Nos primeiros dias de sua gestão, Donald Trump cumpriu promessas que marcaram sua campanha eleitoral e foi além ao implementar medidas polêmicas que dividiram a opinião pública dentro e fora dos Estados Unidos. Em seu primeiro ato de grande impacto, assinou ordens executivas para reforçar o controle sobre a imigração, incluindo a polêmica tentativa de banir cidadãos de países majoritariamente muçulmanos, medida amplamente criticada por organizações de direitos humanos e líderes internacionais. Segundo o analista político Thomas Wright, do Brookings Institution, “Trump iniciou seu governo demonstrando que sua retórica de campanha não era apenas discurso, mas um plano de ação claro e imediato. Isso preocupou aliados tradicionais e fortaleceu seus apoiadores internos”.
A postura do novo presidente em relação à imigração ilegal também se manifestou na intensificação de operações contra imigrantes indocumentados e na reafirmação de sua promessa de construir um muro na fronteira com o México. Trump justificou tais ações como medidas essenciais para a segurança nacional, enquanto críticos apontaram o caráter discriminatório e os impactos sociais dessas políticas. O especialista em relações internacionais Jorge Castañeda, ex-chanceler do México, declarou que “o endurecimento contra imigrantes ilegais gerou uma tensão diplomática desnecessária com países vizinhos, além de aumentar a polarização dentro dos Estados Unidos”.
Além da guerra contra a imigração ilegal, o governo Trump rapidamente adotou um tom imperialista em sua política externa, evidenciado por uma retórica agressiva em relação à China, Irã e a retomada de uma postura nacionalista nos acordos comerciais. O abandono do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP) e as ameaças de renegociação do NAFTA foram alguns dos primeiros sinais dessa mudança. O professor de relações internacionais Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations, analisou que “a guinada protecionista dos primeiros dias de Trump enviou um sinal claro de que os EUA estavam prontos para desafiar o status quo global, o que gerou preocupações em aliados tradicionais e mercados financeiros”.
Outro aspecto notório dos primeiros dias do governo Trump foi sua postura contra a chamada pauta ‘woke’, termo usado para descrever movimentos progressistas em questões sociais e raciais. Ele assinou ordens executivas restringindo treinamentos sobre diversidade no governo federal e se posicionou contra políticas de equidade racial promovidas por universidades e empresas. Tais medidas foram interpretadas como um aceno direto à sua base eleitoral conservadora. Para a cientista política Angela Davis, “Trump usou sua influência para consolidar um movimento reacionário que se opõe a avanços sociais importantes, reforçando a divisão ideológica dentro do país”. Assim, os primeiros dias da administração Trump foram marcados por ações rápidas e contundentes que ecoaram seu discurso de campanha, polarizando a sociedade e redefinindo a posição dos EUA no cenário global.
Os primeiros dias do governo Trump: um começo turbulento e alinhado ao discurso de campanha

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