Felizes os felizes.
Os que nos contagiam com gargalhadas solenes,
com silêncios frenéticos em seus gestos sisudos
a desbravar os mundos floridos nas frestas dos instantes dispersos,
levando-nos até os canais submersos das verdades contidas
no inconsciente manifesto nos vãos das milenares corridas.
Felizes os felizes
Os que não usam cabrestos ou qualquer outro arreamento.
Os que não vestem antolhos seja de qual for freguesia ou montaria.
Os que seguem afoitos, leves e soltos, ao ritmo das ventanias.
Os que saltam das ribanceiras para mergulhar na limpidez das cabeceiras,
nascentes dos cursos d’água entre musgos e pedras
ou no gargalo sibilante, retumbante, de alguma cachoeira.
Felizes os que nos deixam lembranças de sorrisos, risos,
da gentileza de abraços em horas de dores ou de festas.
Aqueles que nos fitam com os olhos, nos veem com a alma e
eternizam tal visagem no infinito das dimensões de onde vêm.
Sim, felizes os felizes.
Quando a noite é longa, breve é o dia.
Quando o dia é comprido a escuridão se arrepia.
Navego com a Lua tendo as estrelas como guias.