Em um tempo em que a vida moderna exige velocidade, performance e — paradoxalmente — desconexão de si mesmo, a academia se tornou muito mais do que um espaço de halteres, máquinas e suor. Tornou-se o espelho diário onde confrontamos nossos limites, nossas crenças e, sobretudo, nossas disciplinas.
Sim, disciplinas — no plural. Celso Vasconcellos, em sua análise pedagógica e humanizadora, afirma que todos nós somos disciplinados, o tempo todo. A questão não é se temos disciplina, mas para onde ela está sendo direcionada.
Uma determinada vez que conversei com uma ex – aluna minha na fase da Educação Básica e, que, hoje, é uma linda e excelente aluna de Medicina, Sophie Vasconcelos, recebi dela uma pergunta que mudou minha maneira de ver a Academia de Ginástica. A pergunta foi: “ Tia Ivonete, por que você não pratica exercícios na academia? E a minha resposta simples e ingênua diante da perspicácia e inteligência emocional de minha amiga Sophie: porque eu tenho preguiça. Ao que ela arrematou gloriosamente e que mudou minha crença limitante naquele momento: preguiça de viver?”
Minha ex – aluna estava usando o método da Maiêutica socrática, usando perguntas que me levaram à reflexão da verdade.
A Maiêutica Socrática é um Método que o Filósofo Sócrates usava com seus alunos, na Grécia antiga e consiste em questionar, dando a luz a um determinado tema, buscando um conhecimento que o indivíduo já possui, sem transmiti-lo diretamente.
Academia é viver com mais compromisso, leveza, fluidez. Mas depende de se ter boa disciplina!
Wendell Carvalho reforça a mesma visão com uma simplicidade brutal:
“Quem sai de casa às duas da madrugada para correr tem disciplina.
Quem sai às duas da madrugada para comprar cigarros também tem disciplina.”
A diferença? A primeira constrói, a segunda corrói.
A disciplina em si é neutra. O uso que fazemos dela não.
Disciplina é repetição que gera hábito. Bom ou ruim.
O exercício físico como metáfora da vida
Frequentar a academia diariamente é mais do que levantar peso:
é levantar-se.
É acordar cedo quando o corpo pede mais cinco minutos;
é insistir no movimento quando tudo dentro de você prefere a rendição confortável;
é enfrentar seu próprio espelho, suas projeções, suas comparações e, muitas vezes, sua autossabotagem.
Não é por acaso que tantos encontram na atividade física não apenas saúde, mas clareza emocional e força mental. O corpo é pedagógico. Ele ensina com feedback imediato: treina, evolui; abandona, regride.
A vida também funciona assim.
O hábito cristalizado: o grande vilão ou o grande aliado
O cérebro ama rotinas.
E tudo aquilo que repetimos vira um caminho neurológico pavimentado.
Quando uma pessoa repete um comportamento destrutivo, dia após dia, isso também é disciplina. Uma disciplina cristalizada em crenças limitantes, em histórias herdadas e em justificativas que anestesiam a responsabilidade.
É o que afirmo , como psicoterapeuta com propriedade:
“Nos movemos imersos em nossas escolhas, e a realidade se transforma — a nosso favor ou a nosso desfavor.” Ivonete Teixeira
A vida é um reflexo tardio dos nossos hábitos.
O Método MIT: Mover-se, Imergir, Transformar
Meu Método MIT nasce justamente da recusa ao automatismo. Ele propõe uma ruptura sensível e profunda:
- Mova-se.
Nada muda parado. O movimento é a faísca da consciência. É o primeiro passo fora da zona de conforto, o sim que damos à própria história. - Imerja.
Entre para dentro. Encontre suas verdades mais belas e mais duras. As crenças que te elevam e as que te sabotam. Só mergulhando no íntimo é possível reescrever a própria narrativa.
E acredite, a realidade de cada um acontece pela narrativa emocional que contamos aos outros e a nós mesmos. - Transforme.
A transformação não é mágica. É consequência.
É o corpo reagindo ao treino, a mente reagindo à verdade, e a vida reagindo às escolhas.
MIT não é um método de mudança rápida.
É um método de mudança real.
MIT não é fórmula mágica,, é processo de construção de disciplinas boas, úteis, transformadoras.
A criança interior que muitos abandonam
A maior fuga humana não é do esforço.
É de si mesmo.
Muitos vivem obedecendo verdades alheias, ignorando a voz interna que sempre soube o caminho. Fogem de sua criança interior — que não tem medo de tentar, de aprender, de errar. Fogem porque cresceram acreditando que não podiam, não mereciam, não eram capazes.
Daí nascem os hábitos nocivos, o otimismo vazio, o fazer sem resultado.
Um ciclo de desânimo, baixa autoestima e dependência emocional do olhar externo.
O resultado próspero: o equilíbrio das cinco vertentes
Resultados verdadeiros não se limitam ao espelho ou à balança comercial, o valor monetário é importante mas não é único, aliás, ouso comparar o dinheiro à disciplina, ele é neutro e pode ser aliado ou inimigo.
A prosperidade é um pentagrama:
• Saúde – o templo do espírito e da performance.
• Finanças – energia de troca, autonomia, expansão.
• Espiritualidade – sentido, propósito, conexão imersão e ascese simultaneamente.
• Social – vínculos que nutrem, sustentam e espelham quem somos. O homem não é isolado mas se realiza no grupo, portanto como ensina a sociologia: é um ser gregário.
• Cultural – o mundo interno que cresce para além das paredes da rotina.
Quando um só desses pilares colapsa, todos sofrem.
Quando todos se alinham, a vida floresce.
Conclusão: Academia é vida
A academia é o laboratório das escolhas.
Ali, entre pesos e respirações, percebemos que disciplina não é castigo — é liberdade.
E que cada repetição diária, física ou mental, constrói a pessoa que você será amanhã.
A grande pergunta, então, não é:
Você tem disciplina?
A pergunta é:
Sua disciplina está a serviço da vida que você quer ou da vida que você teme?
Porque, no fim das contas, a realidade sempre se transforma.
Mas ela só se transforma na direção do que você escolhe, repete e sustenta.
E o MIT é o lembrete luminoso de que mudar é simples — e justamente por ser simples, é tão desafiador.
Mover-se.
Imergir.
Transformar.
A academia te treina.
O MIT te desperta.
E você, finalmente, se torna autor e atleta da própria existência.

