Viver 100 anos com saúde, autonomia e lucidez, sem depender de remédios diários ou internações frequentes é o sonho de muitos. Apesar de parecer um sonho distante, em algumas partes do mundo, isso é uma realidade comum.
As regiões, chamadas Blue Zones, concentram pessoas centenárias que envelhecem com qualidade de vida, mantendo funcionalidade, alegria e independência. Em um mundo em que doenças crônicas, estresse e sedentarismo são cada vez mais prevalentes, entender o que essas populações fazem diferente se torna essencial.
O conceito de Blue Zones surgiu a partir de um estudo liderado por Dan Buettner, da National Geographic, que investigou lugares com alta concentração de centenários saudáveis. Essas comunidades têm em comum a alimentação natural, baseada em vegetais, o movimento constante, mesmo sem academia; o convívio social próximo e harmonioso; a espiritualidade presente no cotidiano e ritmo de vida mais calmo e significativo.
Entre elas temos 5 regiões principais:
- Okinawa (Japão): mulheres vivem, em média, 87 anos; seguem o princípio ikigai (propósito de vida).
- Sardenha (Itália): dieta mediterrânea, vínculos familiares e vinho tinto moderado.
- Icária (Grécia): rotina com cochilos, pouca carne, muitos legumes e forte espiritualidade.
- Nicoya (Costa Rica): consumo de feijão, milho e frutas tropicais, além de apoio intergeracional.
- Loma Linda (Califórnia): comunidade adventista, com hábitos vegetarianos e foco na fé.
Enquanto a medicina tradicional trata doenças com medicamentos, a Medicina do Estilo de Vida (MEV) atua sobre suas causas (alimentação, sedentarismo, sono, estresse, vícios e isolamento social).
É uma medicina preventiva, transformadora e baseada em evidências compondo seus pilares com alimentação saudável, rica em vegetais, grãos integrais, legumes, sementes e minimamente processados.
A atividade física deve ser regular e qualquer movimento conta como caminhar, subir escadas, dançar, cuidar de plantas. O sono deve ser reparador visto que sono adequado reduz o risco de obesidade, depressão, hipertensão e Alzheimer.
Devem-se evitar substâncias nocivas como tabaco, álcool em excesso e drogas. É necessária também a gestão do estresse com respiração consciente, meditação, lazer e espiritualidade reduzem cortisol e inflamação. As conexões sociais e amizades são também fortes fatores de proteção, tão importante quanto parar de fumar.
Alguns estudos mostram que até 90% dos casos de diabetes tipo 2 e 80% das doenças cardíacas poderiam ser evitados com mudanças nesses pilares.
Em Okinawa, os números mostram que cerca de 34 pessoas em cada 100 mil têm mais de 100 anos (o dobro da média japonesa). Na Icária, 1 em cada 3 habitantes chega aos 90 anos e as taxas de demência são quase nulas.
Um estudo da Harvard School of Public Health com 120 mil pessoas concluiu que não fumar, comer bem, se exercitar e dormir com qualidade aumenta a expectativa de vida em até 12 anos. Segundo a Lancet, dietas pobres em frutas e vegetais estão entre os 5 principais fatores de risco de morte no mundo. Enquanto isso, no Brasil dados da Vigitel (2023) mostram que 54% da população adulta está com excesso de peso e 20% é sedentária.
No caso do Biohacking (a ciência do autoaprimoramento) que é a prática de modificar hábitos, biologia e mente com base em dados, ciência e tecnologia, buscando mais energia, foco e longevidade. Embora pareça futurista, muitos dos seus pilares são variações modernas dos hábitos das Blue Zones.
Entre as práticas temos o jejum intermitente que melhora da sensibilidade à insulina, menor inflamação e maior longevidade celular. A Exposição ao frio e calor com banhos gelados e saunas ativam genes de regeneração.
Usa-se monitoramento de saúde com relógios inteligentes, sensores de sono, batimentos cardíacos, glicose e variabilidade cardíaca. Tem-se também a suplementação dirigida com vitamina D, magnésio, probióticos, ômega-3, com acompanhamento. E por último, técnicas de foco e produtividade como respiração e meditação guiadas e luz azul pela manhã.
Atividade física, boa alimentação e melhora na qualidade de vida são fatores de melhora cardiovascular e de sobrevida geral e devem ser sempre estimulados dentro das famílias e das populações. Em caso de dúvidas em como começar, procure um profissional da saúde.