“A Era do Capital Improdutivo”, de Ladislau Dowbor, oferece uma análise incisiva sobre o capitalismo contemporâneo, focalizando a concentração de riqueza, a financeirização da economia e o capitalismo rentista. Dowbor explora como esses fenômenos impactam o desenvolvimento econômico e social, especialmente no contexto brasileiro marcado por um sistema tributário injusto. A obra inicia destacando a crescente concentração de riqueza global, onde poucos indivíduos e corporações detêm um poder desproporcional sobre a economia. No Brasil, essa desigualdade é exacerbada por um sistema tributário que privilegia o rentismo. Impostos indiretos predominam, pesando mais sobre os pobres e a classe média, enquanto os mais ricos desfrutam de isenções fiscais que perpetuam a disparidade.
A financeirização é outro ponto central, caracterizada pela dominação do setor financeiro sobre a economia real. No Brasil, a alta taxa de juros e a atratividade dos títulos públicos incentivam investimentos especulativos, desviando recursos do setor produtivo. Esse modelo econômico, baseado em lucros financeiros em detrimento da produção tangível, é volátil e insustentável, exacerbando a instabilidade econômica. Dowbor introduz o conceito de capitalismo rentista, argumentando que grande parte dos lucros advém de rendas como juros e dividendos, ao invés de investimentos produtivos. Esse modelo é suportado por um sistema tributário injusto e regulamentações que beneficiam as grandes fortunas, perpetuando a desigualdade e limitando o desenvolvimento inclusivo.
As consequências sociais e econômicas da financeirização e do capitalismo rentista são severas, resultando em crescimento desigual e ampliando as disparidades sociais. No Brasil, políticas econômicas que favorecem o setor financeiro exacerbam essas divisões, enquanto o sistema tributário falha em taxar adequadamente lucros financeiros e grandes fortunas, exacerbando a injustiça econômica. Dowbor critica a influência desproporcional das grandes corporações sobre as políticas públicas, que frequentemente privilegiam interesses privados sobre o bem comum. No contexto brasileiro, essa captura do Estado compromete a justiça social, resistindo a reformas tributárias que poderiam corrigir essas distorções.
A obra não apenas critica, mas propõe reformas estruturais essenciais, como um sistema tributário mais equitativo e uma regulação financeira rigorosa. No Brasil, medidas como a taxação de dividendos e impostos sobre grandes fortunas são cruciais para mitigar a desigualdade e promover um desenvolvimento sustentável. Em resumo, “A Era do Capital Improdutivo” de Dowbor oferece um chamado à reflexão e à ação, destacando a urgência de reformas para garantir um futuro econômico mais justo e inclusivo. Seus insights são fundamentais para acadêmicos e formuladores de políticas interessados em compreender e transformar o panorama econômico global em direção a uma distribuição mais equitativa da riqueza e do poder econômico.
A reflexão de Dowbor
