No capítulo cinco da carta aos Gálatas, o Apóstolo Paulo exortou os fiéis a andarem no Espírito. Isto é, darem ouvidos ao Espírito para que este os guie. Esta é nossa oração constante, que o Espírito Santo nos guie em nosso pensar, falar e agir.
No capítulo seis, por sua vez o Apóstolo Paulo chama atenção a alguns fatos bem especiais nesse andar no Espírito. O texto que vamos ler e meditar diz assim: “(1)Meus irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, vocês que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. Mas façam isso com humildade e tenham cuidado para que vocês não sejam tentados também. (2)Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão obedecendo à lei de Cristo. (3)A pessoa que pensa que é importante, quando, de fato, não é, está enganando a si mesma. (4)Que cada pessoa examine o seu próprio modo de agir! Se ele for bom, então a pessoa pode se orgulhar do que fez, sem precisar comparar o seu modo de agir com o dos outros. (5)Porque cada pessoa deve carregar a sua própria carga. (6)A pessoa que está aprendendo o evangelho de Cristo deve repartir todas as suas coisas boas com quem a estiver ensinando. (7)Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá. (8)Se plantar no terreno da sua natureza humana, desse terreno colherá a morte. Porém, se plantar no terreno do Espírito de Deus, desse terreno colherá a vida eterna. (9)Não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita. (10)Portanto, sempre que pudermos, devemos fazer o bem a todos, especialmente aos que fazem parte da nossa família na fé. (11)Vejam as letras grandes que estou escrevendo com a minha própria mão! (12)Os que estão forçando vocês a se circuncidarem são pessoas que querem ficar orgulhosas de coisas de pouca importância. Eles fazem isso somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. (13)Pois nem mesmo os que praticam a circuncisão obedecem à lei. Porém eles querem que vocês se circuncidem para que eles possam se gabar de terem colocado o sinal da circuncisão no corpo de vocês. (14)Mas eu me orgulharei somente da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, por meio da cruz, o mundo está morto para mim, e eu estou morto para o mundo. (15)Não faz nenhuma diferença se o homem é circuncidado ou não; o importante é que ele seja uma nova pessoa. (16)E, para todos os que seguem essa regra na sua vida, que a paz e a misericórdia estejam com eles e com todo o povo de Deus! (17)Para terminar: que mais ninguém crie dificuldades para mim, pois as marcas no meu corpo mostram que sou escravo de Jesus. (18)Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês, meus irmãos! Amém!
Deste capítulo Paulo destaca três pontos: 1) A admoestação cristã, 2) O levar as cargas uns dos outros, 3) O semear para o Espírito e não para a carne. Vejamos o que significa isto.
1) A admoestação cristã.
A importância da admoestação cristã na comunidade. Pela fé na graça de Cristo, renascemos. Recebemos a adoção de filhos de Deus. Somos novas criaturas. Há algo novo em nós, a fé, a vida espiritual, o Espírito Santo para nos dirigir. Jesus disse: “— A pessoa que me ama obedecerá à minha mensagem, e o meu Pai a amará. E o meu Pai e eu viremos viver com ela”. (João 14.23).
O Espírito Santo habita nos fiéis. Isto se revela pelo amor à palavra de Deus e o seguir a orientação desta palavra. E aí surge a luta. Estamos ainda na carne que luta contra o espírito, o novo homem, a fé. Há luta constante entre nosso novo homem e nossa natureza carnal, da qual brotam diariamente maus desejos e pensamentos.
Nessa luta há fraquezas e quedas. E aqui entra a Igreja, a família de Deus. Um dá a mão ao outro para orientar, consolar, reerguer e ajudar. Por isso, a admoestação do apóstolo Paulo. “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta.” O que significa isto? “Se!”. Todo o cristão foge do pecado e luta contra as tentações, como por exemplo: adultério (1 Coríntios 6.18), idolatria(feitiçaria, horóscopos, feitiços, amuletos, triângulos, budas, figas, etc) (1 Coríntios 10.14), avareza (1 Timóteo 6.11), paixões carnais da mocidade (2 Timóteo 2.22) e ainda outros textos nos apontam para a fragilidade humana. Mas quantas fraquezas e quedas ainda acontecem? Quantos problemas numa família? Quantos pecados numa comunidade cristã?
Diz Paulo: “Vocês que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. Mas façam isso com humildade e tenham cuidado para que vocês não sejam tentados também”. Vocês que são espirituais, isto é, que sois governados pelo Espírito de Deus, vós cristãos. Quando vocês vêem um irmão ser tentado, cair em pecados, seguir o caminho errado, falem com ele. Cada um que pode e deve ajudar. A própria família precisa admoestar-se mutuamente. O marido à esposa, a esposa ao marido, os pais aos filhos, e numa congregação, uns aos outros. A união preserva a família, a fé, e gera unidade de pertencimento a Deus.
Como? Com espírito de humildade.
E aqui existe um grande perigo. O perigo do orgulho. Em lugar de admoestar alguém com de humildade, o criticamos ou condenamos orgulhosamente. Por isso o apóstolo admoesta: “Nós não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, nem ter inveja uns dos outros.” (Gálatas 5.26).
A vanglória, como a palavra o diz, é uma glória vã, inútil. Alguém se orgulha de uma coisa de que, na verdade, ele não tem razão para se orgulhar. Quem não conhece este problema? É uma das grandes tentações e um dos perigos para todo o cristão: Centralizar a religião no homem. Todos nós gostamos de nos orgulhar de nossos feitos: Veja o que eu fiz. Eu jamais faria isso! Eu não sou assim, etc.
