Nos últimos anos, o consumo de suplementos alimentares deixou de ser algo restrito a atletas de alto rendimento e fisiculturistas e passou a fazer parte da rotina de milhões de brasileiros. Seja para melhorar a imunidade, a performance na academia ou compensar uma alimentação desequilibrada, os produtos prometem benefícios rápidos.
É grande a busca por suplementos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIAD), quase 60% da população brasileira já usou algum suplemento e cerca de 40% consome regularmente.
O que são suplementos alimentares? Suplementos alimentares são produtos concentrados de nutrientes, como vitaminas e minerais (vitamina D, C, ferro, zinco), proteínas e aminoácidos (whey protein, BCAA), ácidos graxos (ômega-3), substâncias bioativas e fitoterápicos (cafeína, chá verde, cúrcuma).
Eles não substituem refeições e devem ser usados para complementar a dieta quando há deficiências identificadas ou necessidades específicas, como na gestação, lactação, recuperação de doenças ou práticas esportivas intensas.
O mercado global de suplementos tem crescimento contínuo e movimentou US$ 177 bilhões em 2023 (Grand View Research), com previsão de atingir mais de US$ 300 bilhões até 2030.
No Brasil, as vendas cresceram 150% na última década, impulsionadas por maior acesso a academias e programas de treino, popularização de influenciadores fitness, venda online com entrega rápida, publicidade. Entre os mais consumidos no Brasil estão os polivitamínicos e minerais (36%), proteínas em pó (31%), ômega-3 (22%), termogênicos e pré-treinos (11%).
Os suplementos quando usados sob supervisão profissional podem prevenir deficiências de vitaminas e anemia, auxiliar na saúde óssea (cálcio, vitamina D) em idosos, melhorar performance esportiva (creatina, whey protein, cafeína) quando em doses seguras e ajudar na recuperação muscular após exercícios.
O uso sem orientação pode trazer riscos como: excesso de vitamina A (problemas no fígado), suplementos proteicos em excesso (sobrecarga renal), especialmente em pessoas com doenças renais não diagnosticadas, termogênicos com cafeína (palpitações, arritmias, insônia e ansiedade), vitamina C (diarreia, cálculos renais).
De acordo com o National Institutes of Health (EUA), 1 em cada 4 casos de danos hepáticos por medicamentos ou produtos naturais é causado por suplementos. Pesquisa da Anvisa mostrou que 10% dos suplementos vendidos pela internet não têm registro válido, e alguns contêm substâncias proibidas. Pouca gente sabe, mas suplementos podem interferir na ação de medicamentos a exemplo da Vitamina K que pode reduzir o efeito de anticoagulantes.
Para usar suplementos de forma segura deve-se consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer suplemento, basear a escolha em exames laboratoriais e avaliação clínica, priorizar fontes alimentares naturais, respeitar doses recomendadas e evitar “megadoses” sem necessidade. Lembre-se de sempre checar o rótulo e registro na Anvisa para garantir procedência.
Suplementos alimentares podem ser grandes aliados da saúde, desde que usados com conhecimento e moderação. O segredo está no equilíbrio entre uma dieta equilibrada, sono adequado, prática regular de atividade física e acompanhamento clínico- nutricional.
Suplementos Alimentares – Benefícios e riscos

Especialista em Nefrologia e Clínica Médica; Membro titular da Sociedade
Brasileira de Nefrologia Professor da Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP); Mestre em Ciências da Saúde Preceptor de Clínica Médica. CRM
892 RQE 386