“Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês! (Gálatas 1.3)”.
Os textos deste final de semana são nos mostram que Deus sempre é o socorro presente e ó único que não foge, nem nos deixa sozinhos. Vejamos: O Salmo 3 nos mostra um coração angustiado: “Ó Senhor Deus, tenho tantos inimigos! São muitos os que se viram contra mim! (Salmo 3.1).” Também o texto de Isaías 65.1b: ““Eu estava pronto para atender o meu povo, mas eles não pediram a minha ajuda; estava pronto para ser achado, mas eles não me procuraram. A um povo que não orou a mim, eu disse: ‘Estou aqui! Estou aqui!’” Isto mostra o desejo de Deus ser encontrado pelas pessoas, é como diz o texto de Provérbios 8.1-3, 9.5-6: “(1) Escutem! A Sabedoria está gritando: a Compreensão está chamando em voz alta. (2) A Sabedoria está no alto dos morros, na beira da estrada e nas encruzilhadas dos caminhos. (3) Está na entrada da cidade, perto dos portões, gritando:… (5) “Venham, comam a minha comida e bebam o vinho que eu preparei. (6) Deixem a companhia dos tolos e vivam. Sigam o caminho do conhecimento.”” Já no Novo Testamento Paulo ao escrever aos cristãos da Galácia e, faz questão de mostrar que eles e nós, só seremos realmente livres pela graça de Deus pela fé em Jesus, ele diz em Gálatas 3.26 e em 4.7: “(23) Pois, por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são filhos de Deus… (7) Assim vocês não são mais escravos; vocês são filhos. E, já que são filhos, Deus lhes dará tudo o que ele tem para dar aos seus filhos.” Assim aconteceu com o homem possuído por um demônio em Gerasa, foi liberto pelo Senhor Jesus e recebe então a incumbência de Jesus para que retorne para casa e conte tudo o que Deus lhe fez: “(39) — Volte para casa e conte o que Deus fez por você. Então o homem foi pela cidade, contando o que Jesus tinha feito por ele. (Lucas 8.39).” O primeiro missionário gentílico é alguém transformado pela graça. Assim também nós somos enviados: a missão começa no lar, entre os nossos, com uma vida que proclama o amor de Cristo.
Com isso fica claro para nós: Jesus ainda atravessa mares para encontrar os perdidos. Ele ainda rompe correntes, restaura identidades e envia ao testemunho. Onde antes havia desespero, Ele planta esperança. Onde havia silêncio e solidão, Ele faz ecoar um novo cântico. Por isso essa história do homem de endemoniado de Gerasa, um fato, que faz ecoar pelos séculos que a graça de Deus é para todos. O clamor ecoa no homem possuído em Gerasa — alguém tomado por forças que o desfiguram, isolam e acorrentam.
Imagine acordar em uma pequena vila às margens do Mar da Galileia, ouvindo gritos vindos dos túmulos. Um homem nu, violento, endemoninhado, vivendo entre os sepulcros, fora de si e fora da sociedade. É exatamente nesse cenário o Evangelho deste domingo nos mostra que abundou a graça de Deus, um homem que não era do povo escolhido, um gentílico, agora sendo curado e pode anunciar a respeito da obra de Deus para os da sua terra. Mas sobre a busca de Jesus aos pecadores fora do povo de Israel temos ainda alguns outros acontecimentos que marcam o ministério de Jesus.
Aqui estão alguns destaques que mostram essa abertura da Salvação para todos os povos. Acompanhe comigo: A mulher siro-fenícia (Marcos 7.24–30): Mesmo diante de uma resposta inicial dura, Jesus reconhece a fé da mulher gentia e cura sua filha. Isso mostra que a fé verdadeira não está limitada a um povo específico. O centurião romano (Mateus 8.5–13): Um oficial do exército opressor pede ajuda a Jesus, e sua fé é elogiada como superior à de muitos em Israel. Jesus cura seu servo à distância, mostrando que a graça não conhece limites geográficos ou culturais. A grande comissão (Mateus 28.19–20): Após a ressurreição, Jesus envia seus discípulos a todas as nações, selando de vez o caráter universal de sua missão.
