Eduque sem culpa
Entender que existem regras faz parte de um importante processo de aprendizagem da criança. Por isso, os pais devem sentir-se autorizados a educar. “Eles têm essa função e serão cobrados por isso”, diz Isabel Kahn, psicóloga e professora da PUC-SP. Os pais que trabalham devem administrar o sentimento de culpa. “Quando a mãe explica que precisa trabalhar, o filho pode sentir falta dela, mas ele compreende a situação”, garante.
Por isso, os especialistas são unânimes em afirmar: nada de tentar compensar a ausência por meio da superproteção ou de permissividade. “Ao perceber que os pais se sentem culpados, a criança pode adotar comportamentos manipuladores”, alerta a psicanalista Patrícia Nakagawa, mestre em psicologia escolar, aprendizagem e desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo.
Crie um bom vínculo afetivo
Demonstre carinho, converse e brinque. Assim, você cria uma maior cumplicidade com a criança. Segura de que tem a atenção dos pais, ela aprende que não precisa recorrer à desobediência para chamar a atenção. Dessa maneira, quando você precisar impor uma regra, a criança compreenderá mais facilmente que há momentos em que ela deve obedecer.
“Para criar um bom vínculo com uma criança não é preciso dar presentes ou mimar demais, mas brincar com ela”, afirma a psicóloga Suzy Camacho, autora do livro “Guia Prático dos Pais” (Edit. Paulinas).
Ao chegar do trabalho, dedique pelo menos 15 minutos para brincar. “A qualidade da interação é muito mais importante do que a quantidade”, completa a psicóloga Juliana Nutti, que é doutora em Educação pela UFSCAR e coordenadora do curso de especialização em Psicopedagogia do
Centro Universitário Central Paulista.
Valorize o papel da criança
Seu filho precisa conhecer a importância dele na família. Para isso, é bom que ele tenha o seu lugar reservado na mesa de jantar e seja ouvido pelos pais. “A criança deve saber que obedecer aos pais contribui para o desenvolvimento de uma dinâmica familiar harmoniosa, na qual todos são recompensados”, explica Juliana Nutti.
Crie uma rotina
Utilize o bom senso e estabeleça uma rotina para o seu filho. “A rotina é fundamental, pois traz segurança e faz com que a criança se sinta cuidada. Aos poucos, dê-lhe uma certa autonomia para executar pequenas ações sozinhos. A criança gosta de sentir-se capaz”, garante Adriana Tanasovici, psicopedagoga do colégio SAA, em São Paulo. Uma rotina bem adaptada ao ritmo da criança reduz a ansiedade, faz com que ela se lembre de algumas tarefas cotidianas, como escovar os dentes após as refeições, e tenha um sono de qualidade.
Dê ordens claras
Dialogue sempre, use linguagem adequada à faixa etária da criança e tom firme . Ao dar uma ordem, olhe nos seus olhos da criança. É preciso persistência, mas psicólogos garantem que funciona: “Diga o que ela deve fazer uma única vez. Aguarde alguns minutos e verifique se ela já fez o que você pediu. Se não, pegue-a pela mão e a acompanhe na execução. Repita até que ela se condicione a atendê-lo”, diz Suzy Camacho.
Esteja preparado para lidar com a desobediência
Ao desobedecer , a criança busca uma satisfação momentânea, nem sempre o seu objetivo é afrontar o adulto. Por isso, aja com calma e firmeza. “Não se pode dizer não aleatoriamente, mas é fundamental sustentá-lo quando for preciso, pois a criança tem que saber que ela não pode pular uma janela ou não deve agredir o coleguinha”, ressalta Isabel Kahn.
Diante da birra, fique firme
Quando a criança começar a fazer birra , mantenha a calma. Reforce que você não poderá atendê-la naquela hora e seja objetiva. “Se estiver em público, não se preocupe com os comentários ou olhares das pessoas. Também não faça discursos ou ameaças enquanto a criança estiver chorando.
Apenas tente desviar a atenção dela para outra coisa, mas não ceda”, afirmou Suzy Camacho. “Os pais precisam ouvir as necessidades da criança, não a birra”, observou Adriana Tanasovici.
Oriente a babá
Combine com os cuidadores as diretrizes da educação do seu filho.“Esse diálogo é imprescindível para que não se estabeleça um relacionamento conflitante e a criança fique confusa”, explica a psicanalista Patrícia Nakagawa.
