Jensen Huang, CEO e cofundador da fabricante de chips Nvidia, tem o hábito irritante – principalmente para seus concorrentes – de fazer fortunas em menos de 24 horas. Foi assim nesta quinta-feira (23), quando ele faturou US$ 7,65 bilhões (o equivalente a R$ 39,4 bilhões). E já havia sido assim em fevereiro, também numa quinta-feira (22), quando embolsou US$ 8,5 bilhões (R$ 43,8 bilhões na cotação atual do dólar).
Ou seja, em apenas dois dias, Huang amealhou uma bolada de mais de US$ 16 bilhões (ou R$ 82,9 bilhões). E como isso aconteceu? Nas duas quintas-feiras mencionadas, tanto na semana passada como em fevereiro, foram divulgados os números do balanço da Nvidia. Nas duas ocasiões, a empresa alcançou resultados recorde, fatos que valorizaram suas ações. Como Huang detém 3% dos papéis da companhia, sua fortuna pessoal deu um salto formidável.
Só nesta semana, o executivo passou da 20ª para a 17ª posição entre as pessoas mais ricas do mundo, segundo o ranking da revista Forbes. No início de abril, a publicação estimava que ele tinha US$ 77 bilhões na conta bancária, ante US$ 91 bilhões (quase R$ 470 bilhões) na sexta-feira (24). Destaque-se que o patrimônio do executivo era estimado em “apenas” US$ 2,7 bilhões (perto de R$ 14 bilhões) em 2017. Ou seja, cerca de meros 3% do valor atual.
Nesta semana, o bolso de Huang voltou a estufar com a divulgação de um lucro líquido da Nvidia de US$ 14,9 bilhões (R$ 72 bilhões) no primeiro trimestre de 2024. A quantia superou em 628% o valor obtido pela empresa no mesmo período de 2023. Além disso, o resultado fez com que a companhia ganhasse US$ 221 bilhões (cerca de R$ 1,14 trilhão) em valor de mercado na quinta-feira (23/5).
Chips para IA
O sucesso da Nvidia deve-se ao fato, principalmente, de a companhia fabricar chips potentes, usados para treinar os atuais sistemas de Inteligência Artificial (IA) generativa. Tal tecnologia é a febre do momento e dá corda numa revolução que alcança diversos campos da atividade econômica e social. Trata-se do mesmo sistema que está na base do sucesso de produtos como o ChatGPT, da startup OpenAI, por exemplo.
Esses modelos de semicondutores sempre foram os carros-chefes da Nvidia, que há tempos fabrica esses produtos para o mercado de games. Agora, a demanda por equipamentos dessa natureza deslanchou com o boom da IA. Nesse embalo, a Nvidia tornou-se a terceira empresa mais valiosa da Bolsa americana, atrás apenas da Apple e da Microsoft.
Internato por engano
Foi Jensen Huang, de 61 anos, que conduziu a Nvidia a esse patamar. Ele cofundou a fabricante de chips, em 1993, e desde então atua como seu CEO. Nascido em Taiwan, o executivo mudou-se aos 9 anos de idade para os Estados Unidos com o irmão.
Pouco tempo depois, foi enviado pelos tios para um internato para “jovens problemáticos” na zona rural de Kentucky. Seus parentes, no entanto, confundiram o local com uma escola preparatória de elite. Ali, Huang foi escalado para limpar banheiros, enquanto seu irmão trabalhava numa fazenda de tabaco.
Trabalho entre concorrentes
No ensino médio, ele foi campeão nacional júnior de tênis de mesa. A seguir, cursou a Universidade do Estado do Oregon e concluiu um mestrado em engenharia elétrica em Stanford. Antes de criar a Nvidia, em parceria com os também engenheiros elétricos Chris Malachowsky e Curtis Priem, Huang trabalhou nas empresas de chips LSI Logic e Advanced Micro Devices (AMD).
Na universidade, conheceu sua esposa, Lori Mills, então sua parceira no laboratório de fundamentos de engenharia elétrica. O casal tem dois filhos, Madison e Spencer. Entre os taiwaneses, Huang, um fã de karaokê que sempre anda enfiado numa jaqueta de couro, é considerado um herói nacional do empreendedorismo.
O pulo do gato da Nvidia
Quando a Nvidia foi criada, em 1993, havia mais de 20 empresas de chips gráficos no mercado – número que, três anos depois, subiria para 70. Em 2006, porém, ela era a única companhia independente do ramo ainda em operação.
Em 1999, a empresa criou a GeForce 256, considerada a primeira GPU (unidade de processamento gráfico, na sigla em inglês) do mundo – um processador composto por muitos núcleos menores e mais especializados do que as tradicionais CPUs (unidade de processamento central), os cérebros de quaisquer dispositivos de computação. O produto definiu um novo padrão de desempenho e qualidade gráfica para os jogos da época.
No mesmo ano, a empresa fez uma oferta pública com ações vendidas a US$ 12. Na última quinta-feira (23/5), os papéis da empresa abriram o mercado valendo US$ 1 mil.
Filosofia de negócios
De acordo com a Bloomberg, Huang expôs o que se pode chamar de pérolas de sua filosofia de negócios, em um discurso que fez a estudantes da Universidade de Taiwan, no ano passado. “Ou você corre atrás de comida ou corre para evitar se tornar comida”, disse, diante de uma plateia extasiada. “De qualquer forma, corra.”
Questionado sobre a Intel, que reinou por décadas como a mais importante fabricantes de chips do planeta, Huang retornou à máxima: “Você tem que correr. Não ande, corra.”
Com informações do Metrópoles
