Queridos irmãos e irmãs em Cristo. “Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês! (Gálatas 1.3)”. Amém!
Tem uma afirmação que é atribuída como sendo dita por Abraham Lincoln, ex-presidente dos EUA, diz-se que certa vez ele comentou que: “Sempre que contemplo as estrelas, sinto que estou contemplando a face de Deus. Compreendo que um homem olhe para baixo, para a terra, e seja ateu; mas não posso compreender que ele erga os olhos para o céu e diga que Deus não existe”.
Parece que esta afirmação faz todo o sentido. Pois, quando olhamos para o mundo à nossa volta — para as maravilhas da criação, para o mover de Deus na história, na natureza e na nossa vida podemos observar que há uma transformação que Ele opera nas vidas dos seus filhos — Neste sentido somos convidados a nos unir às palavras do salmista que lemos hoje e dizer: “Deus: “Como são espantosas as coisas que fazes! O teu poder é tão grande, que os teus inimigos ficam com medo e se curvam diante de ti. (Salmo 66.3)”
Sim! As obras de Deus são grandiosas. Vimos isto por meio das coisas criadas. Todas elas são espantosas, não apenas no sentido de grandiosas ou surpreendentes, mas no sentido de que nos enchem de reverência, admiração e até temor santo diante de um Deus que age com poder, misericórdia e justiça. É um mundo complexo e cada uma das suas criaturas mostra a obra de Deus.
Quando no dia de hoje somos convidados a meditar nas obras do Senhor.. neste 4º final de semana do período litúrgico de Pentecostes, vamos poder observar que além da natureza e todo o universo criado pela obra de amor do próprio Deus, também veremos como Deus continua a realizar coisas espantosas — em nossas vidas, por meio de sua Igreja, e na missão que Ele nos confiou.
Um Deus Todo-Poderoso, mas em cada coisa que ele fez e faz estão repletos da sua graça e compaixão. Marcas da sua essência: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16).” Amor incondicional de Deus.
O texto do salmo 66.1-7, começa com um convite, um chamado universal: O louvor a Deus não deve ser de uma só nação, mas de todos os povos línguas e tribos. Pois, mais tarde isso parece ficar claro sobre este louvor, quando João diz a respeito da sua visão do céu em Apocalipse 7.9-10, quando ele pode confessar que: “(9) Depois disso olhei e vi uma multidão tão grande, que ninguém podia contar. Eram de todas as nações, tribos, raças e línguas. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro, vestidos de roupas brancas, e tinham folhas de palmeira nas mãos. (10) E gritavam bem alto: — Do nosso Deus, que está sentado no trono, e do Cordeiro vem a nossa salvação.” O Salmo começa com o que é o próprio dos que vivem a vida em Cristo, as pessoas, as criaturas, tudo quanto existe é convocado a louvar. É dito no Salmo 66.1: “Que todos os povos louvem a Deus com gritos de alegria! “. É um convite para que toda a criação reconheça e louve ao Senhor. E por quê? Porque “são espantosas as obras” de Deus. O salmista recorda a travessia do mar Vermelho (Êxodo 14.21-22) e do Jordão (Josué 3:14-17) — momentos em que o povo de Israel viu, com os próprios olhos, o poder de Deus intervindo na história. Em ambos os lugares o povo atravessou ao mar Vermelho e o Rio Jordão sem molhar os pés. Deus fez coisas espantosas e assim mostrou o seu poder aos seus.
Mas é importante lembrar que essas obras do passado são apenas sinais visíveis de uma realidade maior: Deus é o Senhor da história, Ele tem domínio e governo sobre todos. Ele governa com justiça. Ele vê os corações, examina o íntimo de cada pessoa, esquadrinha os pensamentos. Ele transforma situações impossíveis. Quando Ele abre o mar, Ele não apenas mostra poder; Ele mostra cuidado. Ele liberta, Ele conduz, Ele salva. Assim, como Ele tem feito em nossos dias, nos quase da nossa vida: quase sofri um acidente, quase caí, quase fui assaltado, quase me machuquei… Esses quase é a mão de Deus nos guardando e amparando. Mostrando cuidado e amor.
