Os líderes da coligação EUA/OTAN, ignorantemente, não perceberam que as economias do mundo estão interligadas e funcionam como aquele joguinho de dominó onde se derruba uma peça que derruba todas as outras. O mais terrível é que nosso pais não contribuiu em nada e que não participou do tal ‘joguinho’ tenha que pagar um preço tão alto pela irresponsabilidade alheia.
João José Oliveira em artigo publicado no UOL/Economia, em 27/06/2022, sob o título “Economia do mundo está parando, e Brasil corre sério risco de piorar também”, que transcrevo alguns trechos, nos traz um retrato do que está ocorrendo e as previsões do futuro próximo:
“O mundo está sob ameaça de uma recessão -redução da atividade econômica, com desemprego, menos produção e consumo. A possibilidade de essa crise acontecer nas maiores economias do planeta aumentou nas últimas semanas, dizem economistas. Segundo eles, isso ocorre porque EUA e Europa estão subindo os juros contra a inflação e por causa do risco de a guerra na Ucrânia afetar o fornecimento de energia a países do continente europeu. E essa situação toda vai respingar no Brasil. A retração econômica nas maiores economias do mundo deve ocorrer entre o fim deste ano e o primeiro semestre de 2023, apontam economistas, atingindo as exportações brasileiras.
Por enquanto, o risco é de uma recessão maior na Europa que nos Estados Unidos, de duração curta —de dois a três trimestres. Se for isso, a economia do Brasil sofrerá uma desaceleração, mas sem recessão, diz o economista Rogério Studart, sênior fellow do Núcleo de Economia Política do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), ex-diretor executivo do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Mas se a recessão nos Estados Unidos e, principalmente na Europa, for mais grave, cresce o risco de a China também ser atingida. Nesse caso, o Brasil pode entrar em recessão.
Economistas dizem que a recessão deve ser mais forte e longa na Europa porque os países da região sofrerão dois impactos simultâneos —o dos juros e o da energia. A elevação dos juros pelos bancos centrais de Estados Unidos, União Europeia e Inglaterra deve levar a uma desaceleração sincronizada global, diz o economista Adauto Lima, economista-chefe da unidade brasileira da Western Asset, gestora global que administra US$ 449 bilhões em investimentos.
Além da menor exposição ao choque de energia, a economia norte-americana entra no ciclo de aumento de juros mais saudável que a da Europa. O PIB dos Estados Unidos recuou menos que o da zona do euro em 2020 e cresceu mais em 2021. O impacto da recessão nas economias americana e europeia sobre países emergentes, como o Brasil, deve ser leve, caso se confirme essa expectativa de desaceleração rápida nos Estados Unidos, afirmam economistas ouvidos pelo UOL.
Por enquanto, as projeções feitas por economistas para o Boletim Focus, do Banco Central, aponta crescimento para o PIB brasileiro: de 1,2% neste ano e de 0,76% em 2023. Queda de exportações O Brasil seria afetado pela recessão nos países ricos por causa das exportações. Elas responderam no primeiro trimestre deste ano por cerca de 19% do PIB. Se os países que mais compram do Brasil entram em recessão, ou os exportadores brasileiros vendem menos, ou os produtos caem de preço. Países que mais compraram do Brasil em 2021 China: US$ 87,7 bilhões (31,28%) EUA: US$ 31,1 bilhões (11,1%) Argentina: US$ 11,9 bilhões (4,2%) Holanda: US$ 9,3 bilhões (3,3%) Chile: US$ 6,9 bilhões (2,5%), Singapura: US$ 5,9 bilhões (2,1%) México: US$ 5,6 bilhões (1,9%) Coreia do Sul: US$ 5,5 bilhões (1,9%) Japão: US$ 5,5 bilhões (1,9%) Espanha: US$ 5,4 bilhões (1,9%) Fonte: Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.”
João José da Silveira também transcreve a opinião de vários economistas:
“Temos uma recessão encomendada para o ano que vem. A guerra na Ucrânia agravou os gargalos na economia mundial, atingindo agora insumos básicos, como energia, e provocando inflação ainda mais forte. Na falta de ações coordenadas de políticas econômicas, um problema que vem desde a pandemia, foi colocado sobre os ombros dos bancos centrais a missão de reduzir inflação, elevando juros.” Rogério Studart
“O risco de recessão está no radar, e não é pequeno, em especial para a Europa, onde a possibilidade é mais elevada em duração e intensidade. O preço maior e a menor oferta de energia afetam o consumo e a produção na economia, o que reduz a atividade.” Paulo Dutra, coordenador do curso de Economia na FAAP
“O cenário de aperto nas políticas monetárias [aumento de juros] nos países desenvolvidos e desaceleração da atividade na China aumentou a probabilidade de que a economia global entre em recessão.” José Márcio Camargo, economista chefe da Genial Investimentos.
“É provável que a recessão aqui, se ocorrer, seja menor que nos países desenvolvidos, até porque já tivemos uma forte desaceleração no ano passado. Como já atravessamos um período de grande desaceleração, sentiremos menos os efeitos desse cenário internacional.” Pedro Raffy Vartanian, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“Nos últimos anos, o crescimento da China ajudou emergentes exportadores de commodities a atravessar períodos de recessão. Mas hoje a força da economia chinesa é menor, com taxas de crescimento menores. Consequentemente, uma desaceleração mais forte nos países mais ricos tende a afetar mais os países emergentes, como o Brasil.” Adauto Lima.
Será que as medidas que começam a ser anunciadas serão suficientes para corrigir as irresponsabilidades? Creio que é chegado o momento do Brasil lutar para aumentar a sua produção de petróleo e reduzir a necessidade de importar os combustíveis fósseis que alimentam a nossa economia. Já está passando da hora de apoiar, incentivar e utilizar mais os biocombustíveis. Não me perguntem qual a melhor solução para nós, todavia, precisamos proteger o nosso país das consequências da irresponsabilidade de alguns líderes mundiais, pelo menos até que caiam e sejam substituídos por outros realmente interessados em salvar a economia global.