Queridos irmãos e irmãs em Cristo. “Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês! (2 Tessalonicenses 1.2)”
Meus amados irmão! Certa vez, um menino observava o pai tentar fazer uma ligação importante pelo telefone. Ele discava o número, esperava, e depois desligava, frustrado. Tentava de novo, e nada. Até que o menino, curioso, perguntou: — Pai, por que o senhor está tentando tanto, se não está funcionando? O pai respondeu: — É que estou tentando falar com alguém muito importante, e essa ligação precisa acontecer.
O menino, então, olhou para o telefone, e disse: — Mas pai, o fio está desligado! O pai olhou, surpreso, e viu que, de fato, o cabo estava fora da tomada. Por mais que soubesse o número, por mais que apertasse os botões certos, a ligação jamais aconteceria daquele jeito.
Assim também é a nossa vida de oração. Às vezes, tentamos “falar com Deus”, repetimos palavras, fazemos pedidos, mas algo parece desconectado. O fio da fé está solto, a confiança foi cortada, o relacionamento com Deus está distante, pois queremos que Deus atenda as nossas orações exatamente como nós planejamos.
Uma coisa é preciso que compreendamos e entendamos: “A oração não faz Deus mudar de ideia, mas muda quem ora”. Por isso é importante colocar-se debaixo da poderosa mão de Deus, reconhecendo que ele tem todo o domínio e que ele sempre quer nos dar o melhor.
O pedido dos discípulos a Jesus é sem dúvidas muito importante e oportuno. A resposta de Jesus foi clara, ensinando-os como orar. A oração ensinada por Jesus expõe a graciosidade de Deus em querer que seus filhos tenham o melhor. Começando pelo reconhecimento de que Deus é um Pai protetor, um Pai que faz de tudo para proteger os seus filhos. Jesus lhe ensina a dizer: “(2) … Pai, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. (3) Dá-nos cada dia o alimento que precisamos. (4) Perdoa os nossos pecados, pois nós também perdoamos todos os que nos ofendem. E não deixes que sejamos tentados. (Lucas 11.2-4)”. E por fim Jesus Ilustra com uma parábola que a perseverança na oração é como alguém que vai a casa de um amigo e, este amigo não zanga o outro, mas na sua persistência e franqueza acabará sendo atendido, assim Deus faz conosco.
A perseverança na oração e no falar irá clarear a nossa mente e instigará pedirmos o que realmente precisamos. Na oração e persistentes, somos conduzidos a um estado espiritual, à disposição da ação Divina. Vejamos como Abraão intercedeu por Sodoma, viu na sua oração a infinita compaixão de Deus. Também, Moisés quando na beira do Mar Vermelho na iminência de ser esmagado pelo exército do Faraó, ora e é atendido. Paulo, quando depois de maravilhado por ter visto o mais alto céu como ele mesmo diz em 2 Coríntios 12, recebeu um espinho na carne, mas como resposta ouviu: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco.” Tantos outros personagens, tanto bíblicos, como no decorrer da história humana. Quantas vezes nós oramos e já fomos atendidos? Creio piamente que todos nós em momentos distintos pedimos e tivemos a certeza de que fomos atendidos, ficamos maravilhados, embebidos de graça por termos sido, ouvidos por Deus. Do mesmo modo, quando não somos atendidos, também ficamos até mesmo espantados, e questionamos: Por qual motivo Deus não me atendeu? A resposta: Deus atendeu, nós que não prestamos atenção no seu agir. E quando não fomos atendidos, deveríamos nos perguntar: Será que pedi confiando? Ou fui como um menino que pede a Deus que o abençoe numa prova de matemática, mas gasta todo o tempo livre jogando vídeo game. Este exemplo é pertinente, pois queremos as bênçãos de Deus, mas não queremos envolvimento pessoal.