Quantas, quantas vezes, irmãos, nós mesmos podemos olhar para trás e perceber que Deus fez algo espantoso em nossas vidas? Uma cura inesperada. Uma porta que se abriu quando tudo parecia fechado. Uma oração atendida de modo imediato. Ou, uma oração não atendida e, com o tempo Deus nos mostra que ele não atendeu, pois não seria bom para nós. É assim que Deus age — com obras que não podem ser explicadas apenas com palavras humanas. É preciso fé.
Do mesmo modo, podemos perceber no texto lido do profeta Isaías em Isaías 66.10-14, que nos leva a contemplar outra faceta das obras de Deus: seu poder de restaurar e consolar. Onde mesmo que as pessoas não queiram saber de Deus, Deus sempre de novo nos convida a voltar-nos para Ele. Deus fala por meio do profeta que Jerusalém, enquanto está Nele é como uma planta viçosa, e que é possível perceber nitidamente o cuidado de Deus para com os seus e o castigo para os que se rebelam e tornam-se inimigos de Deus. Cabe lembrar aqui que, Jerusalém — é o símbolo do povo de Deus — é descrita como uma mãe que alimenta e consola seus filhos. “Alegrem-se junto com Jerusalém e cantem hinos de louvor, todos os que a amam. Alegrem-se junto com Jerusalém, todos os que choraram por ela. (Isaías 66.10)”. Assim, Deus se compromete e cuidar e suster os seus filhos.
Essa imagem é poderosa. Porquê: Depois de um período de sofrimento, Deus promete restauração. Ele traz paz “como um rio” e glória “como torrente transbordante”. Ele não apenas cura a dor — Ele a transforma em alegria.
E isso também se aplica a nós, Igreja do Senhor. Quantas vezes, como povo de Deus, nos sentimos desanimados, abatidos, talvez até mesmo esquecidos? Achamos que Deus talvez tenha nos esquecidos. Afinal, vivemos momentos de turbulências e desânimo tanto social quando espiritual. Visto que, cada vez mais encontramos igrejas vazias, não necessariamente de pessoas, mas vazias de ensino e de pessoas querendo apreender. As igrejas estão cheios de falsos adoradores, que na primeira prova de fé, abandonam o Senhor e correm para outros templos querendo lá serem atendidas, mas longe da Palavra. Por isso que só pela Palavra que o Senhor vem e nos restaura. Ele consola como uma mãe consola o filho. Ele fortalece, renova e nos faz florescer novamente.
Tamanha é a verdade que foi dita até aqui que, Paulo em Gálatas 6.1-10, já na sua época instiga, exorta que a vida do cristão não está e nem pode estar pautada no que vou ganhar em esperar em Cristo, mas está alicerçada no que Deus já fez e faz por nós. Agora, já transformados vemos pela fé em Cristo, as obras espantosas de Deus se manifestam na vida cristã diária pelo testemunho, e o dar do que tem de melhor para mostrar que sua vida agora em Cristo toma uma nova perspectiva. Paulo exorta os crentes a viverem em amor mútuo: ajudando os que caem, levando os fardos uns dos outros, sem se cansar de fazer o bem.
Esse tipo de vida não é natural ao ser humano. É um grande desafio, pois o nosso coração é inclinado ao egoísmo, ao julgamento, à indiferença. Mas, quando Cristo nos alcança, quando o Espírito Santo habita em nós, passamos a viver de forma diferente, nossos atos passam a ser um reflexo da graça de Deus — uma família onde os irmãos se cuidam, se restauram e se edificam mutuamente. Ninguém fica pelo caminho.
