E por aí muitos estão por partir,
Quisera falar-lhes
A partir das funduras
De meu coração.
Ocorreu-me no instante
Em que percebi,
Que os excessos
De sons e imagens reais
E virtuais
Criaram um mundo imaginário,
Que me impediam
De enxergar e escutar
O essencial da vida:
O tique-taque de nossos
Corações.
É na imensidão
Dos desencontros da vida,
Quando ainda poderíamos
Tentar dizer-nos algo inefável,
Aliviando nossas dores,
Secando nossos suores,
Agredimo-nos verbalmente
Ou calamo-nos,
Morrendo lentamente,
Afogando-se em mágoas
Passadas e distanciamento Pétreo.
Que sentimentos
São esses que vêm e vão,
Que nem de aluvião,
Que sem sentir
Vão tomando o pescoço,
Nos afogam aos poucos,
E que nos assombram
Até o final de nossos dias,
Moendo nossa consciência
De remorsos?
Contudo, apenas
Com a força incognoscível
De nossos olhares Entrecruzados
Revela o nosso estranho Acumpliciamento,
Tal qual dois prisioneiros
Condenados pelo tempo
E local de estarmos juntos,
Pois eis que estamos
Na mesma estrada,
Irmanados inevitavelmente,
Por vezes, por caminhos Diametralmente opostos,
Nem sempre agradáveis.
Ainda que vija um silêncio
Entre todos nós,
Quando teria sido
Melhor falado,
Menos ter ficado calado
Ou por outro lado, gritado
Até excruciar o penar,
Sem mais nenhum nó
Atado na garganta,
Daquilo que poderia
Ter sido esclarecido,
Algo inaudito,
Oculto ou proibido,
Indelével,
Jaz simbolicamente enterrado
Em nossos seios,
Que jamais pude expressar-me
Com clareza,
Tampouco compreender
Tal grandeza e profundidade,
Diante da disforia cotidiana,
Que nos fascina
E sufoca,
Que em meio a perturbadora Acatisia,
De repente todos se foram,
Deixando grandes vazios
Dentro de mim,
Que nada preenche,
A não ser tu
E tantos outros,
Que estiveram ao meu redor,
Sem que eu lhes desse
O verdadeiro valor,
Por nossas ideias,
Nossos sonhos, fantasias,
Planos conjuntos,
Nossas alegrias
E gargalhadas incontidas.
Pois, era nas nossas
Intermináveis
Conversas jogadas fora,
Durante nossos almoços
Domingueiros,
Nosso passa tempo preferido, Em meio ao banho de rio,
Que nosso amor fraternal
E impagável se fortalecia
E se eternizava
Nas minhas doces
Lembranças.
Foi por tuas sentidas Ausências,
Que resolvi voltar.
Na incompletude do recôndito
De minh’ alma,
Quando um dia poderia
Ter passeado
E me perdido muito mais
No mundo das delicadezas
De um COR SANO
E tirado férias de uma rotina
Que me exauria
E me distanciava,
Tratava de ocupar-me
De coisas sem sentido
Ou de pouco valor.
E eu que distraidamente
Jamais imaginei,
Nem me dei conta
De que um dia
Iriam todos embora,
Um a um, deixando-me sozinho
Com meus vagos pensamentos
E memórias perdidas,
Quando em meio à crises
De revoluta catexia,
Me penitenciei;
Sim, quem sempre
Esteve ausente de tua vida
E de tantas outras fui eu! (perdão).
E apenas com bilhete de ida,
Fui para lugares tão distantes
E desconhecidos,
Que por puro egoísmo
Apenas eu mal sabia o destino
E por isso jamais voltei
E agora estou de regresso
Por essas tocantes linhas,
Para estar ao teu lado
Para sempre através de corpo
E alma.