O rim é um dos órgãos mais silenciosos do corpo. Ele trabalha dia e noite, filtrando o sangue e eliminando toxinas pela urina, sem alarde. Mas quando algo dá errado, como a formação de pedras, o corpo fala alto. A dor causada por uma pedra nos rins é muitas vezes descrita como uma das piores que uma pessoa pode sentir, comparável até às dores do parto. E o mais preocupante é que esse problema está se tornando cada vez mais frequente.
Estudos mostram que cerca de 10% da população brasileira já teve ou terá um episódio de cálculo renal ao longo da vida. Nos Estados Unidos, essa taxa quase dobrou desde os anos 1980. Dados do National Kidney Foundation apontam que 1 em cada 11 adultos americanos já desenvolveu pedra nos rins. Entre os brasileiros, estima-se que mais de 2 milhões de atendimentos médicos por ano sejam relacionados a esse problema. E o verão, por incrível que pareça, é uma das épocas de maior incidência devido o calor aumentar a desidratação, o que favorece a formação dos cálculos.
Pedras nos rins (cálculos) são pequenas estruturas sólidas, parecidas com cascalho, que se formam quando certas substâncias presentes na urina como cálcio, ácido úrico, oxalato e cistina se concentram demais e se agrupam. Esses cristais se formam dentro dos rins, mas podem se mover pelos canais urinários (ureteres), causando obstruções e dor.
Algumas pessoas têm maior chance de desenvolver pedras nos rins. Entre os principais fatores de risco, destacam-se: ingestão insuficiente de água, alimentação rica em sal, carnes e industrializados, histórico familiar de cálculo renal, obesidade, sedentarismo, pressão alta, diabetes, uso prolongado de medicamentos como diuréticos, antiácidos com cálcio ou suplementos em excesso.
Curiosamente, o risco também varia com o sexo e a idade. Homens entre 30 e 50 anos ainda lideram os casos, mas o número de mulheres com pedras nos rins tem aumentado, principalmente após a menopausa.
A dor da pedra no rim costuma aparecer de repente e, na maioria dos casos, é localizada na lateral das costas ou no abdômen. Os sintomas mais comuns incluem uma dor intensa que pode irradiar para a virilha, náuseas, vômitos, sensação constante de vontade de urinar, ardência ao urinar, presença de sangue na urina e febre (quando há infecção associada).
Água ainda é o melhor remédio. Beba bastante água. A recomendação geral é que a urina esteja clara ou levemente amarela. Isso indica boa hidratação. Quando a urina está muito amarelada ou escura, é sinal de concentração elevada que é o cenário perfeito para a formação de pedras.
Dicas práticas para reduzir a chance de cálculo renal:
- Ingerir pelo menos 2 a 3 litros de líquidos por dia, especialmente água;
- Evitar refrigerantes, chás escuros e sucos industrializados;
- Reduzir o consumo de sal e carnes vermelhas;
- Aumentar a ingestão de frutas cítricas como laranja, limão e acerola;
- Praticar atividade física regularmente.
O tratamento depende do tamanho e localização da pedra. Mais de 80% das pedras menores que 5 mm são eliminadas espontaneamente com bastante ingestão de líquidos. Mas, se não forem tratadas, podem causar infecções, insuficiência renal ou obstrução grave.
O risco das pedras voltarem é real. Até 50% das pessoas que tiveram uma pedra voltam a ter outra nos próximos 5 a 10 anos. Por isso, o acompanhamento com o nefrologista ou urologista é essencial.