Onde você tem buscado Jesus?

Meus amados irmãos em Cristo Jesus! “Que a graça e a paz de Deus, o Pai, e de Cristo Jesus, o nosso Salvador, estejam com você! (Tito 1.4)”
Estamos no Terceiro Domingo após o dia de Pentecostes. E os rumores e as guerras continuam abalando o mundo. Estamos vivendo em tempos de busca. Busca por respostas, por sentido, por esperança, por direção. Em um mundo cada vez mais barulhento, caótico e apressado, as pessoas correm de um lado para o outro procurando algo que as satisfaça — algo que preencha o vazio que sentem na alma. Muitos estão buscando a verdade, mas não sabem onde procurá-la. E quando acham a verdade, dizem: Não pode ser só isso, devo seguir as regras e costumes, pois estes me dão segurança. Outros, estão atrás de paz, mas a buscam em fontes que apenas aumentam sua inquietação, muitos se apoiam em crenças populares que não tem base bíblica, apenas no apelo popular. E nós, povo de Deus, também não estamos imunes a essas inquietações? Em meio a tudo isso, uma pergunta se impõe a nós hoje: Onde você tem buscado Jesus?
Esta pergunta, que pode parecer simples à primeira vista, é profunda e urgente. Porque se estivermos buscando Jesus nos lugares errados, corremos o risco de seguir a nós mesmos — ou o mundo — em vez de seguir a Ele, Jesus. Hoje, através dos textos bíblicos que nos foram lidos, o Espírito Santo nos convida a refletir sobre isso com seriedade e fé. Comecemos com o relato do profeta Elias. Ele estava em fuga, cansado, desencorajado, sentindo-se sozinho e com medo. Elias se considerava o único que ainda guardava a fé. Ele diz para Deus: “— Ó Senhor, Deus Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles estão querendo me matar! (1 Reis 19.10).”
No monte Horebe, ele se refugiou em uma caverna, e lá Deus o encontrou. Mas observe como Deus se revelou a ele: não foi no vento forte, nem no terremoto, nem no fogo — mas sim numa brisa suave. O texto diz: “(12) … E depois do fogo veio um sussurro calmo e suave. (13) Quando Elias ouviu o sussurro, cobriu o rosto com a capa. Então saiu e ficou na entrada da caverna. (1 Reis 19.12b-13a)”. Assim também nós somos os Elias da atualidade. O povo prefere as gritarias a tranquilidade da Palavra. Elias esperava que Deus se manifestasse com força e espetáculo, como já havia feito no passado. Mas Deus mostrou que não é sempre no extraordinário que Ele fala, e sim no silêncio da Palavra, na quietude da oração, no íntimo da alma pecador arrependido que recebe conforto pelo perdão e com isso a sua paz. Mas se Deus também tiver que usar ou desejar de usar da força o faz e fará como em muitos relatos bíblicos. Mas, isso é com Deus e está na sua decisão.
Quantas vezes, queridos irmãos e irmãs, nós também caímos na armadilha de buscar Jesus no barulho do mundo, nos sinais miraculosos, nas emoções passageiras, nas promessas vazias de uma fé que só quer espetáculo? Quantas vezes queremos que Jesus se revele com força, poder, e façam desaparecer todos os nossos problemas de imediato? Infelizmente, é cada vez mais comum e frequente essa busca desenfreada por soluções imediatistas que nos fazem perder as forças devido a angustiante busca sem respostas. Mas, Deus nos convida a ouvir sua voz no silêncio. A buscá-lo onde Ele de fato prometeu estar: na sua Palavra fiel, no batismo que nos uniu a Cristo, na Santa Ceia em que recebemos o seu corpo e o seu sangue, na comunhão com os irmãos. Onde você tem buscado Jesus? No barulho ou no silêncio da sua Palavra? Deus está no controle. De nada servirá nos vitimarmos dizendo a Deus em meio as dificuldades: “— Ó Senhor, Deus Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles estão querendo me matar! (1 Reis 19.14).”
No entanto, este mostrar-se de Deus em amor, revela que independente do que possa nos acontecer. Deus continua sendo Deus. Que a nossa caminhada de fé, não está pautada pelas coisas que eu desejo, mas a minha fé está pautada no que Deus tem para nós. Nossa fé não se mantém em nós pela fé dos outros, mas pela presença permanente de Deus em nós. Ou seja, mesmo que ninguém mais busque a Deus, nós o buscaremos, pois ele continua sendo o mesmo Deus. Essa liberdade está em Deus. Elias chegou em um momento que parece ter pensado: “Bom! Será se os outros não tiverem fé, será que Deus continuará a ser Deus?” Claro que sim! Deus continua sendo o mesmo. Por isso o Apóstolo Paulo, nos convida a vivermos uma vida que difere da vida do mundo. Paulo em Gálatas 5.1,13-25 – exortou os cristãos a viverem na liberdade conquistada por Cristo, não como desculpa para o pecado, mas como oportunidade para servir em amor. Ele contrasta as obras da carne com o fruto do Espírito, chamando os fiéis a andar segundo o Espírito. Aproveitando para deixar uma pergunta aqui também: Quais os frutos que são mais visíveis em você e por meio da sua maneira de viver? Desejo de coração que busquemos com veemência os frutos de filhos resgatados e amados de Deus. Os frutos do Espírito. Dia-a-dia! Essa busca é necessária, pois nós não vivemos mais para nós, mas vivemos para Cristo, e em Cristo, agora somos chamados a viver e testemunhar toda a sua Obra Redentora em conformidade com a sua vontade. Tão logo, por exemplo a caminhada com Cristo é ser nova criatura e com isso é preciso abandonar os maus costumes que nos levaram a pecar.
Em contrapartida, quando vivemos segundo o Espírito. Quando cultivamos o amor, a alegria, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio. Esses frutos não são produzidos por nós mesmos, mas nascem da comunhão com Cristo. Infelizmente, muitas vezes buscamos Jesus em práticas externas, em regras humanas, em aparências religiosas. Mas o verdadeiro sinal de que estamos unidos a Cristo é a vida transformada pelo Espírito. É amar quando seria mais fácil odiar, é perdoar quando seria mais justo se vingar, é servir quando tudo em nós grita por conforto e descanso. A vida cristã é bem desafiadora e sempre com a escolha mais difícil ao pecador: “agir diferentemente do que o mundo propões e faz. É uma vida de renúncia diária”.
Hoje, somos lembrados pelo Evangelho de Lucas 9.51-62 – que Jesus inicia sua jornada para Jerusalém e nos mostra que seguir Jesus não significa ter caminhada de paz como o mundo entende paz, nem vida de privilégios, mas deve ser uma caminhada com a certeza que o mais importante na nossa vida é buscar o Reino de Deus a qualquer custo. O Evangelho nos mostra que Jesus é rejeitado pelos samaritanos e confronta três candidatos ao discipulado, mostrando que o seguir exige prioridade absoluta, desapego e compromisso radical. Deixo aqui mais uma pergunta: Você tem se desapegado de quais velhos e nojentos hábitos nesta caminhada com Jesus? A resposta é tua para com Jesus. Pense a respeito. Na caminhada de Jesus para Jerusalém, Ele encontra três homens que mostram interesse em segui-lo, mas colocam condições: “— Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai (Lucas 9.59) … — Eu seguirei o senhor, mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha família (Lucas 9.61) ….”. E Jesus responde com palavras duras, mas verdadeiras: “— Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus. (Lucas 9.62)”.
Seguir Jesus exige firmeza de coração. Exige prioridade. Jesus não aceita ser uma parte da nossa vida — Ele exige o todo. Não podemos buscá-lo apenas quando é conveniente, quando temos tempo, quando nos sentimos bem. Seguir Jesus é um caminho de renúncia, de cruz, mas também de vida abundante. Você já se perguntou: Onde você tem buscado Jesus? Na comodidade da vida fácil ou no caminho estreito da cruz?
A vida e caminhada de fé de cada pecador, uma vez sendo liberto pelo perdão dos pecados e fé em Jesus, precisa ser claro como a luz do sol, é importante buscar o Reino de Deus em cada dia como se fosse nossa última oportunidade da vida. Pois de fato não sabemos sobre o dia de amanhã, mas sabemos que o hoje é o dia de ser salvo. Vejamos um bom exemplo é Davi, ele ao escrever o Salmo 16 expressa confiança total em Deus como seu refúgio, herança e fonte de alegria. Ele rejeita os ídolos e encontra segurança na presença do Senhor, culminando com a esperança da vida eterna. Também lembra que é fundamental que as pessoas procurem viver na companhia dos que servem a Deus ele diz no versículo 3: “Como são admiráveis as pessoas que se dedicam a Deus! O meu maior prazer é estar na companhia delas.” Neste caso pergunto: Com quem você tem andado? Tens buscado a Deus e tens procurado a companhia dos que temem a Deus como seu apoio? Pense a respeito. Digo: Buscar a Jesus e confiar nele mesmo quando não o vemos visivelmente é descansar na promessa de que Ele venceu a morte por nós, e de que nossa vida está segura em suas mãos. Neste salmo, o salmista mostra que buscar a Deus é reconhecer: “Tu és o meu Senhor; tudo o que tenho de bom vem de ti. (Salmo 16.2)”. Essa é a verdadeira espiritualidade cristã: viver com Jesus como nosso tesouro, nossa herança, Jesus é o nosso bem mais precioso. Não há alegria mais profunda do que saber que pertencemos a Ele. Queridos irmãos e irmãs em Cristo! Hoje a pergunta que vai direto ao coração: Onde você tem buscado Jesus? Talvez você tenha buscado Jesus nas soluções fáceis, nos atalhos, nos milagres instantâneos, nas experiências emocionais. Talvez você O tenha procurado apenas quando as coisas vão mal, ou tenha tentado colocá-lo dentro de uma rotina religiosa sem compromisso real. Talvez tenha olhado mais para trás do que para frente, mais para o mundo do que para o Salvador. Mas hoje, o Senhor nos chama de volta. Ele nos convida a buscá-lo onde Ele de fato se dá a nós: No silêncio da sua Palavra, como Elias descobriu. Na liberdade do Espírito, como Paulo nos exortou. No caminho firme da cruz, como Jesus nos mostrou. E na confiança serena da fé, como o salmista nos ensinou. Buscar Jesus é ouvir sua voz. É viver guiado por seu Espírito. É segui-lo com firmeza. É confiar nele plenamente. Essa busca não é uma tarefa ocasional — é a essência da vida cristã. É caminhar em direção a Cruz e ao vermos que Cristo fez por nós nos encher de esperança de que ele fez por amor a nós. E a boa notícia é que, mesmo quando nós não conseguimos encontrá-lo, Ele nos encontra. Mesmo quando estamos fugindo ou distraídos, Ele nos chama. Mesmo quando nossos olhos estão voltados para trás, Ele continua à nossa frente, estendendo a mão, dizendo: “Segue-me”. Portanto, que neste tempo de Pentecostes, em que celebramos o dom do Espírito e a presença viva de Cristo em sua Igreja, possamos responder com fé à pergunta: Onde você tem buscado Jesus? E que possamos dizer com confiança: “Estou certo de que o Senhor está sempre comigo; ele está ao meu lado direito, e nada pode me abalar.” (Sl 16.8). A Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, seja a glória, agora e para sempre. Amém.