Dezembro chega como o encerramento de um ciclo, trazendo em si uma mistura de sentimentos e significados que ressoam profundamente no imaginário coletivo do mundo ocidental cristão. Este é o mês das festas, dos encontros familiares, das decorações cintilantes e do consumismo desenfreado. Mas também é um período carregado de mitos, lendas e contradições que convidam a uma análise mais reflexiva.
O brilho das tradições e o peso da realidade se contrapõem numa dança frenética de sentimentos e emoções afloradas pela demanda que borbulha por todos os cantos da vida cotidiano, na intimidade dos lares cristãos e na cidade enfeitada.
O Natal, com sua promessa de paz e fraternidade, é talvez a maior expressão simbólica deste mês. Suas origens remontam à celebração do nascimento de Jesus Cristo, mas, ao longo dos séculos, o significado espiritual foi diluído pelo apelo comercial. Hoje, o Natal é também o auge do consumo: shopping centers lotados, presentes comprados a prestação e campanhas publicitárias que transformam o “espírito natalino” em cifras recordes de vendas. Esse é um ponto positivo para a economia, mas muitas vezes um fardo emocional e financeiro para as famílias.
O Ano Novo, por sua vez, carrega a esperança de recomeços. As resoluções para o próximo ano simbolizam o desejo humano por mudança e progresso. Contudo, essa expectativa muitas vezes é superficial e passageira. Planos feitos sob o ápice da euforia de uma noite muitas vezes se desfazem ao longo do ano.
Dezembro também é o mês da união. As festividades aproximam pessoas, promovem reencontros e fortalecem laços. As decorações natalinas e as músicas temáticas criam uma atmosfera de encanto e nostalgia que toca corações de todas as idades. Para muitos, este é o momento de celebrar conquistas e agradecer pelas bençãos recebidas ao longo do ano.
Por outro lado, Dezembro também é um mês de tensões. O apelo consumista gera endividamento e ansiedade. A pressão para criar momentos perfeitos pode ser exaustiva. Para aqueles que enfrentam dificuldades emocionais ou financeiras, a época pode acentuar sentimentos de solidão e inadequação.
Além disso, as comparações tão comuns nas redes sociais durante as festas podem ser um veneno para a autoestima. A busca por reconhecimento através de postagens sobre “como foi o meu Natal” ou “minhas metas para o próximo ano” muitas vezes mascara uma profunda desconexão consigo mesmo.
Trago aqui uma reflexão necessária sobre esse mês tão marcante nas nossas vidas direta i indiretamente. Dr. Augusto Cury diz que você não precisa ser perfeita, perfeito, você precisa ser feliz e Eckhart Tolle diz que a felicidade está no Agora, em estar presente momento por momento sem condicionantes de se tenho isso ou aquilo. Seja feliz por decisão e não por aquisição de algo.
Ao final de mais um Dezembro, a verdadeira reflexão deve ir além das aparências e dos clichês. Este é o momento para avaliar vitórias e conquistas pessoais, sem a necessidade de comparações. Quais foram os aprendizados do ano? O que você deseja cultivar em sua vida no ano seguinte?
Dezembro nos convida a olhar para dentro, resgatando o significado autêntico das celebrações: conexão, gratidão e esperança. Que o ciclo que se encerra seja um lembrete de que cada um de nós pode buscar uma vida mais significativa, com menos dependência de simbolismos vazios e mais compromisso com aquilo que verdadeiramente importa.
Que em Janeiro, a continuidade não seja “mais do mesmo”, mas um recomeço pautado em consciência, coerência e propósito
MAIS UM DEZEMBRO CHEGOU
Professora, historiadora, coach practitioner em PNL, neuropsicopedagoga
clínica e institucional, especialista em gestão pública.
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