.
Maria e Elder Maia não se falaram mais. Ele acabou sua missão em agosto de 1994. Naquela época a comunicação era somente via carta e Maia ficou sem saber notícias de Maria.
O tempo passou, a tecnologia da informática evoluiu, trazendo consigo as redes sociais e com isso muitos amigos se reencontraram depois de mais de 15 anos de separação. Fosse como um presente de Deus esse reencontro maravilhoso entre sinceros e grandes amigos, uns como se fossem irmãos como Elder Maia e Maria Meira.
Maria é para Elder Maia a sua maior experiência como missionário e ele a Chama de: O MILAGRE DO TOQUE DAS MÃOS DO MESTRE.
Ele construía violinos, conhecia as suas criações. Ele os criava com muito amor, dedicação e esmero. Ele sempre escolhia a sua melhor madeira, a melhor tinta para pintá-los, as melhores cordas para um som belo e afinado. Ele os tratava com todo o amor possível. Amor do criador para as suas criaturas. Ele só se separava delas, quando as colocava à venda.
Ela era uma menina rica que ganhara um belo violino feito das mãos daquele exímio luthier. Os pais contrataram excelentes professores de música para ensiná-la, mas o descaso com as aulas e o instrumento era perceptível a cada dia. Ela tocava o instrumento sem a mínima delicadeza, apertava as cordas contra o arco (aquela vara com que se toca o violino) de tal forma que fazia um barulho ensurdecedor. Ela jogava o instrumento de qualquer jeito no sofá. Até que um dia ele caiu e quebrou partes pequenas, onde se podia ver que o instrumento estava todo desfigurado, arranhado, cordas soltas e algumas partes quebradas.
Então a mãe resolver vender a um preço bem barato para uma loja de usados.
Então essa loja promoveu um leilão de tudo que nela estava à venda, inclusive o já tão acabado instrumento.
Muitos artefatos foram vendidos até que chegou a vez do pobre violino que foi oferecido por mísero um dólar, mesmo assim ninguém o quis comprar, ninguém sabia o seu real valor. Foi quando um homem idoso se levantou lá do fundo do salão, andou vagarosamente e pacientemente até o leiloeiro, pegou o instrumento de sua mão, ajeitou suas cordas, afiando-as. Limpou o violino e começou a tocá-lo. Ah, o som era lindo, afinado e bem claro. A canção era linda e ficava muito mais ainda com a qualidade daquele belo instrumento, que nas mãos de seu criador, mostrava toda a sua qualidade e brilho e logo todos queriam comprá-lo, oferecendo muito mais do que lhe fora oferecido. Ele recebera ” O Toque das mãos do Mestre. Ele o criou, ele conhecia o seu valor. Ele era o seu Criador.
Assim, foi Maria Meira. Maltrata por escolhas erradas, pelos percalços da vida, por um vício que a cada dia tirava uma lasca de seu corpo, arranhava a sua pintura e tirava o brilho de sua capacidade e beleza. Ela era jogada de um lado para o outro. Nem mesmo os seus reconheciam o seu valor. Duvidavam dela, ela era um pirão perdido. Um motivo de galhofas e de apontar a ela o dedo. Mas o seu mestre, o seu criador a conhecia perfeitamente, conhecia o seu valor, porque ele a criou. A criou para brilhar, para o seu som ecoar em muitos corações.
Então quando ninguém a queria, ninguém a valorizava. Um homem mandou dois de seus filhos para ajeitar as suas cordas, afiná-las e mostrar ao mundo o seu som maravilhoso e toda a sua qualidade e valor. E logo muitos passaram a admirá-la, a segui-la, pois ela recebera ” O Toque das mãos do Mestre”.
Hoje Maria e Elder Maia se falam sempre, fazendo com que ambos sintam o carinho que um tem pelo outro.
E ela continua cumprindo a sua promessa.
EM DEMASIA
Que durasse tanto, assim eu quisera
Todo esse amor, que encontrei um dia
Mesmo que de pouco em pouco, ele perdurasse
como também assim fosse, mesmo em demasia.
Se os braços do tempo, então me fartasse
De abraços e carinhos, eu mesmo diria
E se todo esse amor, em mim, perdurasse
Que fosse pouco a pouco, ou em demasiai.
Esperei, em mim, que a vida ressurgisse.
Domando o ego que não mais me consumia
Voei como um pássaro de voos insólitos
De pouco em pouco, ou mesmo em demasia.
Que perdurasse tanto, assim eu quisera
Este sol poente a abrilhantar o meu dia.
Que me venhas flores d’outras primaveras
Mesmo de pouco em pouco, ou em demasia.
Jorge A. M. Maia