E como já ouvimos a pouco na leitura: O endemoninhado geraseno (Lucas 8.26–39): Jesus atravessa o mar até uma região gentílica, impura aos olhos dos judeus, para libertar um homem marginalizado. Ele não apenas o cura, mas o envia como missionário local — um sinal claro de que a salvação ultrapassa fronteiras étnicas. Esses eventos registrados também nos mostram que para Jesus não há mal ou pecado que não possa ser perdoado. Interessante que em todas as situações, não há um interrogatório do tipo: O que você fez? Como chegou até esta situação, mas a intervenção de Jesus é sempre com o objetivo de Salvar, aliviar o peso dos ombros dos pecadores e dar a paz que o mundo não pode e nem consegue dar.
O texto do Evangelho, nos mostra que para Jesus todos as pessoas pecaram e carecem da graça de Deus. Para Jesus não importa se são judeus ou não judeus, Ele veio para mostrar que ele está Salvando os pecadores. Ninguém deve ficar de fora. Ele atravessa o mar, chega à terra dos gerasenos — território gentílico — e lá encontra aquele homem. Um encontro que é, na verdade, uma batalha espiritual, um sinal que o Reino de Deus pelo Evangelho está avançando para libertar, salvar e restaurar. É uma batalha contra o diabo e suas obras que tentam a todo custo desestabilizar o pecador para nos desesperar e sermos prezas fáceis. Pois o inimigo veio para matar e destruir. Todavia, Jesus veio para destruir as obras do diabo e o venceu com sua morte de cruz selando esta vitória com a ressurreição. Vamos refletir sobre este texto em três partes:
- A REALIDADE DO PODER DAS TREVAS
O Evangelho de Lucas descreve um homem possesso, dominado por muitos demônios, que o haviam afastado de tudo: da família, da cidade, de si mesmo. Ele vivia nos sepulcros, símbolo de morte. Estava nu, sinal de vergonha. Era acorrentado, mas rompia as correntes, mostrando que não havia força humana capaz de controlá-lo. Sem Deus essa é a realidade humana.
Este homem é um retrato da condição humana sob o poder do pecado. Ainda que hoje não vejamos possessões demoníacas com tanta frequência, o mal continua atuando, nos afastando de Deus e da comunhão com as pessoas. Sei que hoje em dia muitas igrejas fazem teatro para dizer que esse ou aquele está possesso por demônio, mas isso é realmente um teatro diabólico, pois se as pessoas realmente vissem o que é uma possessão diabólica os ditos pastores líderes religiosos, não invocariam tanto assim o diabo em suas pregações. O ser humano longe da graça de Deus está totalmente desfigurado da imagem de Deus, e ficará, escravizado por meio de vícios, ódios, mentiras e orgulhos.
O salmista Davi no Salmo 3 clama a Deus em meio à perseguição: “Senhor, como tem crescido o número dos meus adversários!” Cabe lembrar que mesmo que o mal se levanta contra o povo de Deus, e tem o desejo de ferir e matar, é preciso lembrar que o mal está dentro de nós — nosso velho homem resiste ao Espírito Santo e milita contra as obras de Deus. É preciso que o pecador recorde diariamente do seu Batismo, pela confissão de pecados, afogue o velho homem em nós pela fé em Cristo. Mesmo que este velho homem saiba nadar e nada muito bem, sempre de novo é preciso lembrar: Sou batizado. Sou de Cristo. Nele sou Nova criatura. E por isso que Pedro em sua primeira carta escreve: “(7) Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês. (8) Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o Diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar. (9) Fiquem firmes na fé e enfrentem o Diabo porque vocês sabem que no mundo inteiro os seus irmãos na fé estão passando pelos mesmos sofrimentos.” … Mas Tiago 4.7-8, nos anima e conforta dizendo que Deus está ao nosso lado. Ele diz: “Portanto, obedeçam a Deus e enfrentem o Diabo, que ele fugirá de vocês. 8Cheguem perto de Deus, e ele chegará perto de vocês.” - A AUTORIDADE LIBERTADORA DE JESUS
Também no evangelho de Lucas 8.26-39, é preciso que compreendamos o ponto central deste texto: A autoridade de Jesus. O homem endemoninhado não é quem se aproxima de Jesus; é Jesus quem vai ao encontro dele. Isso é pura graça! O Senhor toma a iniciativa. Sempre é Deus que vai ao encontro do pecador.