No tempo do apóstolo Paulo, os judeus se orgulhavam da circuncisão, de sua tribo, do cumprimento da lei. Isto provoca e despertava a inveja. Cada qual quer mostrar o quanto ele é bom. E o que ele já fez pela causa de Cristo. Mas, nós não devemos ir ao culto para ostentar nossas obras e sermos admirados por Deus, pelo contrário, devemos ir humildes, convictos de nossa indignidade, para suplicarmos por misericórdia, por amor a Cristo. Não temos nada de que nos orgulhar diante de Deus, nem de nossos melhores feitos. Por isso Jesus diz a seus servos:”Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever.” (Lucas 17.10). Este orgulho está, infelizmente, em todos nós e é a causa dos grandes atritos na comunidade, que destrói a comunhão, que impede o correto desenvolvimento dos trabalhos. Contra este orgulho todos nós temos que lutar diariamente.
Admoestai com humildade. O que é isto? Não vamos dizer à pessoa que caiu em pecado: Como você foi fazer uma coisa desta? Que barbaridade! Eu jamais faria isto.
Na admoestação precisamos anunciar a lei de Deus à pessoa, dizendo: Isto, o que você fez, é pecado. Jogar limpo. Por causa destas coisas vem a ira de Deus. Isto é, a admoestação não tem a finalidade de destruir a pessoa, mas de conduzi-la ao arrependimento e à fé em Cristo, e para consolá-la com a graça de Cristo. E assim firmá-la, novamente, na fé cristã. Ajudar para que seja libertada das ciladas e tentações de sua própria carne e de Satanás.
Ao admoestarmos o irmão, nós nos colocamos ao lado dele não como alguém que seja melhor. Não, não sou melhor. Se estou de pé e pude evitar este ou aquele pecado, é pela imerecida graça de Cristo. Foi a graça de Deus que me manteve de pé. Agora, se eu tivesse caído, gostaria que me admoestassem? Aliás cada um de nós já experimentou este amor muitas vezes. Corrigir é admoestar para que a pessoa se arrependa e console com o evangelho para ser reerguido.
Todos os pais sabem que isto não é uma tarefa fácil. Como irmãos queremos cuidar uns dos outros, com espírito de brandura, de amor, ao mesmo tempo com firmeza e clareza, procurando salvar das garras de Satanás e firmar na fé.
- “Levai as cargas uns dos outros” (Gálatas 6.2). O segundo passo é: Carregar as cargas uns dos outros, em muito amor. Que cargas são estas? São as fraquezas pecaminosas e suas consequências. Mesmo tendo perdão dos pecados, e admoestando mutuamente, permanecem ainda muitas fraquezas pecaminosas e suas conseqüências, que continuam pesando. São perdas, doenças, desgraças, etc.
Queremos carregar isto como se fossem nossos problemas e pesares. Vejam como o apóstolo Paulo o encara: “Quando alguém está fraco, eu também me sinto fraco; e, quando alguém cai em pecado, eu fico muito aflito.” (2 Coríntios 11.29).
E o profeta Daniel que intercede por seu povo e diz: “Orei ao Senhor, meu Deus, e fiz a seguinte confissão: — Senhor Deus, tu és grande e poderoso! Tu guardas a aliança que fizeste com os que te amam e obedecem aos teus mandamentos e sempre lhes dás provas do teu amor. Nós temos cometido pecados e maldades; fizemos coisas más e nos revoltamos contra ti; desobedecemos às tuas leis e aos teus mandamentos. Não demos atenção aos teus servos, os profetas, que falaram em teu nome aos nossos reis, aos nossos líderes, aos nossos antepassados, sim, a todo o povo de Israel.” (Daniel 9.4-6).
O profeta carrega os pecados do povo e se inclui. Sabe que, apesar de toda a sua luta contra o pecado, não é melhor aos olhos de Deus. Ou o profeta Esdras, que disse: “— Ó Deus, estou muito envergonhado e não tenho coragem de levantar a cabeça na tua presença. Estamos afundados nos nossos pecados, que sobem até o céu. Desde o tempo dos nossos antepassados até hoje, nós, o teu povo, temos pecado muito… ” (Esdras 9.6,7).
3) O semear para o Espírito e não para a carne. Este é o verdadeiro espírito na admoestação: Não nos colocamos sobre a pessoa, como se fôssemos melhores do que a pessoa, mas como iguais, dependentes da mesma graça, não tendo nada de que nos orgulhar. O que significa isto? O que alguém semeia isto colherá. Quem semeia inço, não colherá frutas boas. Quem semeia para sua própria carne. Isto é, quem viver conforme sua carne. Quem permitir que a sua carne o dirija, vivendo conforme seu egoísmo, seu orgulho, sua avareza, seus desejos carnais, alegrando-se com tudo o que é pecaminoso, permitindo que maus desejos e pensamentos o dirijam, alimentando sua carne com sua concupiscência, filmes pecaminosos, etc., colherá condenação (Romanos 8.13). Colherá juízo. Isto será manifestado no último dia.
Mas quem semeia para o Espírito. Isto é, sua mente está voltada para a palavra de Deus, as coisas de Deus. O Espírito o dirigirá e purificará, dia após dias. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus!” (Romanos 8.14).
E o apóstolo ainda nos diz: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6.9,10). E o maior bem que podemos fazer a alguém é dar o que ele mais precisa, falar-lhe do evangelho. Levá-la de Cristo.
Por isso andemos no Espírito. Vamos ler e meditar diariamente na palavra de Deus com oração, pedindo que o Espírito Santo nos ilumine, nos fortaleça na fé e nos faça crescer no amor, que é o fruto da fé. Que o Espírito nos ensine a lutar pela salvação dos nossos queridos e dos que nos cercam, admoestando com amor. Lutando, com oração e amor, pelo crescimento do reino de Deus. Amém.