Em tempos de adoecimento emocional coletivo, fazer da casa um refúgio seguro e restaurador é mais do que um desejo — é uma urgência. Uma casa terapêutica não é aquela isenta de conflitos, mas aquela que aprende com eles. É o espaço onde o amor se traduz em escuta, presença, firmeza e acolhimento. Um lugar onde todos têm voz, mas também sabem escutar. Onde há regras, mas também empatia. Onde os limites não são barreiras, mas pontes para o crescimento.
Em termos de Brasil, as casas terapêuticas estão ficando cada vez menores, quase mononucleares, pra não dizer que essa seja uma tendência dos tempos atuais na maioria dos países pelo Planeta Terra!
E as explicações são as mais variadas possíveis, porém, cresce o número de pessoas morando sozinhas ou com seus bichinhos de estimação, transformando a convivência com bichos ou brinquedos como mais salutar e mais saudável do que viver com outros seres humanos. Esse artigo não vai enveredar por essas veredas, mais em outro momento pode-se abordar essa nova estratégia de vida solo, como busca de paz e de realização.
Esse artigo quer abordar a família com várias pessoas, de várias idades e gêneros sob o mesmo teto.
Transformar a casa em um ambiente saudável exige esforço constante. É fácil cair no extremo da permissividade, onde tudo se permite para evitar atritos, ou no autoritarismo, onde o medo toma o lugar do respeito. Equilibrar esses polos é o grande desafio. Definir limites claros é necessário para formar caráter, mas exige coerência, diálogo e constância. Os adultos da casa precisam ser o exemplo do que ensinam — pois de nada adianta exigir autocontrole de uma criança, se os pais vivem à beira do colapso emocional.
Outro obstáculo comum é a ilusão de que proteger é poupar o outro de toda dor. Ao tentar evitar frustrações, muitos acabam criando ambientes artificiais onde ninguém amadurece. Uma casa terapêutica, no entanto, ensina a enfrentar a dor com dignidade. Ela não finge que está tudo bem, mas ensina que, mesmo nos dias difíceis, é possível seguir.
Não adianta empurrar para terceiros as tarefas cotidianas de uma casa: fazer terapia não é sinônimo de respostas mágicas ou mudança repentina de atitudes antes inadequadas e, depois da ida ao psicólogo, ao psiquiatra, ao terapeuta a vida como que num passe de mágica se transforma num mar de rosas. Sinto dizer isso, mas seu lar exige esforço seu e contínuo.
Neste sentido, o conceito de amor exigente se destaca como norte. É o amor que não se omite, que não passa a mão na cabeça, que não ignora o erro nem mascara a dor. Mas também não sufoca, não oprime, não carrega o outro como se este fosse incapaz. O amor exigente educa com firmeza e carinho, ensina o valor da responsabilidade, do esforço e da empatia. É aquele que diz: “Eu te amo, mas não posso viver a sua vida por você. E nem deixarei de viver a minha por causa da sua.”
Viver em uma casa terapêutica é um exercício diário de presença, verdade e cuidado. É construir, juntos, um lar onde cada um tem o direito de ser quem é — e o dever de se tornar melhor a cada dia.
Como resume com sabedoria o Dr. Elton Euler:
“Tudo muda quando alguma coisa muda.”
Um lar terapêutico é um lugar de pessoas que são comprometidas todos os dias em dar certo na própria vida e na vida do outro; é um lar onde os homens são protetores, mulheres são valorizadas e crianças protegidas.
A Casa Terapêutica

Professora, historiadora, coach practitioner em PNL, neuropsicopedagoga
clínica e institucional, especialista em gestão pública.