Como diz Tiago 2.17: “17Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta.” Ou seja, também entendo que isso também serve na oração, pois a vida cristã é um constante orar, e trabalhar, para que quando Deus nos responder os caminhos estejam aplainados. Ainda ouvimos, Tiago diz em Tiago 1.6-8: “(6) Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. (7) Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, (8) pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer.” O mesmo Apóstolo escreveu para entendermos que: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e façam oração uns pelos outros, para que vocês sejam curados. A oração de uma pessoa obediente a Deus tem muito poder. (Tiago 5.16).”
Tão logo, podemos afirmar que a oração é uma das expressões mais profundas da fé cristã. É pela oração que falamos com Deus, apresentamos nossas angústias, agradecimentos, súplicas e intercessões. No entanto, orar nem sempre é fácil. Muitas vezes nos sentimos fracos, sem palavras, e até desanimados diante do silêncio de Deus. Por isso, o pedido dos discípulos em Lucas 11 ecoa em nossos corações: “Senhor, ensina-nos a orar!” Então vamos juntos dizer: “Senhor, ensina-nos a orar!”
Nos textos bíblicos de hoje, Salmo 138; Gênesis 18.17-33; Colossenses 2.6-19; Lucas 11.1-13, somos conduzidos por um caminho que nos mostra que a oração é, antes de tudo, um ato de fé no Deus vivo, um Deus que ouve, que age, e que nos convida a viver em comunhão com Ele. Vemos a coragem de Abraão em interceder por Sodoma; a confiança do salmista em meio às tribulações; o chamado de Paulo para permanecermos firmes em Cristo, que é a encarnação do próprio Deus e por quem temos pleno acesso a Deus; e, por fim, as palavras do próprio Salvador nos ensinando como e por que devemos orar.
Pois como podemos observar que o salmista Davi, declara em confiança a Deus, pois sempre foi atendido e suprido em tudo. Deus nunca lhe deixou faltar, tanto as bênçãos, quanto as correções. Os puxões de orelhas para que o seu filho, o rei Davi não se afastasse do Pai. Ele declara agradecido a Deus: “Ó Senhor Deus, eu te agradeço de todo o coração; diante de todos os deuses eu canto hinos de louvor a ti. (Salmo 138.1)” Nesta declaração de Davi, observamos que a fé do salmista não está em um Deus distante, indiferente, mas em um Deus presente, que se “interessas pelos humildes,” (v. 6) e fortalece o coração aflito. Mesmo no meio das tribulações, o salmista reconhece a bondade de Deus: “Quando estou cercado de perigos, tu me dás segurança. (Salmo 138.7)”
Também é preciso que reconheçamos que somos tomados por angústias e preocupações! Mas, a oração nos reconecta com esta verdade: Deus está atento. Ele ouve nossas súplicas. E mesmo quando não vemos de imediato a resposta, a fé nos sustenta. A oração, então, não é uma mágica para mudar as circunstâncias segundo nossa vontade, mas uma confiança humilde no Deus que nos sustenta com a sua graça.
Essa confiança, Abraão que conforme o registro de Gênesis 18 nos apresenta na oração em favor de Sodoma. Abraão, movido por um coração compassivo, clama por misericórdia. Abraão se aproxima de Deus. Com humildade, mas também com ousadia, ele diz: “— Perdoa o meu atrevimento de continuar falando contigo, pois tu és o Senhor, e eu sou um simples mortal. (Gênesis 18.27)” E assim ele vai, passo a passo, rogando que Deus poupe a cidade se houver cinquenta, quarenta e cinco, quarenta… até chegar a dez justos. Assim já temos 2 belos exemplos a ser seguidos.
A oração de intercessão é expressão do amor ao próximo. Orar por alguém é levar diante de Deus a dor, a necessidade, a injustiça que essa pessoa vive. Assim como Abraão, somos chamados a ser intercessores — pelos nossos familiares, por nossa cidade, pela Igreja, pelo mundo. Contudo: Deus deseja a salvação e não a destruição. Ele escuta a intercessão do justo. Este episódio antecipa o ministério do próprio Cristo, o justo por excelência, que intercede por nós diante do Pai.
