“Onde iremos parar se continuar assim, é só o que se houve todo mundo falar… conheço outra humanidade…” fragmento de uma canção focolarina – Movimento Religioso nascido na Igreja Católica no Século XX, por Chiara Lubich e que possui integrantes nas grandes religiões do Planeta Terra.
Desde o princípio dos primórdios da humanidade, a dualidade, o bem e o mal, a luz e a sombra foram sendo mensurados, ponderados e, até nossos dias visto assim, todavia, a nova humanidade reconhecerá uma única força, uma única energia criadora: o Amor, a Luz, uma única Inteligência Suprema.
Desde que o ser humano acendeu a primeira chama nas profundezas de uma caverna, começou a longa jornada da consciência. Evoluímos do instinto à linguagem, da pedra à inteligência artificial. Mas para onde estamos indo?
O passado nos oferece pistas. Segundo Charles Darwin, nossa espécie é fruto de milhões de anos de adaptação e seleção natural. Somos parentes do Homo erectus e do Homo neanderthalensi, e carregamos em nós tanto a brutalidade da sobrevivência quanto a sensibilidade de um artista rupestre.
Mas não evoluímos apenas fisicamente. A história das ideias revela três grandes lentes pelas quais tentamos entender nossa existência: o positivismo, o materialismo e o espiritualismo.
O positivismo, nascido no século XIX com pensadores como Auguste Comte, acreditava que a razão e a ciência conduziriam o progresso humano. Já o materialismo reduziu o ser humano a processos biológicos: somos, nessa visão, apenas um cérebro adaptável. Em contrapartida, o espiritualismo afirma que a consciência precede a matéria — que somos, antes de tudo, almas em evolução, temporariamente encarnadas neste corpo, neste tempo.
Hoje, diante de um mundo veloz, hiper conectado e ansioso, enfrentamos uma crise profunda: a da desumanização. A tecnologia nos aproxima virtualmente, mas nos afasta do essencial. Sistemas de poder exploram essa desorientação para manipular desejos, opiniões e até sentimentos. Somos muitas vezes reduzidos a consumidores, estatísticas, perfis de dados.
Nesse contexto, surge o transumanismo — a proposta de aprimorar o ser humano com tecnologias como chips cerebrais, inteligência artificial e próteses avançadas. Mas a pergunta que ecoa é: vamos perder o que nos torna humanos em troca de eficiência?
A resposta não precisa ser trágica.
É possível imaginar um transumanismo positivo e espiritualizado, onde tecnologia e alma caminham juntas. Onde a máquina amplifica nossos sentidos, mas não substitui o amor. Onde a inteligência artificial organiza o mundo, mas a ética humana decide seus rumos.
E aqui eu pergunto: como se fará isso hoje, num sistem educacional atrasado, que não investe em disciplinas emocionais e espirituais como sociologia, filosofia, ética, moral e cultura religiosa nem pra consulta ou conhecimento superficial? Onde a criança aprenderá valores e princípios sem esse apoio gingantesco que já foi um dia a escola? E a resposta mais próxima parece ser a Família. E aí se pergunta qual conceito de família, onde nasce o conceito e o preconceito?
A humanidade pode, sim, dar o salto quântico — não apenas tecnológico, mas moral e espiritual. Precisamos de ciência com consciência, inovação com compaixão, progresso com propósito.
O ser humano nasceu nas cavernas, mas pertence às estrelas. Que essa nova etapa da nossa evolução não nos afaste de nossa essência, mas nos leve de volta àquilo que sempre nos fez únicos: a capacidade de amar, criar, pensar e se conectar com algo maior do que nós mesmos.
Há uma luz no fim do túnel. E ela nasce de dentro de cada um de nós.
Sobre a autora:
Ivonnete Teixeira é neuropsicopedagoga clínica e institucional, com 40 anos de atuação na Educação e 20 anos de experiência em gestão de pessoas. Professora das séries iniciais e do ensino médio, também leciona História do Ensino Médio e é coordenadora pedagógica desde 2009. Atuou como professora visitante da UNIFAP na disciplina de História da Amazônia. É graduanda em Teologia, especialista Gestão Pública, em Terapia Ocupacional, Neurociência aplicada à Educação e Inteligência Emocional. Realiza palestras, cursos e minicursos em escolas, instituições e empresas, integrando ciência, espiritualidade e propósito humano.