A inundação é o processo em que ocorre submersão de áreas fora dos limites normais de um curso de água em zonas que normalmente não se encontram submersas. O transbordamento ocorre de modo gradual em áreas de planície, geralmente ocasionado por chuvas distribuídas e alto volume acumulado na bacia de contribuição.
Assentamentos urbanos encontram-se geralmente localizados em áreas de planícies de inundação e, com o crescimento desordenado das cidades, têm sido observado um aumento progressivo da intensidade e alcance dos eventos de inundação, assim como o impacto destes na população. Somado à impermeabilização dos solos nas cidades está à falta de infraestrutura das cidades e o desmatamento da mata ciliar, ambos favorecem o aumento volumes de vazão e a velocidade de propagação da onda de inundação, que chegam as regiões onde os eventos hidrológicos constituem um risco de desastre natural para a população.
Nas grandes cidades é comum atribuir o nome de inundação ao processo de alagamento urbano. Os alagamentos são caraterizados pela extrapolação da capacidade de escoamento de sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas, calçadas ou outras infraestruturas urbanas, em decorrência de precipitações intensas. Consequentemente, o alagamento não conforma um desastre natural.
As inundações são resultado da interação de fenômenos meteorológicos (tempestades repentinas, chuvas contínuas, intermitentes), hidrológicos (infiltração no solo, escoamento superficial seguindo a topografia, porosidade, saturação) e humanos (forma de uso e ocupação do solo, como urbanização ou impermeabilização do solo). A interação pode ser muito complexa envolvendo as escalas espaciais da precipitação atmosférica, as escalas espaciais da topografia da bacia hidrográfica e a infraestrutura urbana, no caso de cidades. A morfologia das redes de drenagem urbanas também são importantes para a distribuição da água. A forma dos vales, sua declividade e escala espacial e a escala espaço-temporal da chuva que impinge as encostas são fatores importantes para as condições de formação de enchentes repentinas ou prementes. Existem também enchentes regionais, por exemplo, no Pantanal brasileiro, que nos meses de chuva (setembro a março) apresentam sua superfície original coberta por uma lâmina de água, mas que neste caso não se caracteriza como inundações e sim como enchentes naturais. As enchentes tem papel importante na vida de um rio, pois no período de cheias estabelece pequenas lagoas nas bordas dos rios, onde peixes nativos se reproduzem e passam a primeira parte de suas vidas antes de retornar ao rio. A ocupação de várzeas (isto é, seus leitos maiores) dos rios em áreas urbanas agravou muito o problema de enchentes urbanas no Brasil, isto ocorreu em anos em que se considerava a natureza e os rios urbanos como empecilhos ao desenvolvimento econômico da cidade, mas certamente o custo foi alto e novos conceitos foram introduzidos e discutidos pelos gestores urbanos no início do século XXI.
Para se ter um bom controle e prevenção às inundações, deve-se adotar diversas medidas, pois a ocorrência desse fenômeno tem-se tornado mais frequente a cada ano em vários locais do Brasil e do mundo. Tal fato ocorre devido à acelerada (ocupação do solo) sem que sejam tomadas as devidas precauções que levem em conta riscos ambientais e tecnológicos.
É imprescindível que se leve em conta planos de ação de prevenção contra essas catástrofes. Algumas obras podem ser realizadas para controle das inundações no meio urbano, tais como construção e manutenção de bueiros, diques, barragens de defesa contra inundações, valas, tanques de contenção (piscinões) ou ainda obras de revitalização de rios, muito utilizadas na Holanda e na Alemanha.
É necessário administrar toda a problemática gerada pela ocupação urbana desenfreada com medidas de controle do destino que é dado aos resíduos, que, obstruindo canais, impede que a água seja escoada com facilidade; assim como da ocupação do solo, levando-se em conta a capacidade da água de se escoar para os rios, que são os canais naturais de escoamento.
Na ausência de tais medidas, fatalmente ocorrerão os problemas ocasionados pela deficiência dos meios tradicionais de escoamento artificial, se estes não têm capacidade suficiente de prover o escoamento do volume de água, dado que não existe um sistema de drenagem que suporte um volume de água maior que o nível previsto para uma máxima pluviométrica. Prevenir é muito melhor. [email protected].