Para que visse a dimensão completa
De todas as agruras desse mundo!
Fizeram-no beber realidade
Como se a sua sensibilidade
Fosse infinita de não ter seu fundo
Puseram-lhe na mão pena e papel
A precisão da forma do cordel
E esse mundo inteiro como tema!
Bastasse-lhe o mar e um navio,
Para singrar, deram-lhe imenso e frio
Um oceano inteiro como cena!
Que para olhos de quem o avistasse,
Sem fim, onde a vista o encontrasse
E morte de quem porventura o siga!
Se lá deriva como um navegante
Para aumentar assim cada instante
De vida navegante que deriva!
Se lá desliza quando esse oceano
Além de calmo infinito e plano
Só se fastia dos navios que engula,
durante o vendaval em que se encontra,
em cima do mar que ele monta,
Cavalgue apenas como quem copula!
Para mostrar qual a finalidade
A calmaria atrai a tempestade
às superfícies desses sete mares!
Talvez, para lembrar a esses Cabrais,
Que terras virgens não existem mais
Para pisar seus magros calcanhares!
E sepultar com honraria e flores
suas carcaças de descobridores
Onde descansem suas almas duras…
…para que assim, algum poeta tente
agir e não ser gente como a gente
ao inventar as gerações futuras!
Poema publicado em ¨LIBERDADE – ANTOLOGIA DA LITERATURA LIVRE¨ – 2022, Vol ll – Edição BR – Tomo 2 – ¨LIVRARIA ATLÂNTICO¨…