E isso é uma obra espantosa! Quando uma igreja vive em amor, quando perdoa, quando serve, quando carrega os fardos uns dos outros — o mundo olha e se espanta: “Como pode isso? De onde vem essa força? Esse amor?” E a resposta é clara: VEM DE DEUS. É Ele quem opera em nós tanto o querer quanto o realizar.
Paulo também nos lembra que não devemos nos cansar de fazer o bem. Porque, no tempo certo, colheremos os frutos. Sim, muitas vezes fazemos o bem e não vemos resultado imediato. Mas Deus vê. Deus age. Age e continua agir pelo Evangelho.
Tão logo, Evangelho de hoje de Lucas 10. 1-20, nos leva ao coração da vida cristão em comunhão, Jesus vai em missão junto com os seus, ao enviar e lembrar que eles/nós, não pregamos a nós mesmos, mas a Principe da Paz. Ele diz e recomenda que seja dito: “Que a paz esteja nesta casa.” Pois assim os discípulos tinham a sua credencial de quem e em nome de quem estão indo, pois eles estavam levando o Reino de Deus para as pessoas. Isso é para nós hoje também! Ir, sem esperar que alguém nos mande, mas porque Jesus quer que o Reino de Deus seja chegado a todas as pessoas.
E o que acontece com os 72? Eles voltam cheios de alegria, dizendo: “(17b) — Até os demônios nos obedeciam quando, pelo poder do nome do senhor, nós mandávamos que saíssem das pessoas! (18) Jesus respondeu: — De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio.” Eles haviam experimentado, em primeira mão, o poder de Deus agindo por meio deles.
Mas Jesus os corrige com amor: “não fiquem alegres porque os espíritos maus lhes obedecem, mas sim porque o nome de cada um de vocês está escrito no céu. (Lucas 10.20).” A verdadeira alegria não está no sucesso ministerial, mas na certeza da salvação. Essa missão continua hoje. Deus continua enviando seus filhos para anunciar o Reino. E Ele continua operando coisas espantosas através de pessoas comuns como eu e você. Quando um pecador se arrepende e crê — isso é milagre. Quando alguém é curado pela oração — isso é milagre. Quando um coração endurecido é quebrantado pela Palavra — isso é milagre. Parece-me impossível não exclamar: “DEUS: COMO SÃO ESPANTOSAS AS COISAS QUE FAZES!” E tudo isso nos leva a reconhecer: não é por nós que as coisas acontecem, mas por Deus. Ele é quem age. Ele é quem realiza. E isso é espantoso.
Contudo, hoje, fomos convidados, pelas Escrituras, a contemplar as espantosas obras de Deus. Obras que se manifestam: Na criação e na salvação — como nos lembra o Salmo; Na restauração e consolo do povo — como profetiza Isaías; na vida em comunidade, no amor prático — como exorta Paulo; E na missão da Igreja — como vemos em Lucas.
E o que tudo isso tem em comum? A ação viva de Deus no mundo desde a criação, após a queda na restauração mediante Cristo e no congregar maravilhoso do Espírito Santo que nos convence que sim: “Deus: Como são espantosas as coisas que fazes!”
Que o bondoso Deus nos permita que possamos abrir os olhos para ver, com fé, como Deus continua operando maravilhas. E que possamos responder com louvor, com serviço, com alegria e com confiança.
Como diz o apóstolo Paulo, encerrando sua carta aos Gálatas: “Mas eu me orgulharei somente da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, por meio da cruz, o mundo está morto para mim, e eu estou morto para o mundo.” (Gálatas 6.14). Sim, a maior de todas as obras espantosas de Deus foi realizada na cruz — onde Cristo venceu o pecado, a morte e o diabo, e nos deu vida eterna.
Glorifiquemos, pois, ao nosso Deus. Proclamemos as Suas obras. Vivamos como testemunhas da Sua graça. E que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarde os vossos corações e mentes em Cristo Jesus. Amém
“DEUS: COMO SÃO ESPANTOSAS AS COISAS QUE FAZES!”

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique