Já na política, Tribuzzi sempre ao meu lado, resolvemos fundar O Estado do Maranhão com o objetivo de modernizar a imprensa maranhense, até então mergulhada na sombra do pasquinismo panfletário do século XIX. Compramos o Jornal do Dia e o transformamos em O Estado do Maranhão, trouxemos a primeira rotativa para o Estado, uma rotativa Goss, muito primitiva e modesta, mas que por mais de vinte anos rodou o nosso jornal, que foi na época a modernidade chegando à impressão de jornal. Também fomos pioneiros na composição a frio, com um modelo Singer, que só nos deu dor de cabeça. Mas foi o primeiro e depois evoluímos.
Fizemos um jornal moderno, colorido, com um texto cuidado e dinâmico. Assumimos a liderança da imprensa no Maranhão até hoje, sendo uma tribuna dos problemas do Estado e um seminário permanente do debate de ideias. Por aqui passaram grandes nomes da literatura do Maranhão. O jornal foi dirigido por nomes importantes. Para dividir as minhas lágrimas, quero resumir todos no de Tribuzzi, que na eternidade chora conosco neste momento em que deixamos a edição impressa para ficar somente na digital. Seguimos a tendência mundial, forçados pela era do virtual, pela transferência da publicidade para a internet — e, é preciso reconhecer, dos leitores.
Não encontramos vacina para nos salvar. Foi a tecnologia que criou o jornal, de seus primeiros ensaios no século XVI ao vigor político do XVII, até ser motor das revoluções industriais e políticas dos séculos seguintes e tornar-se o Quarto Poder.
Por mais de quarenta anos todos os domingos a Coluna do Sarney levou minhas ideias aos nossos leitores.
Não sei dizer adeus. As fases que atravessei na vida — e elas se sucederam com a vida longa que a graça de Deus me concedeu — as encerrei chorando com os olhos, o pensamento e a garganta. Assim deixei minha coluna de sexta-feira na Folha de S. Paulo, ao completar 20 anos. Deixo agora as páginas de O Estado do Maranhão para me adaptar à Coluna do Sarney digital, no Imirante, nosso vitorioso portal.
Não sei dizer e não digo adeus aos meus leitores. Este jornal de hoje guarda minhas lágrimas e meu coração dilacerado. É a vida. Pablo Neruda lamentava um amigo morto: “É um carvalho tombado no meio da casa.”
Aí estão os meus sonhos, sonhados com Tribuzzi e Odylo. Mas os sonhos não morrem, são sementes que germinam e florescem.