“Que a graça, a misericórdia e a paz de Deus, o nosso Pai, e de Jesus Cristo, o seu Filho, estejam conosco em verdade e amor! (2João 1.3)”
Tem um dito popular que diz: Recordar é viver, é um dos ditos usados por saudosistas, usado por quem olha o passado com alegria e com boas perspectivas de terem vivido bons momentos, normalmente, mesmo que sejam poucos ainda assim se sobressaem aos muitos momentos de tristezas. Mas também para os que creem, temos a afirmação do escritor de Hebreus em Hebreus 11.1-2, que diz: “(1) A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. (2) Foi pela fé que as pessoas do passado conseguiram a aprovação de Deus.”
Recordar é viver. Assim o mundo se justifica. As pessoas se justificam com recordações e normalmente lembram que o hoje é melhor que o ontem, que a esperança do amanhã melhor que a de hoje. Olhar o passado é possibilidade de aprender com os erros e viver melhor o presente e termos um futuro melhor.
Realmente se olharmos como servos de Deus recordar é viver a vida na presença de Deus, e a certeza de que nossa vida não é uma vida de desperdícios que precisa ser contada em letras de músicas, poemas, histórias em livros, mas uma vida que está guardada e marcada para ser vivida sob os cuidados de Deus.
Hoje, neste tempo da Quaresma, somos convidados a refletir profundamente sobre a caminhada de Cristo para a cruz e o chamado ao arrependimento e à renovação. Durante esta jornada espiritual, Deus nos oferece a oportunidade de uma renovação interior, de uma volta ao caminho da verdadeira fé e da verdadeira vida. As leituras do Salmo 126; Isaías 43.16-21; Filipenses 3.4b-7,8-14; Lucas 20.9-20 que acabamos de ler e ouvir nos revelam algo fundamental: a promessa de Deus de restaurar o que foi perdido, de nos fazer novos, e nos ensinam que a verdadeira vida é encontrada em Cristo, mesmo no meio das dificuldades da vida.
A caminhada de fé, está marcada com momentos de profunda alegria e contentamento, por exemplo o povo de Israel, recorda dos atos poderosos de Deus no passado como fez para libertar o povo do cativeiro e assim eles poderiam voltar para reconstruir Jerusalém, enfrentavam muita oposição dos seus inimigos para reconstrução de Templo em Jerusalém. Agora elas pedem que Deus não deixe a sua obra pela metade, pedem que ele termine a restauração de Israel, que Deus lhes dê prosperidade novamente. O povo que retornou para Jerusalém sabe que eles só foram levados cativos pela rebeldia deles, e sabe também que só retornaram por causa da misericórdia de Deus. A restauração não é construída por mãos humanas, mas pelo próprio Deus. O salmista diz: “Quando o Senhor Deus nos trouxe de volta para Jerusalém, parecia que estávamos sonhando. ” (Salmo 126.1). Essas palavras nos convidam a olhar para a nossa própria vida espiritual, especialmente no contexto da Quaresma. Quantas vezes não nos encontramos em situações de exílio espiritual, longe da plenitude que Deus? O pecado, as aflições e as dificuldades nos fazem sentir-nos distantes da alegria e da paz que pertencem aos filhos de Deus.
No entanto, a Palavra de Deus mostra que a restauração é uma promessa de Deus. Que é realizada por Deus. Ele não tarde em perdoar ao coração arrependido. Ele traz de volta a nossa alegria. Por isso, todos os que sofrem e buscam o Senhor, mesmo que o choro possa durar uma noite, mas existe promessa que nos enche de alegria, a promessa é clara: a alegria vem pela manhã. A Quaresma é um tempo de confissão, sim, mas também de esperança, pois sabemos que Deus, em Sua infinita graça, está sempre pronto para restaurar aquele que se arrepende e busca o Seu perdão.
Algo muito similar nos é lembrado pelo profeta Isaías que nos lembra que esta reconciliação reajustar da nossa rota, este novo caminho a seguir vem da parte do próprio Deus que faz e ofereceu ao povo de Israel, também a nós uma adocicada promessa de restauração. O Senhor leva-nos a olharmos não para o tempo presente tão somente, mas para um passado distante, onde ele por todo o tempo fez grandes coisas pelo povo e ainda continua fazendo.
Ao lermos Isaías 43.16-21, (sugiro que você pegue a sua Bíblia e leia). Aqui é nítido que Deus oferece uma das mais belas promessas de renovação encontradas nas Escrituras. O Senhor, ao falar com o povo de Israel, diz: “Pois agora vou fazer uma coisa nova, que logo vai acontecer, e, de repente, vocês a verão.” (Isaías 43.19). Esta promessa é de que Deus está realizando uma obra nova, uma obra de transformação. Mesmo que o povo tenha passado por momentos de sofrimento e dor, Deus não os deixará em suas aflições, mas os levará a um novo caminho. Também essa Palavra é para nós do ano presente. Deus tem uma nova caminhada para cada um de nós. Por isso é preciso nos perguntarmos: No caminho que estou caminhando Jesus está do meu lado ou as minhas preocupações? É importante que não me esqueça que a vida neste mundo é como o orvalho que evapora com os primeiros raios de sol.
Para nós, este “novo caminho” se revela e continua em Jesus Cristo, que veio para transformar as nossas vidas e nos conduzir ao Pai. A Quaresma nos lembra do preço dessa transformação: o sacrifício de Jesus na cruz. No entanto, essa transformação é uma nova criação, onde o velho homem é posto de lado e a vida nova em Cristo é dada a cada crente. Não importa o quão difícil tenha sido nossa jornada até aqui; o Senhor está fazendo algo novo em nós. Só não pode ter esta transformação que rejeita o amor e a graça de Deus revelada em Cristo.
Ao lermos o texto de Isaías nos lembrados a olhar além das circunstâncias atuais e ver a obra de Deus em andamento. É preciso observar que a finitude dos tempos está se concretizando e que assim a glória de Deus vai se manifestando para a Salvação dos que creem. Assim como Deus fez milagres no passado, Ele está fazendo algo novo em nossas vidas, hoje. Podemos confiar que, em Cristo, Ele nos está conduzindo para uma nova criação, uma nova vida, uma nova esperança. Todos os creem fazem parte deste plano salvação. A eles Deus promete: “Este é o povo que criei para que fosse meu a fim de que desse louvores ao meu nome. (Isaías 43.21).” Quem poderá ser parte deste povo?
O Apóstolo Paulo nos ajuda a entender quando escreveu para os cristãos Filipenses 3.8-1, ele diz que: “(5) Fui circuncidado quando tinha oito dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue hebreu. Quanto à prática da lei, eu era fariseu. (6) E era tão fanático, que persegui a Igreja. Quanto ao cumprimento da vontade de Deus por meio da obediência à lei, ninguém podia me acusar de nada. (7) No passado, todas essas coisas valiam muito para mim; mas agora, por causa de Cristo, considero que não têm nenhum valor. (8) E não somente essas coisas, mas considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo (9) e estar unido com ele. Eu já não procuro mais ser aceito por Deus por causa da minha obediência à lei. Pois agora é por meio da minha fé em Cristo que eu sou aceito; essa aceitação vem de Deus e se baseia na fé. (10) Tudo o que eu quero é conhecer a Cristo e sentir em mim o poder da sua ressurreição. Quero também tomar parte nos seus sofrimentos e me tornar como ele na sua morte, (11) com a esperança de que eu mesmo seja ressuscitado da morte para a vida.”
Vejamos: O apóstolo Paulo, em Filipenses 3, compartilha e dá uma fiel mensagem a Igreja, ao contar a sua própria experiência de transformação em Cristo. Ele revela que, antes de conhecer a Cristo, ele confiava em sua própria justiça, nas suas boas obras e nas suas credenciais humanas. Mas, ao encontrar Cristo, ele considerou tudo isso como perda. “Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo” (Filipenses 3.8). Paulo nos ensina que a verdadeira vitória não está em nossas realizações ou méritos, mas em Cristo, que nos dá Sua justiça, nos justifica, nos transforma e nos dá uma vida nova.
O apóstolo nos exorta a abandonar as coisas do passado e a avançar para o alvo, que é o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Recordar é importante, mas para servir e reflexão ou para não praticar o mal ou para novamente praticar o bem. Em tempo de Quaresma, somos chamados a refletir sobre as áreas em nossas vidas onde precisamos abandonar, as velhas maneiras de viver e abraçar a nova vida que Cristo nos oferece.
A jornada de Quaresma é um convite à renovação. Esta tem sido o tema central das nossas mensagens. Devem ser a tua mensagem para a tuas ações e tua casa. Não devemos olhar para o que já fizemos ou conquistamos, mas para o que Cristo fez por nós e para o que Ele ainda quer fazer em nossas vidas.
O chamado de Deus é feito mediante Palavra que nos anuncia que Deus nos ama. O pecador tem rejeitado a Palavra, até mesmo os próprios líderes de Israel não tinham guardado a aliança de Deus. Sempre rejeitaram os profetas e até os assassinaram, entre eles sabemos o Cristo. Estas verdades Jesus a escancara, mediante a Parábola dos Lavradores maus registrada em Lucas 20.9-16 (também sugiro você ler o texto). Assim como hoje, muitos dizem: este pastor, não serve, exige demais de nós, ele acha que ainda estamos nos tempos da bíblia. O mundo é outro agora, a realidade é outra, os valores são outros, ele está ultrapassado. Ledo engano. A Palavra que está sendo anunciada aqui, por mim, é tão real e atual como se Jesus estivesse nos falando neste momento. Vejamos, a parábola dos vinhateiros maus, revela como o povo de Israel, ao longo da história, rejeitou os mensageiros de Deus, inclusive o Filho de Deus. Resumidamente Jesus expõe a realidade do povo e a nossa, isto é, o dono da vinha enviou vários servos, e finalmente, seu próprio filho, mas os vinhateiros rejeitaram e mataram os servos e o filho. A história é um alerta contra a rejeição de Deus e de Sua misericórdia.
Jesus está nos convidados a refletir sobre como temos respondido ao chamado de Deus em nossas vidas. Temos ouvido a Sua voz e respondido com arrependimento e fé, ou temos, de alguma forma, rejeitado Sua graça? Jesus é a pedra angular da nossa fé. Ele é o fundamento da nossa salvação, e, ao rejeitar o convite de Deus, nos afastamos da verdadeira vida. Hoje é hora de renovar o nosso compromisso de viver segundo a vontade de Deus, recebendo com alegria e gratidão o dom da salvação oferecido em Cristo.
Que Deus nos abençoe e nos fortaleça nesta jornada de fé, e que, ao olharmos para a cruz, encontremos a nossa verdadeira vida em Cristo Jesus. Amém.
Bênção Final
E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus (Filipenses 4.7). Amém!
DE DEUS RECEBEMOS A ESPERANÇA E O RENOVO

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique