Onde quer que eu for, o que vou encontrar? Cisterna, palácio, esconderijo ou lar?
O que devo perguntar? O que devo buscar? Quais caminhos trilhar? Uma chave ou fenda nos portões ou porões, ou nos olhares a vagar e vasculhar sentenças escondidas de peritos entorpecidos pelos sibilos de hipocrisias guardadas nos simulacros de corações ao longo de gerações, agora trazidas à tona pelos ciclones e furacões, margens alagadiças, barreiras distróficas submergindo em uma sociedade de tecitura distópica.
Há dores, dores e horrores, nos espelhos e nos veios de brilhantes e turmalinas, nas minas de ouro e de lítio – o cobiçado ouro branco encravado em salmouras e barrancos a provocar barracos constantes na geopolítica intestina dos líderes falsos e clandestinos, um desatino.
Há dores nos campos, nas coxilhas, nos alagados, nos cerrados e nas selvas. Há dores. Há espasmos e terrores nas sangrias das vias das nascentes e afluentes, nos mares e regatos em repetições seculares de descaso desaguando em entropias, provocando embolias em cenários e paisagens ou nos corpos de quem deveria vir a ser o humano ser.
Há dores na fome do pescador ribeirinho; do agricultor eco sustentável emergente e solidário com o “parto” da terra saudável; do empresário consciente sob pressão permanente do capital esfoliante. Há dores onde a desumanização se faz intransigente e destrói inclemente, sem cerimônia ou paciência, a alegria das gentes.
Há dores. Há horrores. Há inseguranças e medos. Há ódios e insanidades. Há um conflito climático nos ares e nas mentes provocando turbulências, desvios de rotas e falências de sistemas e sentimentos nos mais diversos relacionamentos, do mais simples ao apoteótico, dos amores e dos negócios, incluindo trabalho e ócio.
Há esperança! Enquanto houver mãe, haverá uma criança. Uma, duas, três… renasce a vida outra vez.