Nosso país, desde a reeleição de Dilma Rousseff em 2014, deixou de priorizar pautas econômicas para fechar a atenção nas pautas políticas com repercussões jurídicas no STF. Hoje, sabe-se mais da pauta do STF e do parlamento do que da agenda do Ministério da Economia. Paulo Guedes pouco diz sobre a economia e quando se manifesta é sempre em forma de pilhéria de mau gosto. Nem mesmo durante o período agudo da pandemia o país deixou de lado a pauta política com repercussão no judiciário. Na verdade, hoje temos um governo atrapalhado que não consegue formular absolutamente nada de positivo para o país.
A pauta econômica do país deveria ser a maior preocupação do governo Bolsonaro. Era de se imaginar o executivo, por intermédio das pastas competentes, discutir sobre os reflexos da pandemia e da recente guerra da Ucrânia na vida do sofrido povo brasileiro que abriga quase 13 milhões de desempregados. O preço do combustível é a pauta do povo na rua, mas não é do gabinete da Economia nem da pasta das Minas e Energia. Os debates diários são de natureza político-partidária e se referem quase sempre às eleições vindouras. Não há um fio de esperança de que o governo fará alguma coisa sobre esses temas tão importantes. No parlamento, a safra de 2018 se engaja em exibir valentões com pesadas armas para um suposto embate com seus desafetos, comportando-se como adolescentes na fase escolar, sem revelar preocupação com o país.
A inflação ressuscitada, sem o esmero do governo em implementar medidas para contê-la, deixa o povo sem esperança. Sua curva ascendente é de amedrontar. O economista Antônio Delfim Netto diz que após a desorganização do setor produtivo com a pandemia a inflação é como uma “batida de cabeça entre todos os setores, cuja reconstituição necessita da mão forte do governo para reorganizá-los”. Todavia, é esperar muito de um presidente como Bolsonaro, cujo alheamento com a pauta econômica é confessado como se fosse uma virtude. De outro lado, temos um ministro da economia, o irônico Paulo Guedes, que só aparece em momentos extremos para dizer que não pode fazer nada e sempre sai com uma frase de efeito cujo destinatário é ele mesmo. Resumindo: estamos ferrados!