Há uma enorme distância entre investir e desenvolver. Esses desperdícios dificultam e até inviabilizam os meios de avaliar ou medir o desenvolvimento econômico derivado de intervenções locais, quanto a migração e transferências de recursos de atividades tradicionais para as modernas cria-se uma falsa sensação de bem-estar social, quanto mais as sociedades locais e até regionais dispõem de recursos econômicos, institucionais e sociais, ressaltam a planificação para o poder de baixo para cima, capital social, contrariar a lógica natural e permitir que a União e entes Estaduais e municipais ouçam a sociedade e apliquem suas raias de Decretização do desenvolvimento incorporando a vocação regional local e ampliando e melhorando a produção de desenvolvimento e capital locais.
O tema do desenvolvimento local não é apenas controverso em termos conceituais, mas também metodológico. Assim colocado, tentativas de avaliar ou medir o desenvolvimento econômico produzido pelas intervenções locais tornam-se uma tarefa, no mínimo, difícil. Estamos acostumados a ver o Brasília mandando “próteses de projetos” para estuprarem as sociedades locais sem avaliar a vocação e vontades locais e principalmente sua melhoria, ampliação e qualificação do capital social existente nessas áreas.
Segundo Barquero (2001), a territorialidade com todo seu capital social passa por uma forte impactação promovida pelas mudanças estruturais devidas as transformações produzidas pela chegada de investimentos alienígenas com atividades modernas que demanda transferências dos recursos das atividades tradicionais, que passam a definhar com a prótese que tenta construir um desenvolvimento local. Todos desejamos a modernidade, mas não se pode varrer culturas e exilar gerações tão somente para ganhar mais capital.
Promover o Desenvolvimento Local significa implementar ações em territórios ou microrregiões que permitam a ativa participação do cidadão, o efetivo controle social sobre a gestão pública através do fortalecimento da sociedade civil e o empoderamento de grupos sociais antes marginalizados nas esferas de tomada de decisão e aplicação dos novos capitais e investimentos públicos.
Por promover a inclusão social e fortalecer a democracia, o Desenvolvimento Local é considerado um importante meio de combater a pobreza. Na prática, o conceito leva a campo cinco dimensões: a inclusão social; o fortalecimento e a diversificação da economia local; a inovação na gestão pública; a proteção ambiental e o uso racional de recursos naturais; e a mobilização social. O Maestro desses cinco elementos é a política, e as notas para uma boa partitura é o voto consciente.
O desenvolvimento local pressupõe uma transformação consciente da realidade local. Isto implica em uma preocupação não apenas com a geração presente, mas também com as gerações futuras e é neste aspecto que o fator ambiental assume fundamental importância. Na visão da dimensão da transversalidade defendida por Sachs (2001) o desgaste ambiental pode não interferir diretamente a geração atual, mas pode comprometer sobremaneira as próximas gerações.
Diferentemente do ciclo de crescimento econômico protagonizados pela exploração de Manganês pela Icomi iniciado na década de 1950 a Zona Franca Verde é um projeto que se instala numa região Metropolitana de Macapá (RMM) com uma população dependente de todos os meios e cooperações, de rede integrada e participação de ausência, um entorno de proteção institucional e de gestão de formação de capital social dentro do binômio desenvolvimento local e desenvolvimento endógeno.
O capital social não pode ser acionado, acumulado e reproduzido imperativamente, daí a necessidade de que as pessoas se interliguem, umas às outras, segundo um padrão horizontal de organização, que não seja de subordinação uma à outra e que seja amigavelmente interdependente. Essa plataformização do capital social, no tempo e lugar da Zona Franca Verde de Macapá e Santana irá encontrar uma orfandade por conta da ausência de um entorno institucional e econômico favorável e (in)capaz de fermentar o desenvolvimento endógeno.
Um relacionamento horizontal, combinado com a interdependência, direciona as pessoas a estabelecerem relações de parceria entre si, ao invés de ficar longo tempo, possuídas por uma preocupação de “quem vai mandar em quem”. A nova visão indica outra maneira de trabalho e interligação horizontal e interdependência, que conduz à autonomia das pessoas e não a uma subordinação escravagista.
Esse alinhamento entre os sujeitos reclama uma imperiosa articulação entre as esferas pública e privada e são mais dominantemente compostos por agências, entidades de estado e do terceiro setor não inviabilizam ou contradizem os sujeitos que plasmeia o compartilhamento em relevo entre pessoas, os valores e objetivos sociais. No nosso Amapá a Fulanização do poder tem destruído todos os caminhos que buscam o fortalecimento do Capital social local e regional.
A participação engajada direciona à descentralização administrativa e ao surgimento de líderes nas comunidades. Em cada atividade participada emergem líderes naturalmente. Isso gera uma diversidade de iniciativas e de atores sociais dispostos a assumir responsabilidades, o que contribui para com a descentralização, uma prática efetiva de democracia e uma atuação de todos os envolvidos.
No espaço da Região Metropolitana de Macapá, ribalta de domínio e desenvolvimento da Zona Franca Verde, a formação do capital social se dá muito de maneira mais explicita pelo fortalecimento das instituições, mas sem o espírito republicano e democráticos, pois essas instituições são fragilizadas no ambiente institucional, no ambiente social, político partidário há uma perda desse capital uma vez que boa parte dos dirigentes que se envolvem com as questões das instituições acabam se perpetuando um pouco mais à frente nessas instituições ou no poder político.
Gera-se uma blindagem que se opõe a entrada de novos agentes sociais, produzindo ao longo do tempo uma perda de capital social, porque quando essas pessoas morrem, ou elas são transferidas, toda ou parte daquela memória assimilada nessa discussão do capital social, daquilo que é agregado no processo de mudança e de transformação ela é perdida, então esse capital social é significativamente prejudicado.
No Amapá, como em outros estados do Amazônia e Nordeste há uma forte institucionalização das famílias no poder público tornando o próprio poder um capital familiar ou retribalizados por algumas famílias tradicionais na política.
Estes três fatores estão inter-relacionados e são interdependentes. O aspecto econômico implica em aumento da renda e riqueza, além de condições dignas de trabalho. A partir do momento em que existe um trabalho digno e este trabalho gera riqueza, ele tende a contribuir para a melhoria das oportunidades sociais. Do mesmo modo, a problemática ambiental não pode ser dissociada da social.
No Estado do Amapá, a sociedade tardiamente vem conseguindo aumentar discretamente o nível de participação com a ajuda do terceiro setor e atuação discreta de algumas instituições de Estado. A ZFV inicia sua jornada de crescimento e sobrevivência enfrentando e vencendo os fatos de nossa insularidade com o Brasil e Mercosul além do enfrentamento das difíceis relações para formatação do desenvolvimento endógeno, também o enfrentamento ao sujeito meio ambiente que por sua natureza física, cultural, constitucional é meio econômico e espaço social e capital.
Assim essa complexa e intrínseca relação de interseção no debate teórico do desenvolvimento local com o desenvolvimento endógeno aumenta sua escalera de sujeitos conforme muito bem definidos pelos acadêmicos, de que o espaço não é um mero suporte físico dos objetos, atividades e processos econômicos, e sim um agente de transformação social.
No caso em tela da ZFV, especialmente no contexto macropolítico, três coisas são destacáveis nessa discussão do desenvolvimento local: a primeira é o planejamento; a segunda a gestão; e a terceira é a governança. A governança, geralmente, está envolvida nas fragilidades e inconformidades do planejamento e na transgressão das competências dos poderes em especial o que chamamos de TACracia, quando os poderes de execução federativos e da governança recuam na sua competência e aquilo que cabe ao poder público municipal, estadual e até federal se começa a delegar ao Ministério Público e, quando pior, aquilo que passa a ter dúvidas institucionais ou conflitivas são resolvidas na esfera da justiça. Quase sempre o corolário de um TAC é perda de eficácia de investimentos e desperdício de recursos naturais.
O local nem sempre se sobrepôs ao municipal. Em alguns casos era mais amplo e abarcava uma região inteira, em outros abarcava apenas determinados bairros de um conjunto de municípios. Assim, o local não se refere ao tamanho, mas abarca o conjunto de relações que existem em um determinado território, seja ele uma microrregião ou uma cidade, considerando as heterogeneidades e especificidades do lugar.
Pode-se somar ao valor dado pelo autor ao lugar como o conjunto de relações a necessidade de domar a fúria da vaidade política em estado pequeno como o Amapá. Para que um projeto possa ter êxito é preciso inicialmente que a sociedade o compreenda, absorva e entenda aquele projeto não como uma patente de alguém ou político, mas entenda ele como um projeto divisor de águas para o avanço da sociedade, só assim todos esses outros mecanismos serão capazes de agregar valor a uma oportunidade rara como a industrialização e verticalização de insumos numa Zona Franca Verde.
Amapá tem muitos inimigos invisíveis, então essa coisa dos inimigos invisíveis não se resume àquelas pessoas que nós pensamos que tem mandatos ou cargos executivos, mas os inimigos invisíveis do Amapá acabam, de uma maneira ou outra, conspirando para que os nossos grandes projetos de larga escala de desenvolvimento como Icomi, AngloFerro, Jari, Caulim, desaguem na vala do insucesso e ou eternas demandas judiciais agendadas nas calendas Gregas ou em uma bula prescrita na mesa da TACcracia.