Educa-se o tempo todo
Lembre-se: educar é uma atividade contínua e você precisa dar o exemplo. “A educação é um processo que não ocorre apenas em situações de desobediência. A criança aprende muito por meio do que observa em seu cotidiano”, diz Patrícia Nakagawa. Por isso, seja verdadeiro. “Se enganamos ou mentimos uma vez, as crianças podem perder a confiança nos pais”, completa Adriana Tanasovici.
Não faça ameaças se não for cumpri-las
Antes de dizer que o filho desobediente ficará sem sorvete até o ano que vem, os pais precisam pensar – de verdade – se poderão cumprir a promessa. Ameaçar e não cumprir, para o psicólogo Caio Feijó, autor do livro “Pais Competentes, Filhos Brilhantes – Os Maiores Erros dos Pais na Educação dos Filhos e os Sete Princípios Fundamentais para Prevenir essas Falhas” (Novo Século Editora), gera filhos que perdem o respeito pelos pais. Se ele não se comportou direito, melhor vetar aquela festinha do amigo que está próxima – e cumprir – do que proibir que ele jogue videogame
para sempre.
Dica: Transforme ameaças em avisos, passando a mensagem sem violência.
Não ceda
Não vale ser indulgente com a indisciplina do filho porque você trabalha fora e se sente culpada, nem por achar que ele deixará de amá-la – medos bem comuns, segundo a psicóloga Dora Lorch, autora do livro “Superdicas para Educar bem seu Filho” (Editora Saraiva). Se uma posição foi determinada, não volte atrás. A postura, segundo Caio Feijó, é essencial para as crianças não serem tão resistentes com os limites impostos.
Dica: Leve em consideração se o seu filho está passando por um momento difícil – como a perda de um animal de estimação.
Evite recompensas
O comportamento adequado não é uma moeda de troca. Os pais não devem prometer um brinquedo novo para o filho se comportar em um restaurante. “Dessa forma ele acreditará que tudo na vida se resolve negociando”, afirma a psicóloga e pedagoga Regina Mara Conrado, autora do livro “Filhos e Alunos sem Limites: Um Desafio para Pais e Professores” (Editora WAK) ao lado de Lucy Silva.
Dica: Não coloque a recompensa como um prêmio, mas saiba reconhecer a boa conduta da criança com palavras. Presentes não são proibidos, mas o psicólogo e terapeuta familiar João David Cavallazzi Mendonça sugere dá-los só às vezes.
Frustrações na infância ajudam a criança a lidar melhor com adversidades no futuro
Não dê ordens dúbias para a criança
Para o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman , os pais que não decidem juntos os padrões da educação do filho cometem um grande erro. Se a mãe diz que o filho não deve ir dormir mais tarde em dia de jogo do time preferido e o pai acaba deixando, a criança não irá entender o que deve fazer.
Dica: Os pais devem decidir as regras a dois – e cumpri-las.
Seja firme e paciente
Frustrar a criança a ajudará a lidar com as adversidades da vida no futuro. “Dizer ‘não’ é prerrogativa e obrigação dos pais quando necessário”, diz Caio Feijó. Portanto, os pais devem ser firmes em suas ações e não deixar para resolver um problema depois que ele já passou. Resolver de cabeça quente também não adianta: diante de um comportamento inadequado, insista e, se necessário, conte até mil. Mas sempre evite dizer que a criança é malcriada e não faz nada direito.
Dica: “É mais seguro sugerir que aquilo que ela fez foi errado e é melhor não se repetir”, diz João David.
Não se prolongue demais nas explicações
De acordo com Regina Mara Conrado, é importante pontuar o porquê dos limites, mas não é necessário contar uma novela enquanto a criança reluta. “Se os pais se estendem na justificativa, acabam se perdendo e cedem à insistência da criança”, diz.
Dica: Seja claro e objetivo sobre por que a criança ouviu um “não”, mas adapte a explicação à capacidade de compreender dela.
Não insista se não tiver razão
Existem coisas que não se obriga. Se seu filho não gosta das aulas de judô, não há razões para insistir. Dora Lorch recomenda aos pais perceber quando a criança precisa de acolhimento em vez de imposição. Ela pode estar sendo intransigente por estar sofrendo bullying na escola, por exemplo.
Fonte: Delas – iG @ https://delas.ig.com.br/filhos/2012-06-25/sete-erros-dos-pais-na-hora-de-impor-limites.html
https://delas.ig.com.br/filhos/seu-filho-nao-obedece-9-dicas-para-mudar-isto/n1237599090425.html