Graça, misericórdia e paz vos sejam multiplicadas da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Amém.
Hoje é o dia mais glorioso do calendário cristão: o Dia da Ressurreição, o dia em que celebramos a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado. Mas… será que estamos realmente vivendo como pessoas da ressurreição? Ou será que, às vezes, ainda buscamos “entre os mortos aquele que vive”? Responder a essa questão é muito, mas difícil do que se imagina. Exige da pessoa um exame detalhado da consciência, das suas ações e sobre onde tem colocado as suas confianças e esperança.
Hoje, ouvindo o relato de Lucas, somos desafiados a lembrar e crer. A ressurreição não é apenas um fato histórico, mas uma realidade viva que transforma tudo — inclusive a nossa maneira de viver. O texto do Evangelho neste Domingo de Páscoa nos diz em Lucas 24.1-12, que: “No domingo bem cedo, as mulheres foram ao túmulo, levando os perfumes que haviam preparado. Elas viram que a pedra tinha sido tirada da entrada do túmulo. Porém, quando entraram, não acharam o corpo do Senhor Jesus e não sabiam o que pensar. De repente, apareceram diante delas dois homens vestidos com roupas muito brilhantes. E elas ficaram com medo, e se ajoelharam, e encostaram o rosto no chão. Então os homens disseram a elas: — Por que é que vocês estão procurando entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui, mas foi ressuscitado. Lembrem que, quando estava na Galileia, ele disse a vocês: “O Filho do Homem precisa ser entregue aos pecadores, precisa ser crucificado e precisa ressuscitar no terceiro dia”. Então as mulheres lembraram das palavras dele e, quando voltaram do túmulo, contaram tudo isso aos onze apóstolos e a todos os outros. Essas mulheres eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Estas e as outras mulheres que foram com elas contaram tudo isso aos apóstolos. Mas eles acharam que o que as mulheres estavam dizendo era tolice e não acreditaram. Porém Pedro se levantou e correu para o túmulo. Abaixou-se para olhar e viu somente os lençóis de linho e nada mais. Aí voltou para casa, admirado com o que havia acontecido.”
Nos Evangelhos há pequenas diferenças no modo como é contado a ressurreição, mas a soma dos relatos nos dá uma linda pintura do amor e cuidado de Deus na vida das pessoas. Os registros nos evangelhos a respeito da ressurreição, convergem amplamente para a realidade e o fato de que: Sim! Jesus é o Salvador da Humanidade. Não, restam dúvidas de que a vida pública, os acontecimentos na Sexta-feira Santa e os acontecimentos daquele domingo de Páscoa apontam para Jesus e confirmam que ele é o Messias. Cada evangelista dá as informações que ele tem a respeito do fato central da fé cristã. Ninguém viu Jesus Ressuscitar. O túmulo estava vazio e as aparições do Senhor ressuscitado provam que ele está vivo.
Frente a tudo isso é bom poder ler, por exemplo que Maria Madalena, e a outra Maria diz em Mateus que uma terceira mulher estava junto, chamada Salomé. Elas vestem-se de muita coragem e vão ao túmulo perfumar o corpo de Jesus. A pedra já não as impedia de entrar no lugar onde haviam deixado o corpo do seu Senhor, mas Ele não estava mais lá. O medo toma conta delas quando os dois homens vestidos com roupas muito brilhantes aparecem para dizer o que aconteceu. O medo é parecido com aquele mesmo medo que tomou conta de Pedro e fez com que ele negasse Jesus. Medo esse parecido com o seu e o meu quando rejeitamos a mensagem de que o Salvador é vivo e pode sim, nos socorrer, ajudar em nossas fraquezas. Medo que muitas vezes toma conta da vida da gente e nos faz duvidar daquilo que é verdade. No mundo as pessoas sabem, ouvem, compreendem que a ressurreição é o que difere a Igreja cristã das demais crenças, pois somente a igreja Cristã fala em ressurreição, as demais crenças, está alicerçada em autoconhecimento que visa gerar, um espírito iluminado. É preciso entender o que Paulo nos escreve em 1 Coríntios 15.19-24: “(19) Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo. (20) Mas a verdade é que Cristo foi ressuscitado, e isso é a garantia de que os que estão mortos também serão ressuscitados. (21) Porque, assim como por meio de um homem veio a morte, assim também por meio de um homem veio a ressurreição. (22) Assim como, por estarem unidos com Adão, todos morrem, assim também, por estarem unidos com Cristo, todos ressuscitarão. (23) Porém cada um será ressuscitado na sua vez: Cristo, o primeiro de todos; depois os que são de Cristo, quando ele vier; (24) e então virá o fim. Cristo destruirá todos os governos espirituais, todas as autoridades e poderes e entregará o Reino a Deus, o Pai.”
O antes anunciado agora em Cristo é real, um morto voltando a viver em seu corpo que antes tinha vida, mas havia perdido e agora volta a viver neste mesmo corpo. Cristo havia ressuscitado, não tem mais mistério, é real, visível, é crer conforme ensinado pelo próprio Jesus.
Os Evangelhos nos dizem que aquelas três mulheres, Pedro, os discípulos e as demais pessoas enlutadas pela perda do mestre esqueceram a mensagem de Jesus, esqueceram a promessa da ressurreição. Agora teriam que confrontar-se com o verdadeiro significado da cruz e perceber a profunda conseqüência daquele túmulo vazio. Realmente o seu mestre que a três dias foi silencioso para ser morto era tudo aquilo que lhes tinha dito. A profecia a respeito dele se cumprira, mas eles até então não compreendiam. O texto que antes podia ser tão controverso agora tem sentido, um texto anunciado logo após o homem ter caído em pecado, em Gênesis 3.15: “Eu farei com que você e a mulher sejam inimigas uma da outra, e assim também serão inimigas a sua descendência e a descendência dela. Esta esmagará a sua cabeça, e você picará o calcanhar da descendência dela.” Texto este conhecido como protoevangelho, onde o próprio Deus já dissera a Adão e Eva que eles iriam ser expulsos do Éden, mas que Deus providenciaria a Salvação da humanidade por meio de um filho de uma mulher que venceria a serpente, e que este descendente esmagaria a cabeça da serpente, e que a serpente apenas conseguiria picar o calcanhar do Salvador da humanidade. A morte de Jesus já estava prevista e anunciada.
O fato que na hora dos acontecimentos com relação a vida de Jesus e sua crucificação. Essas verdade eternas do Salvador, parecem ter sido esquecidas. Todavia, como diz o Profeta Isaías em Isaías 53.1: “Quem poderia crer naquilo que acabamos de ouvir? Quem diria que o Senhor estava agindo?”
As mulheres que agora estavam assustadas e apavoradas sempre tiveram, durante toda sua vida, um forte compromisso com Jesus. Foram companheiras nas caminhadas pela Galiléia. O momento diante do túmulo provavelmente trouxe essas lembranças. Agora elas estavam ali, sem o corpo do seu mestre para poder lhe prestar o último serviço: perfumá-lo e prepará-lo para o sono eterno. O medo! Quem não ficaria com medo diante desse fato? O que se passou em seus corações? Entre dúvidas e pavor procuravam compreender o que acontecia. Os anjos tiveram que lembrá-las daquilo que Jesus havia falado, agora teriam a tarefa de contar aos discípulos.
Mas, frente ao fato da ressurreição, todos estavam com uma reação comum, a reação dos discípulos foi de incredulidade e cegueira diante do fato espantoso que compartilharam. Porém, Pedro correu até o túmulo. Acreditou nas mulheres? O que esperava encontrar? Queria ter a certeza de que talvez as mulheres estivessem delirando? Ou será ainda que fosse para encontrar alguma pista do corpo roubado?
Pedro foi e conferiu. Vendo que não havia mais corpo lá, voltou e o informou “admirado” aos demais. Tão admirado que mais tarde quando recebe o Espírito Santo, ele não tem medo de falar para a multidão que estava em Jerusalém que o seu Salvador é vivo. Assim nós pela palavra de salvação também ficamos admirados por ver que o nosso Salvador é vivo que suas palavras são verdadeiras e dão vida eterna. Páscoa, uma vida renovada, uma vida que até então era um sonho apenas, mas com Jesus é pura realidade. Com Jesus a ressurreição é um fato e por isso estamos na casa de Deus. Por saber disso somos chamados a proclamar a este Senhor e Salvador. O nosso Redentor. Pois diz-nos o Salmo 16. 3: Como são admiráveis as pessoas que se dedicam a Deus! O meu maior prazer é estar na companhia delas.
Assim também aconteceu com as outras pessoas que eram seguidoras de Jesus. Depois da sua morte na cruz, viviam entre a certeza e a dúvida. Em algum momento na vida dessas pessoas a dúvida virou certeza: no ato de comunhão quando Jesus faz a partilha do pão no jantar de Emaús, ao tocar as mãos com as marcas dos pregos, ou simplesmente ao ouvir o testemunho das pessoas.
A fé provocou uma mudança na rotina dessas pessoas: Pedro e André não iriam mais para o mar pescar os seus peixes, mas seriam pescadores de gente, conforme Jesus os convidara a ser.
Mateus já não poderia mais cobrar os seus impostos. Esses novos rumos que foram assumindo, cheios de responsabilidade e compromisso, serviram para orientar muitas pessoas. A sequência da narrativa do Evangelista Lucas se baseia no relato dessa gente. A tradição oral nos dá conta de como houve incerteza e medo, mas também muita coragem e resistência. Sabem porque: porque o Espírito Santo estava com o povo de Deus e os fortaleceu. E hoje ainda, a prova é que nós estamos na casa de Deus, pois o Espírito Santo nos convenceu da nossa miséria do pecado e nos faz reclinar aos olhos de Cristo. Vejamos, os anjos que anunciaram o nascimento também foram encarregados por Deus de anunciar a sua ressurreição eles dizem: (Lc 24.6)”Ele não está aqui, mas foi ressuscitado. Ele vive”! É disso que depende a nossa vida e é isso que deve mover o nosso agir. É a ressurreição de Jesus o restante perde o sentido, pois Cristo é vivo.
Hoje nós vivemos e alimentamos nossa fé nesse fato histórico. Somos uma grande família cristã, podemos viver a fé com mais empenho e compromisso. Pois o medo foi superado. A certeza de que a vida venceu a morte é força transformadora. O túmulo está vazio. Ele não está mais lá.
Por isso, não podemos calar frente aos desafios da vida, não podemos nos omitir frente aos desmandos e as incertezas. Na Páscoa podemos deixar os nossos medos de lado. Na Páscoa Jesus antecede na vida, vai à nossa frente.
A fé nos faz acreditar e nos empurra à ação. Na Páscoa também nós somos confrontados com a promessa de ressurreição, convidados a “ir e dizer”, como o anjo orientou as mulheres diante do vazio do túmulo. Na Páscoa podemos repartir o amor que Jesus nos oferece. Para que também a cada Santa Ceia celebrada é comungada estejamos sempre na antessala do Reino do Céus que é nosso por causa da grande Compaixão de Jesus. A ressurreição nos chama a compartilhar essa esperança com o mundo. Como discípulos de Cristo, somos testemunhas vivas da obra de Deus, espalhando Sua luz onde houver escuridão.
A ressurreição de Jesus é o coração da nossa fé, a razão da nossa esperança e a base para nossa vida cristã. Lucas 24:1-12 nos lembra que Ele vive, e por isso temos a certeza da vitória sobre a morte e do cumprimento das promessas de Deus.
Que possamos ser testemunhas fiéis desta gloriosa notícia, vivendo com alegria e proclamando ao mundo que nosso Senhor venceu a morte. Aleluia, Ele está vivo! Amém!
Por que buscais entre os mortos aquele que vive

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique