Assim encontrei o texto do professor Elton Luiz Leite de Souza, no acaso de uma página de facebook de uma amiga muito estimada. E ele foi tão instigante que me fez pensar naquilo que eu estava a construir nesta crônica de bem amar, de recuperação do júbilo pela vida, pelo simples e belo ato de viver e vivenciar em pensamentos, palavras e atos no dia a dia singular de cada um de nós para contribuir para a construção plural de uma sociedade livre de ódios e medos e embrenhada na vibrante dança da solidariedade condizente com milênios de aprendizagem.
A certa altura ele diz, como quem repassa os tempos imemoriais, “A cultura e a arte não existem apenas para relembrar algo que se deu no passado e passou. A cultura e a arte existem para nos lembrar que a barbárie já foi derrotada no passado, para que dessa lembrança nasçam ações no presente contra as barbáries de agora”.
Ao fluir de tal verdade, fiquei entre o pasmar e o encantar. Líquido e claro está que, neste momento, a humanidade vive um retrocesso do verbo amar, do verbo acolher e alegrar. E diria mais, de todos os adjetivos e substantivos congêneres ou mesmo dos advérbios tão necessários para situar em intensidade os gestos de humanizar.
Há intenções malignas que a Educação quer conter em telas de adestrar ou sepultar nos berçários da fome ou dos campos de refugiados, em zonas de extermínio nos desertos, morros e florestas…
Nessa onda de barbárie escaldante onde será confinada a cultura e a arte que nos fazem sonhar, voar, criar, brincar e ABRAÇAR?
Em uma sociedade na qual a indiferença predomina e abomina os gestos de bem amar, lembro que “indiferente” não significa impessoal ou imparcial. Os indiferentes se multiplicam, os impessoais são joias raras, como chuvas no sertão de Luís Gonzaga – “Quando olhei a terra seca…”
Eita, povo inspirado do baião vibrante e esparramado, eu lhes respondo: quando olhei a terra úmida exalando fertilidade, eu lembrei do canto teu, nas manhãs de felicidade…
A arte, esta sedutora de sensibilidades, ela há de nos salvar da barbárie da ganância e dos projetos da ignorância em um abraço, muitos abraços, a cobrir as distâncias e diferenças ou alternâncias de humor e realidades.