Estamos em agosto. No agosto de 2018, a pesquisa mais conhecida mostrava que Bolsonaro tinha a maior rejeição entre os candidatos; Witzel no Rio, Ibaneis no DF, Zema em Minas, eram azarões; Dilma estava eleita senadora pelos mineiros. Não sei por que milagre, o mais rejeitado dos candidatos acabou Presidente da República. Agora vejo pesquisas que entrevistam 2 mil, num universo de 156 milhões de eleitores. Quer dizer, a agência de pesquisa tem que descobrir 2 mil entrevistados em que cada um deles represente 78 mil eleitores. Explicam que é por um critério de amostragem. Para mim, é um milagre da ciência estatística. A propósito, aconselho ler o “Como Mentir com Estatística”, de Darrell Huff, lançado em 1954 e ainda hoje recomendado – por Bill Gates.
Vejo investidores, banqueiros, empresários, fazendo planejamento para o ano que vem com base em pesquisas eleitorais. Pergunto se as pesquisas de mercado têm fornecido a eles caminhos seguros para apostarem no futuro. As pesquisas falam em margem de erro. Não consigo entender a matemática que dá um desconto de 5% ou 2% na psiquê do entrevistado. Não imagino que as agências estejam movidas pela intenção de apresentar um resultado de sua preferência ou interesse. Apenas imagino como o método é carente de certezas. Para antecipar resultado eleitoral. Prefiro o boca de urna. Tampouco consigo me convencer que alguém que era do PT dois meses antes da eleição, tenha votado em Bolsonaro na hora de acionar o teclado da urna.
O mais difícil é acreditar que políticos estejam usando as pesquisas como réguas da sua programação de campanha. Só os ingênuos ou neófitos. Não o veterano político dotado, por natureza, de um instinto para povo, de um sexto sentido que lhe faz sentir o que o povo quer. Seria um populista, um demagogo? Provavelmente não. Pode ser um democrata, que sabe que o poder emana do povo e ausculta o que o povo quer, nos gritos, nas falas, nos gestos, nas vaias, nas ruas. No ceticismo jornalístico, vale o que vejo e não o que está escrito.