Por sua vez quando lemos a Epístola de Paulo aos colossenses, somos ensinados que a vida cristã é cheia de desafios e que viver sem a comunhão com Cristo além de arriscado facilmente seremos alvos de falsos mestres, que irão colocar sobre nós regras e mais regras tirando a liberdade que Cristo dá. O princípio é Cristo: O Alfa e Ômega. O apóstolo Paulo em Colossenses aponta para Cristo como fundamento. “(6) … já que vocês aceitaram Cristo Jesus como Senhor, vivam unidos com ele. (7) Estejam enraizados nele, construam a sua vida sobre ele e se tornem mais fortes na fé, como foi ensinado a vocês. E deem sempre graças a Deus. (8) Tenham cuidado para que ninguém os torne escravos por meio de argumentos sem valor, que vêm da sabedoria humana..” Neste sentido, cabe lembrar que a oração cristã só é possível porque estamos enraizados em Cristo. Ele é o mediador. É nele que temos acesso livre ao Pai.
Paulo lembra aos colossenses que, “em Cristo, como ser humano, está presente toda a natureza de Deus. (Colossenses 2.9)” e que, por meio de sua cruz, Ele nos deu vida, perdoou nossos pecados, e livrou da prisão eterna e nos livrou dos poderes das trevas. A oração, portanto, não é um esforço humano para alcançar o céu, mas um dom da graça de Deus em Cristo que nos abre o caminho até Ele. Para vivermos em comunhão.
Contudo, podemos afirmar que: – A oração fortalece a fé, aprofunda a comunhão com Deus e nos ensina a depender d’Ele. Como dizia Lutero: a oração é “a respiração do cristão” – essencial, contínua, mas não conferidora de graça em si. Neste sentido cremos e ensinamos que a oração é: Resposta de fé, comunhão e pedido. Sendo assim podemos dizer que o ato de orar do cristão é uma clara expressão de que a Palavra de Deus habita em nós e assim, o Espírito Santo nos move a dizer: Aba Pai, com plena e infinita confiança no socorro presente. E por essa aproximação, e intimidade com Deus seremos ensinados pelo Evangelho a fugir dos falsos ensinos e mestres dos quais o Apóstolo Paulo nos alerta na sua carta aos Colossenses.
Por sua vez, a oração é um caminho maravilhoso de conversa íntima de um filho com Deus. O próprio Jesus ao ouvir “Senhor, ensina-nos a orar.” Não apenas dá dicas, mas ele ensina a oração do Pai-Nosso que é uma oração, simples, mas profunda e completa. Oração esta que revela o coração gracioso de Deus e a sua mensagem, mediante a vida e obra de Jesus Cristo, nosso Salvador. A oração do Pai nosso, expressa tudo a Deus: o louvor, súplica, confissão, intercessão.
Jesus ensina que ao orarmos devemos ser persistentes e confiantes. Persistentes, pois pela fé que, Deus tem como nos atender e confiantes de que somente Deus, pode nos atender. Também, Ele não irá nos enviar embora sem resposta. Por isso Jesus contou uma parábola sobre a persistência na oração. E conclui a Parábola: “peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate. (Lucas 11.9-10).”
Por isso queridos irmãos: A oração é o respirar da alma. Ela não precisa de palavras rebuscadas, nem de posturas específicas. Precisa de fé. Fé no Deus que nos criou, que nos salvou por meio de Cristo, e que derramou sobre nós o Espírito Santo. Então, quando você estiver aflito, ore. Quando estiver alegre, ore. Quando não souber o que dizer, simplesmente diga: “Pai nosso…”. Pois o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E o Pai nos ouve, porque estamos unidos ao Filho.
Que o nosso pedido constante seja: “Senhor, ensina-nos a orar!” E Ele, por sua graça, continuará a nos ensinar. Amém!
“SENHOR, ENSINA-NOS A ORAR!“

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique