Nos tempos atuais, a política parece cada vez mais dominada por táticas desleais, em que a ética cede espaço à patifaria. O cenário político, tanto em países democráticos quanto em regimes mais autoritários, tem sido palco de práticas que colocam em dúvida a integridade e a honestidade dos atores envolvidos. A sensação de que aqueles que agem de forma antiética têm mais sucesso não é nova, mas ganha novas camadas quando analisada sob a lente da dialética erística de Arthur Schopenhauer. Em sua obra “A Arte de Ter Razão”, o filósofo alemão trata dos métodos utilizados em uma discussão para vencer a qualquer custo, independentemente da verdade. O objetivo não é encontrar a verdade, mas sim vencer o debate, mesmo que isso exija o uso de falácias, distorções e argumentos desonestos. Essa técnica, infelizmente, encontra uma correspondência quase perfeita no que poderíamos chamar de “protagonismo da patifaria” na política contemporânea.
No campo político, a busca pela vitória a qualquer preço é uma constante. A honestidade intelectual, que deveria ser um dos pilares do debate democrático, é muitas vezes abandonada em favor de estratégias que visam apenas a manutenção ou a conquista do poder. A utilização de falácias lógicas, a distorção de dados e fatos, e a manipulação emocional são práticas corriqueiras. Esses recursos dialéticos, que Schopenhauer detalha em sua obra, são aplicados não para elucidar questões relevantes, mas para desviar o foco da verdade, confundir o público e deslegitimar adversários. Essa prática cria uma atmosfera em que o cinismo e a desconfiança proliferam. O eleitor, constantemente exposto a táticas desonestas, começa a acreditar que a política é um jogo sujo por natureza, em que todos os jogadores utilizam as mesmas armas. Isso leva à apatia, ao desencanto e, em muitos casos, à radicalização, onde a lógica da “patifaria” se torna uma norma aceitável.
O protagonismo da patifaria, analisado à luz da dialética erística, evidencia como as estratégias retóricas e argumentativas que visam a vitória a qualquer custo têm corroído os pilares do debate político saudável. Ao invés de se basear na busca por soluções concretas para problemas reais, a política passa a ser um teatro em que vencer é mais importante do que estar certo. Esse fenômeno tem consequências devastadoras para a democracia, pois mina a confiança do público nas instituições e enfraquece o tecido social.
Portanto, a relação entre a patifaria na política e a dialética erística revela um dos grandes desafios da política contemporânea: a necessidade urgente de resgatar a integridade do debate público. Se a busca pela verdade e pela justiça for constantemente ofuscada pela vitória a qualquer preço, a democracia corre o risco de se transformar em um palco de manipulações, onde a patifaria será sempre a protagonista. Resgatar o valor do diálogo honesto e combater as táticas desonestas que Schopenhauer denunciava em sua dialética é crucial para restaurar a confiança no sistema político e na capacidade de resolver problemas de forma ética e eficaz.
O Protagonismo da Patifaria na Política: Um breve Ensaio à Luz da Dialética Erística de Schopenhauer
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