Queridos irmãos e irmãs em Cristo, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Amém.
A vida é feita de decisões. Algumas pequenas, outras grandes. Algumas parecem não ter grande impacto, mas outras carregam o poder de mudar completamente o rumo da nossa existência. A Palavra de Deus nos mostra repetidas vezes que o caminho que escolhemos seguir revela não apenas a nossa condição presente, mas também define o nosso futuro eterno.
O Salmo 1 já abre o Saltério colocando diante de nós dois caminhos: o caminho dos justos, que é como árvore plantada junto a ribeiros de águas, e o caminho dos ímpios, que é como palha que o vento espalha. Em Deuteronômio 30, Moisés, ao final de sua vida, coloca diante do povo a escolha entre a vida e a morte, a bênção e a maldição. Em Filemom, vemos Paulo intercedendo por Onésimo, mostrando como a graça em Cristo redefine destinos e dá um novo futuro a quem antes estava perdido. Finalmente, em Lucas 14, Jesus fala sobre o discipulado radical, sobre o custo de segui-lo, que exige deixar tudo para trilhar o caminho da cruz.
Hoje, queremos meditar, especialmente sobre o tema: “O que eu devo fazer por ser servo de Cristo?” Ou, ainda, poderíamos dizer como na linguagem popular: me diga com quem tu andas e te direi quem tu és. Falar sobre a vida cristã na prática é um tanto desafiador. Não existe um manual do tipo: faça isso e o resultado será este, ou faça isso e o resultado será aquele. Mas uma coisa havemos de concordar que à vida cristã é um tanto quando desafiadora, pois estamos envoltos num turbilhão de coisas que nos cercam e nos tiram a paz, ou, nos deixam tranquilos. Mas uma coisa é certa: Um ouvido reclinado para a Palavra de Deus sempre irá nos fará termos a melhor escolha.
O que eu devo fazer por ser servo de Cristo? A pergunta em si já nos conduz ao centro da vida cristã. Somos salvos pela graça, mediante a fé em Cristo, e não por obras da lei, afirmação essa feita por Paulo e coerente com todas as outras passagens bíblicas. Efésios 2.8, diz: “(8) Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus.” No entanto, ao mesmo tempo, como servos de Cristo, chamados para viver em novidade de vida, assim surge a responsabilidade de seguir o caminho da obediência, da renúncia e do amor. Uma renúncia que é a natural constatação de que seguir os desejos do coração é perdição, e por amor, que em Deus a nossa vida começa a ter um sentido pleno. Fazendo um comparativo: como uma arvore que plantada num vaso e mesmo cuidada, regada regularmente nunca será uma árvore de fato, pois não está no seu lugar definitivo para aprofundar as raízes e encontrar as fontes de água para manter-se verde nos tempos de seca.
Vejamos, o Salmo 1, é como uma porta de entrada para todo o livro dos Salmos. Ele começa afirmando: “(1) Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado! (2) Pelo contrário, o prazer deles está na lei do Senhor, e nessa lei eles meditam dia e noite.” (Salmo 1.1-2)
Mas como fazer uma boa escolha se nos falta o discernimento? O salmista nos mostra claramente dois caminhos: o caminho do justo e o caminho do ímpio. O justo é comparado a uma árvore plantada junto às correntes de águas: tem raízes profundas, recebe sustento constante, dá fruto no tempo certo e sua folhagem não murcha. Já o ímpio é como palha: sem peso, sem raiz, sem fruto, facilmente levada pelo vento. Esta comparação não é difícil de entender.
Sem Palavra nunca saberemos quem é o Deus verdadeiro e nunca saberemos que frutificar no Senhor e uma oportunidade exclusiva de quem tem fé em Cristo Jesus como único e suficiente Salvador. Neste sentido é preciso entendermos: ninguém é servo de Deus se não crê em Cristo, pois para sermos árvores frutíferas no Senhor é preciso ser nascido “da água e do Espírito (João 3.5)”. Este sim, é frutífero pela fé. Já o caminho dos maus, o salmista conclui: “porém o fim dos maus são a desgraça e a morte..” (Salmo 1.6)
Ou seja, desde o início a Palavra de Deus nos ensina que o caminho que seguimos define o nosso futuro. Observemos que Moisés já recomendou aos israelitas a observarem que a vida com Deus não é uma vida de brincadeira, mas uma vida pautada no seguir a vida que Deus oferece, mediante a sua palavra que geram bênçãos e misericórdias, o contrário isto é, longe de Deus só a dor e sofrimento, só maldição.
No texto de Deuteronômio 30.15-20 recebemos o recado de Deus que foi dado por Moisés ao povo de Israel. “— Hoje estou deixando que vocês escolham entre o bem e o mal, entre a vida e a morte.” (Deuteronômio 30.15). É claro que assim como o povo de Israel que também tinha as melhores intenções, e escolheram o mal, nós também escolhemos o mal. Isto é, escolher a vida com Deus não é uma escolha humana, mas é ação de Deus que vem nos Salvar e nos resgatar conduzindo-nos a pastos verdejantes, mediante as promessas asseguradas na vida e Obra de Cristo. É preciso que entendamos e não esqueçamos que a Lei de Deus não arreda o pé e recomenda: “Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e a maldição. Escolham a vida, para que vocês e os seus descendentes vivam muitos anos. (Deuteronômio 30.19)”. Mas esta lei que exige tanto está completa e cumprida, se o pecador confessar que sua vida está guardada em Cristo. Por isso: “A vida cristã é marcada pela escuta da Palavra e pela obediência de fé”. Não é uma neutralidade, não é um caminho de meio-termo. O servo de Cristo rejeita o conselho do mundo e busca firmeza na Palavra de Deus. Também aqui, precisamos fazer uma pausa para não cair em legalismo: nossa escolha pela vida não é uma conquista autônoma do coração humano. Sem Cristo, estaríamos mortos em delitos e pecados. (Efésios 2.1: “Antigamente, por terem desobedecido a Deus e por terem cometido pecados, vocês estavam espiritualmente mortos.”). A capacidade de escolher a vida vem do próprio Espírito Santo, que nos regenera e nos dá fé. Assim, quando Moisés diz: “Escolhe a vida”, ele não aponta para a força humana, mas para a resposta de fé que brota da ação Divina. Portanto, ser servo de Cristo significa viver uma vida guiada pela Palavra, evitando o caminho do pecado e encontrando prazer em Deus.