Os demônios reconhecem Jesus. Eles sabem que estão derrotados na presença de Jesus. Eles dizem: “— Jesus, Filho do Deus Altíssimo! O que o senhor quer de mim? Por favor, não me castigue! (Lucas 8.28b).” Eles sabem quem Ele é e tremem diante Dele. Mesmo uma legião de demônios não pode resistir a uma só palavra de Cristo.
Jesus expulsa os demônios e liberta o homem. Ele não o apenas limpa por fora, mas o restaura completamente: ele é visto depois sentado, vestido e em perfeito juízo, aos pés de Jesus. Sinal de alguém que agora está em paz consigo mesmo e sabe que a paz que Deus lhe ofereceu em Cristo é contagiante. De possesso a liberto, de perdido a achado, de condenado a Salvo.
Isso nos lembra o que o profeta Isaías disse no capítulo 65: Deus se deixou encontrar por quem não O buscava. Ele veio ao encontro de um povo rebelde, idólatra, imundo. Ainda assim, por causa de Seu servo (o Messias), Ele pouparia um remanescente. No Evangelho, vemos isso acontecendo: Jesus, o Servo, vem ao encontro do excluído, do imundo, do possesso — e o restaura. Este mesmo Jesus, vem ao nosso encontro, a cada um de nós que está imundo pelos pecados e nos restaura. De que maneira? Pelo Evangelho. - O Chamado para Testemunhar a Misericórdia
Só o Evangelho pode fazer isso. A boa notícia de que Deus nos ama e Salva mediante Cristo Jesus. Graça, misericórdia que leva ao testemunho. De tormentos infindáveis agora o geraseno desfruta de tão graciosa paz que ele recebeu de Jesus. Mas, em vez de deixar segui-lo, Jesus o envia para a sua terra, sua gente, eles precisam ouvir ele contar/testemunhar, das obras que Jesus fez em sua vida. A vida de tormentos e sofrimentos que ele passou enquanto estava sob o domínio e poder da legião de demônios lhe foi como uma escola. Agora com a Graça, ele como um todo, era testemunha viva do que Deus fez e faz na vida das pessoas. Por isso que sempre digo: Nós não precisamos de métodos evangelísticos, mas precisamos contar para as pessoas o que Jesus fez por nós e faz em nós. De modo simples, mas verdadeiro, sempre fiel aos fatos. Uma verdadeira testemunha. Deus quer ser achado e para isso nos convida a viver e testemunharmos a sua obra em nossa vida.
Ser curado por Jesus é também ser enviado por Ele. Não podemos separar a salvação do testemunho. Por isso: O apóstolo Paulo, na carta aos Gálatas, nos lembra que antes da fé em Cristo, estávamos como prisioneiros da Lei. Mas agora, em Cristo, somos filhos de Deus, herdeiros, revestidos de Cristo pelo batismo. O que aquele homem Geraseno experimentou, nós também recebemos espiritualmente: libertação, adoção e restauração. E o chamado é o mesmo: Contar as maravilhas de Deus (Salmo 40.5). Falar da Sua misericórdia.
Queridos irmãos, neste segundo Domingo após Pentecostes, lembramos que o Espírito Santo continua a agir no mundo através da Palavra e dos Sacramentos. Jesus continua indo ao encontro dos quebrados, dos pecadores, dos que vivem entre “sepulcros”. Ele liberta. Ele transforma. Ele nos chama a seguir e ser testemunha. Que possamos, como aquele homem, proclamar em nossa casa, em nossa cidade, tudo quanto Jesus tem feito por nós. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
