Mais de 2.200 atletas de elite do atletismo estão chegando a Tóquio para o próximo campeonato mundial, mas Cooper Lutkenhaus deve ser o único a levar deveres de casa.
O jovem de 16 anos do Texas, nos Estados Unidos, é a pessoa mais jovem da história a integrar a equipe dos EUA para o Campeonato Mundial de Atletismo, tirando uma folga do ensino médio para competir.
Ele não conseguirá escapar totalmente das tarefas escolares, prevendo que isso pode até ser uma distração saudável antes da maior corrida de sua vida.
“Pode ser até bom, assim tenho algo para fazer em vez de ficar sentado no quarto do hotel o dia todo depois do treino”, conta Lutkenhaus à CNN Sports. “Vai me dar uma pausa do lado corredor das coisas.”
Ninguém, nem mesmo Lutkenhaus, esperava que ele estivesse nessa posição. Antes do campeonato nacional dos EUA, onde os atletas competiam por uma vaga na equipe americana para Tóquio, seu objetivo era simplesmente chegar à final.
Isso explica a expressão de total descrença – mãos na cabeça, boca bem aberta – no rosto de Lutkenhaus quando ele conquistou a medalha de prata nos 800 metros, ultrapassando a maior parte do pelotão na reta final.
Seu tempo? Um impressionante 1:42.27, reduzindo mais de um segundo do recorde mundial sub-18. Apenas três americanos na história correram mais rápido, e um deles, Donavan Brazier, terminou apenas uma fração à sua frente.
Grande surpresa
A reação à performance de Lutkenhaus tem sido de espanto e incredulidade. “Atordoado e impressionado” foi como o ex-corredor Jim Ryun, amplamente considerado um dos maiores atletas do ensino médio de todos os tempos, reagiu quando questionado pelo locutor Toni Reavis. Já Steve Magness, autor e treinador de performance, chamou o feito de “a conquista atlética mais impressionante da história.”
“Não existem superlativos”, acrescentou Magness. “Sua performance faz o LeBron do ensino médio parecer um atleta comum.”
Contrato profissional
Agora em seus últimos dois anos na Northwest High School em Justin, Texas, Lutkenhaus recentemente assinou seu primeiro contrato profissional com a Nike. Isso significa que ele abrirá mão de competir em futuras competições escolares e universitárias, tornando-se o mais jovem atleta de atletismo a se juntar à marca.
Enquanto se prepara para competir no campeonato mundial – sua primeira competição fora dos EUA – Lutkenhaus mantém a mesma programação que o trouxe até aqui.
Ele corre modestos 48 quilômetros por semana, alternando entre corridas mais lentas e treinos de velocidade pela manhã, às vezes seguidos de treino de força, e depois vai à academia à tarde para exercícios no elíptico e alongamento.
Essa rotina ajuda Lutkenhaus a conciliar tudo com as aulas e trabalhos escolares.
“Correr ocupa duas horas do dia, e o que você vai fazer nas outras 22 horas?”, ele questiona.
Mundial de Atletismo
Ele agora competirá ao lado dos corredores mais rápidos dos 800m dos EUA – o ex-campeão mundial Brazier, o recordista americano Bryce Hoppel e o campeão mundial indoor Josh Hoey – em Tóquio, com o simples objetivo de aproveitar o momento e seguir um passo de cada vez.
Apesar de entrar no campeonato mundial como o sexto corredor mais rápido dos 800m este ano, Lutkenhaus não sente pressão sobre seu desempenho, nem o peso de ter que reproduzir os mesmos níveis impressionantes que vimos no campeonato nacional do mês passado.
Naquela ocasião, livre de qualquer expectativa, ele produziu a corrida de sua vida.
“Quando estava no Campeonato Americano e cheguei à final, sinto que a maioria das pessoas pensava: “Ah, que legal, o garoto do ensino médio chegou à final””, diz Lutkenhaus. “Mas ninguém esperava nada de mim, então eu realmente quis aproveitar isso e ver do que era capaz.”
“Eu não tinha nenhuma pressão, pelo menos na minha visão”, acrescenta. “Tinha tudo a ganhar e nada a perder.”
A situação será semelhante em Tóquio, onde Lutkenhaus será muitos anos mais jovem que seus competidores e companheiros de equipe. Ele está determinado a “dar 100% de esforço” independentemente do resultado, enquanto também aproveita a oportunidade de competir no mais alto nível do seu esporte. Afinal, não é todo dia que se tem um motivo legítimo para pedir duas semanas de dispensa da escola.
Lutkenhaus está otimista que, pelo menos desta vez, seus professores serão compreensivos: “Acho que, com sorte, eles vão entender.”
Fonte: CNN
