Fuçando velhos guardados, deparei-me com revista, jogada a canto e saco, com foto de ex-vice-presidente na capa. Gente boa, séria e sem mácula em seu histórico militar, ou mesmo de vida.
A mensagem de chamada na capa era “Protetor do Garimpo”, ação a ele dirigida por haver me recebido junto a outros amigos, inclusive como aparece na foto exibida, ignorado, o também prefeito de então da cidade mineira Carangola. E ao que me recordo, ao assunto tratado, sequer fora Amazonia, que dirá garimpo.
Se mais um pouco pesquisasse, haveria de lá colocar em destaque, se coubesse, o inteiro exército nacional, uma vez que em em 24 de agosto de 1984, dia do soldado, tive a honra em ser homenageado por ele, Exército, em Manaus, com diploma e tudo como amigo da Força. E tenho para mim que Mourão sequer era Coronel.
Mas, foi bom encontrar este velho folhetim do Mino Carta, pelo menos lembrei que ao conhecê-lo lo em esquecido evento em São Paulo, teria dito a ele, que seria danoso às informações a sociedade, o fato de por motivos econômicos dispensarem grandes jornalistas opinativos, abrindo espaços tão somente a “foquinhas” repórteres que informavam com suas próprias emoções juvenis.
Outro águia da imprensa presente ouvindo o papo, intrujão, logo opina que o salário de um creditado e renomado jornalista daria para pagar de três a quatro principiantes divulgadores.
Mediante isso, calei-me, sem saber que logo em dias futuros, as pechas maldosas daqueles meios, recairiam sobre toda nossa atividade.
Memória puxa memória e essa, formidável. Outro vice-presidente e de carreira política tão brilhante quanto a do militar citado, Aureliano Chaves. Este um amigo, forjado nas rodas respeitáveis dos costumes mineiros.
Foi dele como ministro de Minas e Energia a criação do Conselho Superior de Minas daquele ministério, ao qual poucos compareciam, até que nos nomearam como participantes. A sala de reunião, por ele presidida, antes vazia, logo após, ninguém mais cabia. Todos os interesses buscando, educadamente se contraporem compareciam, mas intenções eram melhores.
De presidência de Petrobras, passando por muitos, á então, empresa pública Vale do Rio Doce, lá todos estavam.
Não havendo, entretanto, presidentes lobistas profissionais de instituto algum.
Sereno, mas com autoridade. O ministro mineiro cunhou a célebre frase que jamais esqueci:- “Quem não gostar de garimpeiros bom brasileiro não é, homens desta estirpe nos legaram a grande expansão do território Nacional e nos cabe ordená-lo e administrá-lo com justiça”.
Muito, todos juntos construímos. Éramos uma somatório de petroleiros, grandes mineradores, sonhadores escavadores de chão e tudo afim. O mais importante, foi o aplacar das diferenças e o estabelecimento de metas comuns ao interesse nacional.
Dali surgiu, até como proposta nossa, o pagamento de taxas para pedidos de licenciamentos para pesquisas minerais. Porém, esquecidos ficamos quanto ao quesito honestidade econômica e política, não cuidamos que tais fundos fossem dirigidos diretamente ao caixa da autarquia gerenciadora da área, então DNPM; para melhor comprimento de seu mister.
Assim, indo ao caixa da União de lá jamais ter saído para seus fins e quando não muito para “pagamento” de emendas ao Congresso numa permuta de favores e vontades do executivo. Valha-nos Deus, falta-nos decoro.
E a consequência está aí, centenas de milhares de processos licenciadores paralisados e acumulados, ainda que existindo, determinações constitucionais obrigatórias, jamais cumpridas pela administração do Estado. O que tem resultado em ações destruidoras de uma inteira atividade produtiva, levianamente alcunhada hoje, de ilegal e criminosa.
Criamos mesmo em nosso país, mentes realmente brilhantes inda um tanto delituosas, quanto a esparramarem e cavalgarem informações de fins unicamente ambiciosos.
Mas, como dizia Aureliano, “vocês descobrem e ocupam oceanos de ambicionadas riquezas, que muitos espertamente desejam, este é o preço. Se acautelem e lutem por elas, vale a pena”.
E bem claramente, a ninguém é dado o direito de se auto legalizar. Por prevaricações e omissões, somos todos taxados de “ilegais”, nos chegando ainda a alcunha de criminosos, antes de qualquer ato jurídico condenatório. Só mesmo bala e corrida de “puliça”, após ação destrutiva de nosso bens, antes de qualquer justo e honrado julgamento.
Quis o destino, essa uma colocação que sobrinho neto adora fazer quando se refere a mim, depois ainda falarei sobre ele, mas o meu destino levou-me, a ser apadrinhado por homem de elevada cultura e honradez. Bilac Pinto, inclusive responsável por meus caminhos em vida estudantil.
Mineiro de boa estirpe, de grande saber jurídico, deputado federal e finalmente Ministro do Supremo Tribunal federal. Ao seu redor em Minas ou Brasília, estávamos nós, seleto grupo de adesão, pela decência, seriedade, e amor a este país. Aureliano sempre presente, Tancredo, Rezek e tantos outros que faziam engrandecer por e através deles, minha presença.
Ainda estes dias, assisti, a um ministro dessa Casa a que honrou Bilac, anunciar escolhendo e determinando quem poder tem para criar impedimentos a suas vontades com cassação. Um claro acinte ao poder Senatorial brasileiro, a quem cabe indiscutivelmente esta ação, não somente a ele, mas até a aquele que os indica, o presidente da República.
Tenho para mim que a síndrome do poder adquirido lhe subiu a cabeça, regada por um bom vinho português.
Será mesmo que somos nós os grandes vilões nacionais, tão taxados de “criminosos indesejados” ou os safados são outros blindados por mantos de poder?
Ou a brasilidade é toda bandida…
BH/GV/Macapá 07/12/2025

