O esporte tem sido um poderoso aliado no processo de reintegração social dos menores do Núcleo de Medida Socioeducativa de Internação Masculina (Cesein), administrado pela Fundação da Criança e do Adolescente (Fcria). Através do ‘Projeto Camisa 10’ os 44 socioeducandos, acolhidos atualmente, estão inseridos em diversas modalidades esportivas e, desses, quatro irão representar o Cesein na seletiva nacional com a chance de ingressar no Fluminense Esporte Clube, do Rio de Janeiro. A seletiva ocorre na manhã deste sábado, 25, no Estádio Glicério de Souza Marques
Para a escolha dos adolescentes foram avaliados critérios como: boa conduta, boas notas escolares, além do desempenho no futebol na seletiva interna. Três, dos quatro jovens, foram recentemente liberados da medida socioeducativa. Contudo, continuam sendo assistidos como adolescentes egressos, ou seja, foram remanejados para projetos parceiros que funcionam fora do centro, como a Escolinha de futebol Canaã, coordenada pelo professor e preparador técnico Evandro Nunes Portal. O ex-jogador de futebol, mais conhecido como “esquerdinha”, também atua como preparador técnico esportivo no projeto Camisa 10.
“Esse é um fato inédito na história do Cesein e estamos na torcida para que nossos jovens consigam alcançar níveis mais altos e, quem sabe, seguir com a carreira esportiva”, exalta o educador socioeducativo do Cesein e idealizador do Camisa 10, Lono Freitas. Ele adiantou que o 3ª Torneio de Futsal, que faz parte das atividades, está previsto para acontecer em junho deste ano.
Camisa 10
Desde janeiro de 2019, o projeto tem buscado despertar nos adolescentes que cumprem a medidas socioeducativas de internação, habilidades para as práticas esportivas, exercitando a aptidão física, bom comportamento e convivência em grupo.
Todos os atendidos participam e treinam modalidades como: futebol, futsal, vôlei de quadra, handeboll, basquete e, brevemente, devem ser inseridas as modalidades de vôlei de areia e ping boll. Os treinos funcionam às terças e quintas-feiras na quadra poliesportiva do Cesein, no bairro Beirol, em Macapá.
“É uma forma de tirá-los da monotonia do alojamento e proporcionar saúde física e mental. Sempre levando a mensagem de mudança de mentalidade, hábitos e melhoria de vida”, avalia o educador Lono Freitas.
A equipe que executa o projeto é composta por técnicos da Fcria; da Vara da Infância e Políticas Públicas e Medidas Socioeducativas da Comarca de Macapá e outros parceiros.
Acompanhamento e ressocialização
A Fcria emite relatório sobre o desempenho e conduta dos socioeducandos à Vara da Infancia e Juventude que, de acordo com a análise, pode diminuir ou agravar a medida socioeducativa aplicada, que varia de seis meses a três anos.
Além das práticas esportivas, os menores também participam de oficinas e cursos profissionalizantes como: oficina ocupacional de origami, oficina de arte, Projeto Pincelando o Futuro, projeto de orientação espiritual, Cine Cesein, oficina de violão, projeto empreendedor, entre outros.
A diretora-presidente da Fcria, Natália Façanha, evidenciou que os cursos de qualificação profissional são realizados em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), palestras sobre empreendedorismo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e aulas de arte do Projeto Pincelando o Futuro, da Fcria, e um projeto de robótica da Escola Estadual Professora Elcy Rodrigues Lacerda que funciona dentro do Cesein.
“Capacitar esse jovem que é devolvido para a sociedade é dar um novo destino a ele. Um dos cursos que dão excelentes resultados, é o de corte de cabelo, em que os socioeducandos recebem um cerificado e um kit básico para exercer a função e gerar uma renda extra, assim que cumprem a medida”, explica a gestora.