- Eu quero o Lepo Lepo, Doutor!
Já começo a consulta rindo: - Lepo Lepo, seu Martins?
Do nada, meu novo paciente levanta, faz uma dancinha e canta: - Rá rá rá rá rá, o Lepo Lepo…
“Socorro! Meu Deus, o que é isso?”
E ele repete os passos e a música: - Rá rá rá rá rá, o Lepo Lepo…
Já entendo que ele está falando de sua sexualidade.
E brinco: - E quem não quer Lepo Lepo, Seu Martins!
Ele se senta outra vez e descontrai: - Por favor, só me chame de Juliano.
Assinto: - Desde quando você está tendo dificuldade de ereção?
Ele entorta o pescoço, sem graça: - Bom, começou a diminuir a potência máxima já tem uns vinte anos, mas faz meses que foi é tudo.
Tenho que me conter para não rir do seu jeito engraçado de falar.
E explico: - É natural, todos os homens começam a perder sua potência a partir dos quarenta anos, não tem como fugir disso, mas tem como tratar! E melhorar a performance totalmente!
Ele aponta para suas partes baixas: - Eu quero tratar é logo, Doutor, tenho muito para namorar ainda.
Rio: - Estou vendo…, cadê seus últimos exames? Deixa eu dar uma olhada para ver se preciso pedir novos exames ou se podemos seguir daqui em diante.
Esta foi a minha primeira consulta com o seu Martins e por mais engraçado que tenha sido, este problema é muito recorrente e importante.
Sexualidade é vida, tem que ser vista com a importância que tem, porque ela nos devolve a vontade de viver, nos permite o amor, bons relacionamentos, alivia o estresse e equilibra os problemas da vida.
Respiro fundo e falo comigo mesmo: - Não dá para viver bem sem uma boa qualidade de vida sexual!
É inacreditável que este tema ainda possa ser um tabu nos dias atuais, não há nada que se envergonhar com o tema, mas buscar ajuda, tratamento e até mesmo terapia para melhorar essa área da vida. - Sim, terapia, porque cerca de setenta por cento dos problemas com a sexualidade vem de problemas emocionais, tabus, crenças limitantes que precisam ser trabalhadas e até mesmo traumas de infância e ou de família, que precisam ser superados.
Quanto ao Seu Martins, a segunda consulta conseguiu ser ainda mais divertida: - Está pronto Juliano?
- Prontíssimo!
Ele decidiu fazer a Retonificação Peniana, que nada mais é do que a aplicação local de Células-tronco, ou seja, no pênis do paciente. Essa técnica irá promover uma regeneração no tecido e órgão como um todo, o que inicialmente gera um aumento no tamanho, além da potência máxima na ereção outra vez. - Eu vou ficar com vinte anos outra vez, Doutor?
Com a seringa na mão, provoco: - Dezessete, Juliano! Dezessete!
Ele põe o órgão para fora, como se fosse uma relíquia: - Tá aqui, Doutor! O Precioso!
Caio na gargalhada: - O Precioso vai ficar pronto para o Lepo Lepo!
“O precioso é grande! Por isso o orgulho do meu paciente com o nome do rapaz!”
Ele espreme os olhos com receio de sentir dor, mas com o anestésico, não dói absolutamente nada.
Ele solta o ar, visivelmente aliviado, mas continua empolgado: - Eu já marquei três encontros para daqui duas semanas, Tércio!
Continuo fazendo a aplicação local e conversando: - Três encontros?
- Eu preciso tirar o atraso…
“O fogo desse meu paciente é admirável!”
Rio.
Ele continua: - E ver se essas Partículas Divinas aí funcionam mesmo.
- Mas o resultado você já vai sentir daqui a pouco, meu querido…
Ele dá um pulo na maca: - Quer dizer que eu posso ter um encontro hoje, se eu quiser?
- Não, o ideal é descansar mesmo, porque o Precioso vai ficar inchado.
Rimos.
A segunda consulta termina da mesma forma que começou, tanto essa quanto a primeira: divertida!
Acho que é assim mesmo que tem de ser, com pacientes que compreendem o valor de sua própria sexualidade como qualidade de vida, porque é justamente isso que é!
A falta da sexualidade pode gerar outros problemas como: baixa autoestima, solidão, depressão, tristeza, introversão, isolamento social e afetivo, estresse, ansiedade etc.
O olhar atento e acolhedor com a vida sexual depende de cada um, não é possível que outra pessoa cuide dessa área de nossa vida por nós mesmo, é preciso o autocuidado e auto acolhimento neste sentido, superar qualquer vergonha e seguir em frente.
Falo sozinho e caio no riso: - O Lepo Lepo é essencial!
Estou na minha sala e decido colocar a música no celular.
Ela toca: - “Eu não tenho carro. Não tenho teto. E se ficar comigo é porque gosta. Do meu rá rá rá rá rá rá rá. Lepo Lepo. É tão gostoso quando eu. Rá rá rá rá rá rá rá. O Lepo Lepo…”
Minha esposa abre a porta e me pega no pulo: - Tércio, amor?
Ela ri.
Eu me viro para ela, canto e danço: - “Eu não tenho carro. Não tenho teto. E se ficar comigo é porque gosta. Do meu rá rá rá rá rá rá rá. Lepo Lepo. É tão gostoso quando eu. Rá rá rá rá rá rá rá. O Lepo Lepo…”
Vida é para ser vivida, com alegria, amor.
“E Lepo Lepo!”
Doutor Tércio Rocha, especialista em Medicina Regenerativa
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