Pois a prova disso é: Eu e você quando nos afastamos de Deus, mergulhamos na lama dos nossos pecados, então, só trazemos para nós e as pessoas ao nosso redor, dor e sofrimento. Nunca vi alguém que, vive em pecado, por mais populares que sejam como adultério, uso de drogas, mentiras, roubos, alcoolismo e tantos outros, trazer paz e honra às pessoas a sua volta. Que Deus nos livre de trazermos estes e tantos outros sofrimentos a nossa família. E ainda, o pior é que, nestes casos, em muitos dos nossos pecados prediletos, ainda achamos que temos a autonomia de os abandonar quando nós decidirmos. Ilusão, pura ilusão.
A vida cristã, está pautada em fazer e nos esforçarmos para fazermos a vontade de Deus. Pois do contrário: Que testemunho de vida e fé teremos para motivar que outros também venham a crer em Jesus.
Vejamos em Filemom 1–21, o Apostolo Paulo nos convida a vermos que a prática de fé, não é algo verbal, mas ação visível da Palavra em nossas vidas. Paulo ao escrever a Filemom, mostra na prática o que significa ser servo de Cristo: perdoar, reconciliar-se, agir em amor mesmo quando poderíamos exigir justiça. Neste sentido não existe vida cristã agradável aos olhos de Deus se não houver, ações condizentes ao que declaramos crer. Entenda: ser cristão, não é ser uma pessoa sem postura ou firmeza nas suas ações pelo contrário, fazemos as coisas porque elas precisam ser feitas e que o resultado será o bem do nosso semelhante em conformidade com a Palavra de Deus. Por exemplo numa igreja, nós não fazemos por causa do pastor. Nós não fazemos como favor, mas fazemos, pois Deus quer que façamos e tenhamos atos de misericórdia visíveis aonde ele nos coloca como resultado da nova vida que ele nos deu.
Contudo: O que significa ser servo de Cristo? Significa agir como Filemom é chamado a agir: receber o irmão em Cristo com perdão e amor, mesmo quando a justiça humana poderia exigir punição. Paulo, inclusive, assume a dívida de Onésimo: “Se ele deu algum prejuízo a você ou lhe deve alguma coisa, ponha isso na minha conta.” (Filemom 18).
Isso é imagem perfeita do que Cristo fez por nós: Ele tomou sobre si a nossa dívida, pagou o preço do nosso pecado, para que fôssemos reconciliados com Deus.
Portanto, ser servo de Cristo é viver essa reconciliação na prática, amando, perdoando, servindo, não segundo o rigor da lei humana, mas segundo a abundância da graça. Aqui aprendemos algo essencial: o servo de Cristo não busca seus próprios direitos, mas coloca o amor acima do egoísmo.
O que eu devo fazer por ser servo de Cristo? Mas, talvez a passagem mais radical e que responde esta pergunta esteja no evangelho de Lucas 14.25-35, especialmente destacamos os versículos 26-27 que dizem assim: “(26) — Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo. (27) Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar.”
Aqui Jesus não está incentivando ódio literal à família, mas está enfatizando a prioridade absoluta do discipulado. Seguir a Cristo exige renúncia de tudo, inclusive daquilo que é mais precioso aos olhos humanos. O servo de Cristo, portanto, não vive dividido. Ele sabe que não pode servir a dois senhores (Mateus 6.24: “— Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.”). Ser servo de Cristo é carregar a cruz, isto é, suportar as dificuldades, perseguições e renúncias que acompanham a fé verdadeira.
Jesus ainda adverte sobre o custo do discipulado: quem constrói uma torre deve calcular os gastos; quem vai para a guerra deve avaliar as condições. Assim também, seguir a Cristo não é um impulso momentâneo, mas uma decisão que envolve entrega total e para a vida toda.
Contudo, irmãos, hoje aprendemos que a vida cristã é marcada por três grandes aspectos: andar no caminho da Palavra, viver em amor reconciliador e renunciar tudo para seguir a Cristo que é vida e só nele há salvação.
Por isso todo o cristão deve ter bem claro que: O que eu devo fazer por ser servo de Cristo?” E vimos que a resposta não é simples, mas profunda: excede o humano entendimento, é ação e obra de Deus, pois: Não fazemos para conquistar salvação, mas porque já somos salvos. Pois: Não fazemos na nossa força, mas pelo poder do Espírito Santo. Pois: Não fazemos por obrigação fria, mas por amor àquele que nos amou primeiro, isto é Deus Pai.
Assim, como salmista, sejamos árvores plantadas junto às águas da Palavra. Como Filemom, sejamos reconciliadores e praticantes do perdão. Como discípulos de Cristo, sejamos prontos a renunciar tudo, confiando que quem perde a vida por causa de Cristo a encontrará (Mateus 16.25). Amém!
O QUE EU DEVO FAZER POR SER SERVO DE CRISTO?
Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique

